No mercado há apenas 8 meses, a Ahead Ventures, gestora de fundos de corporate venture capital, alcançou cerca de R$ 2 bilhões de capital comprometido – mais do que a meta prevista para 2024. Com exclusividade ao Startups, a companhia revelou que acaba de iniciar as operações no Vale do Silício e prepara uma expansão para a Colômbia ainda este ano.
Embora seja uma empresa jovem, a Ahead não é novata no mundo do CVC. A gestora nasceu como uma joint venture entre a gestora de corporate venture Portcapital, a consultoria Elogroup e o Banco Fator. “Percebemos que as empresas precisam de um concierge de CVC. Juntamos nossas experiências para criar uma gestora que tem coração de consultoria”, afirma Sandro Valeri, sócio-fundador e managing partner da Ahead Ventures.
O executivo foi o responsável pela criação do braço de inovação da Embraer, a EmbraerX, em Boston e no Vale do Silício. Para fundar Ahead, ele se juntou a João Lopes, presidente do Banco Fator, e Rafael Clemente, diretor-executivo da EloGroup. Com esse legado, a gestora estreia com um track record de R$ 230 milhões de investimentos via venture capital e corporate venture dos sócio-fundadores.
Pelo histórico e a expertise do time, Sandro acreditava no potencial do projeto, mas não imaginava que o negócio fosse crescer tão rápido. A companhia já tem 7 clientes em seu portfólio: Renner, Marfrig, Vivo, Embraer e outros 3 cujos nomes ainda não foram divulgados, mas que atuam nos segmentos de finanças, cimento e papel e celulose.
Personalização e flexibilidade
“Buscamos empresas que lideram o setor em que estão inseridas. Corporações com quem possamos inovar de verdade e que estejam interessadas em fazer o CVC como estratégia de criação de futuro”, explica Sandro. Segundo o executivo, a Ahead se diferencia pela proximidade que cria com os clientes: cada um tem o apoio de um squad 100% dedicado para seus negócios.
“Tenho que ser próximo dos clientes para conhecer suas estratégias. Só assim consigo conectá-lo a uma startup que faça sentido para a operação”, pontua. Com projetos 100% personalizados, a gestora trabalha desde a criação dos objetivos estratégicos ao plano de geração de valor. O fio condutor é o mesmo: encontrar bons parceiros, escolher o melhor deal e fazer investimentos que beneficiem a corporação e a startup. Mas os mecanismos variam.
A abordagem inclui fundos de investimento em participações (FIPs), sociedade de propósito específico (SPE) e veículos offshore. A gestora também pode atuar como parceira no dia a dia das empresas na modalidade CVC as a Service, gerenciando o deal flow do início ao fim com foco no desenvolvimento de startups e na alavancagem estratégica entre elas e as corporações. “Tem de tudo, porque cada cliente é de um jeito e precisa de uma solução. A Ahead Ventures foi se adaptando para cada caso e acho que essa é a razão pela qual conseguimos crescer exponencialmente”, argumenta Sandro.
O executivo ressalta a importância de ter uma equipe qualificada para o crescimento da gestora. Para criar a Ahead Ventures, os fundadores incorporaram todo o time de venture capital da PortCapital. Além disso, a companhia tem à disposição um banco de mais de 600 talentos da EloGroup, que já possuem a competência técnica de consultoria para empresas em todas as etapas do deal flow.
“São consultores com anos de experiência. Criamos uma trilha de treinamento interna e conforme eles avançam, os trazemos para a Ahead”, explica Sandro. Hoje a gestora tem 13 colaboradores, mas o time deve chegar a 20 pessoas nos próximos meses para dar conta do aumento da demanda.
Internacionalização
Depois de bater a meta de 2024 em apenas alguns meses, o desafio da Ahead Ventures como gestora de CVC é que não tem muito mais espaço para crescer no Brasil. Segundo Sandro, a companhia não pode ter mais de um cliente em cada segmento de mercado para não criar conflitos de interesse. Se está no Varejo, o cliente é só a Renner. Em telecomunicações, só a Vivo. E por aí vai.
A estratégia será avançar para outros países. “Os desafios das empresas para fazer corporate venture são os mesmos em qualquer lugar”, afirma o executivo, com base em sua experiência nos Estados Unidos na época que trabalhava para a Embraer. “A Ahead vai se internacionalizar, porque lá fora podemos montar times locais independentes da operação brasileiras e apoiar empresas de outros países.”
A companhia já tem um funcionário trabalhando no Vale do Silício e espera abrir um escritório por lá em breve para acompanhar startups e investidores de perto. Ainda este ano deve ser lançada uma operação na Colômbia para atender a América Latina espanhola, com principalmente com foco em Colômbia, México, Argentina e Chile.
Sem dar muitos detalhes, Sandro afirma que o primeiro deal estruturado pela Ahead Ventures deve ser anunciado nos próximos 15 dias. A gestora tem outras 4 rodadas em negociação, sem um prazo de quando devem ser concluídas. Nos próximos 8 e 10 meses a companhia deve captar mais R$ 500 milhões. “Esse é um jogo de longo prazo. Nossa preocupação agora é estabilizar nossa estrutura. Montar um time forte, fazer deals com qualidade e integrar as startups”, conclui Sandro.