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Ele está de volta: Adam Neumann levanta US$ 70 mi para nova empreitada

O ex-CEO da WeWork agora está na Flowcarbon, startup de créditos de carbono tokenizados no blockchain

Homem de óculos vestindo terno, jogando notas de dinheiro em direção a um desenho de árvore - Startups

Adivinha doutor, quem está de volta na praça? Ele mesmo, o megalomaníaco fundador e ex-CEO da WeWork. Adam Neumann está novamente levantando rodadas de investimento, desta vez com sua nova startup, a Flowcarbon.

Com a proposta de vender créditos de carbono tokenizados no blockchain, a empresa levantou US$ 70 milhões em um aporte liderado pela a16z, divisão de cripto do fundo Andreesen Horowitz. Divulgado em nota no próprio site da empresa de Neumann, o aporte é proveniente de uma combinação de investimento equity tradicional e uma venda de tokens.

De acordo com a nota da Flowcarbon, outros nomes conhecidos entraram na rodada de participação (que rendeu US$ 32 milhões), como General Catalyst, Samsung Next, 166 2nd, Sam and Ashley Levinson, RSE Ventures e Allegory Labs. Já na parte de venda de tokens (com um valor total de US$ 38 milhões), participaram Fifth Wall, Box Group e Celo Foundation.

A Flowcarbon vende tokens baseados na rede blockchain da Celo, com o chamativo nome de Goddess Nature Token (Token da Deusa Natureza, na tradução, e GNT na sigla). Neumann e sua esposa Rebekah estão entre os cofundadores, juntamente com Caroline Klatt, Ilan Stern e o CEO Dana Gibber.

Apesar do release do aporte da Flowcarbon não focar muito no casal Neumann (o foco fica no CEO Gibber), só de ver o nome do token já dá pra relacionar com o histórico excêntrico da dupla à frente da WeWork. Entre 2013 a 2018, a empresa esteve entre as empresas mais badaladas do mundo, empolgando grandes investidores. Neste rol está o CEO da SoftBank, Masayoshi Son, que colocou US$ 5 bilhões na empresa cuja proposta era “mudar a mentalidade do mundo” – sendo que a WeWork era, essencialmente, uma empresa de espaços de coworking.

Porém, a festa não durou muito. Depois de ser avaliada em US$ 46 bilhões, a empresa despencou em valor às vésperas de sua oferta pública de ações (IPO), em meio à publicação decepcionante de documentos sobre o negócio, e a descoberta de práticas internas pouco confiáveis. Por exemplo, Neumann utilizou créditos pessoais para comprar imóveis, alugando-os em seguida para a WeWork, embolsando os valores dos contratos.

Em meio à má publicidade, no final de 2019 Neumann foi removido do cargo de CEO, levando um cheque de US$ 1,7 bilhão do Softbank para sair do negócio. Atualmente a empresa vale US$ 9 bilhões. A trajetória de Neumann chegou a render um seriado lançado este ano (WeCrashed).

O que são esses tokens?

Apesar do histórico empreendedor do casal Neumann, analistas afirmam que o cenário de atuação da Flowcarbon é promissor. Segundo os especialistas, estes tokens garantem mais liquidez e confiabilidade aos projetos que desejam utilizar estes créditos. Recentemente a Ripple, um nome relevante no mercado cripto, anunciou que pretende investir cerca de US$ 100 milhões em startups atuando nesta frente.

A empresa está atuando num mercado disputado, em meio à uma onda chamada de Finanças Regenerativas (ReFi), em que startups estão empregando o blockchain para endereçar desafios ambientais. Projetos como Toucan, Regen, Moss e KilmaDao também trabalham com o conceito de créditos de carbono baseado em criptoativos.

No caso da Flowcarbon, os créditos contidos nos GNTs são pré-certificados por entidades como Verra, Gold Standard, Climate Action Reserve e American Carbon Registry. Os emissores do créditos pagam à startup uma taxa de 2% pela tokenização no blockchain. O valor é inferior ao modelo tradicional de geração de créditos, que pode custar até 30% do preço de venda. Segundo a empresa, o crédito também pode ser isolado do token para ser vendido fora do blockchain.

Atualmente a Flowcarbon está com uma venda privada de tokens em seu site, e abriu uma lista de registro para uma venda pública de Goddess Nature Tokens.