O Glorify, app que permite que cristãos façam reflexões, meditações guiadas, orações e leituras de passagens da Bíblia, fechou o seu 2º aporte em 3 meses – uma série B de US$ 40 milhões do SoftBank Latin America Fund.
A rodada acontece apenas 3 meses depois da série A, de mesmo valor, liderada por Andreessen Horowitz, com participações do gigante japonês e K5Global. No total, a startup britânica soma US$ 84,6 milhões de capital levantado desde a sua fundação, em 2019.
“Muita coisa mudou desde o último aporte, em dezembro. Parece que estamos em um incrível foguete. Os números ficaram cada vez melhores em termos de engajamento e o impacto na vida das pessoas se manteve consistente desde o início”, afirma Edward Beccle, cofundador do Glorify, em entrevista ao Startups.
Cumprindo a meta de 2021, a companhia fechou o ano com mais de 2 milhões de downloads no Brasil, onde começou a operar em janeiro do ano passado. Segundo o empreendedor, só nos últimos 30 dias, 600 mil novas contas foram cadastradas na plataforma. Para 2022, a projeção nacional é chegar na marca dos 10 milhões.
Rodada e use of proceeds
“A razão pela qual startups levantam dinheiro, especialmente quando estão começando, é para provar alguma coisa ao mercado”, afirma Edward. No caso do Glorify, o foco dos últimos 4 meses era mostrar a retenção dos usuários e o quão compartilhável e viral o app poderia se tornar.
“Os números comprovaram isso rapidamente, o que aumentou o interesse dos fundos em todo o mundo”, explica o executivo, acrescentando que a Série B foi estruturada por um interesse dos investidores. “Não estávamos procurando um novo aporte, mas eles ofereceram. Decidimos captar mais dinheiro para provar outros fatores”, completa.
Dessa vez, o objetivo é mostrar que a startup pode ter “dezenas de milhões de pessoas usando o Glorify ativamente e transformando suas vidas por meio do app”. Edward e o cofundador Henry Costa esperam construir uma comunidade de cristãos que torne o aplicativo cada vez mais social e compartilhável, atraindo novos usuários organicamente.
Para isso, parte do dinheiro será usada para lançar novos recursos que permitam que as pessoas gravem e compartilhem orações com familiares e amigos, oferecendo uma experiência inovadora aos cristãos do mundo todo. A companhia dará sequência à expansão da equipe na América Latina, Europa e nos Estados Unidos.
Na ocasião da última rodada, Edward havia explicado ao Startups que que não há uma meta de contratações a serem feitas, já que a startup está muito mais preocupada em ter os colaboradores mais qualificados do mercado do que em fazer as contratações simplesmente para preencher os assentos da mesa.
Impacto social
Com o novo cheque, a startup também planeja desenvolver novos conteúdos de qualidade do sono, ansiedade, depressão e luto. “A nossa série B chega em um momento em que as coisas não vão bem no mundo”, afirma Edward, citando a pandemia, economia macroeconômica e a guerra entre Rússia e Ucrânia como exemplos.
“É um período muito triste e difícil, que acontece ao mesmo tempo em que o SoftBank faz essa aposta super otimista no Glorify, – mais um ótimo sinal para o ecossistema de tecnologia, porque tem muito dinheiro sobrando”, pontua o empreendedor. “A prioridade do Glorify é o propósito; e o lucro vem depois. Sinto que os maiores investidores do mundo serão aqueles que fazem a mesma coisa – empresas que gerem um impacto grande e positivo no mundo.”
A missão da Glorify é ajudar cristãos em todo o mundo a se conectarem com Deus, facilitando a rotina de adoração e promovendo o bem-estar dos usuários em um momento em que as pessoas estão cada vez mais recorrendo a soluções religiosas tecnológicas para encontrar acolhimento.
Para apoiar esse propósito, a startup criou um programa de incentivo no qual oferece gratuitamente a inscrição do plano premium para os membros da comunidade que não podem pagar ou estão passando por dificuldades financeiras.
“Não quero viver atrás do paywall. Temos que atrair pessoas e ajudá-las a se conectar com Deus. É óbvio que, como um negócio, é importante monetizarmos, e acredito que exista um potencial para sermos uma empresa bilionária. Mas não quero privar quem não pode pagar pelo produto”, argumenta Edward.
O empreendedor pretende aumentar o leque de produtos gratuitos da plataforma e criar novos mecanismos para os usuários acessarem o plano premium gratuitamente. Algo na linha do ‘se você compartilhar o app com 5 amigos, ganha o acesso completo por alguns meses’ – uma forma de fazer com que os usuários divulguem a ferramenta e desfrutem dos serviços oferecidos. “O coração da nossa fé é o companheirismo. Sinto que [o que estamos fazendo] é um bom alinhamento de mensagens”, diz Edward.
Perfil dos usuários
O Glorify fez um levantamento entre seus usuários, examinando o bem-estar, a conexão com a religião e as expectativas de sua audiência para 2022. A pesquisa, que contou com mais de 1.000 participantes com idades entre 19 e 65 anos, nos Estados Unidos, Reino Unido e América Latina, revela que 50% dos entrevistados estão preocupados com sua saúde mental e física, conflitos globais, finanças e trabalho, e apreensivos com a incerteza geral do que está por vir.
Segundo a pesquisa, 64% dos participantes planejam recorrer à oração e à meditação, em vez de exercícios, para ajudá-los a administrar a ansiedade em relação a esses problemas. Cerca de 1/3 afirmou que estabelecer um tempo diário de oração é uma das principais prioridades do ano – acima de seu trabalho/carreira e de passar tempo com amigos e familiares.
A tecnologia desempenhou um papel importante em sua experiência religiosa no ano passado, de acordo com o levantamento: 35% frequentaram a igreja de forma online e 53% começaram a usar tecnologia, como aplicativos e ferramentas, para viabilizar seu tempo a sós com Deus.