Negócios

Empreender nas favelas: 76% dos moradores têm ou querem ter um negócio

Pesquisa do Data Favela mostra que conseguir investimento é a principal dificuldade para 40% deles

Foto de um favela com casas sobre um morro - Startups

Você sabia que o empreendedorismo é um dos principais motores da potência nas favelas do país? Dos 17,1 milhões de moradores das mais de 13 mil favelas espalhadas pelo Brasil, pelo menos 6 milhões sonham em empreender. 

Dos 76% dos moradores de favela que têm um negócio próprio, já tiveram ou querem ter, 50% deles se consideram empreendedores. Considerando os que já abriram um negócio próprio, 57% o fizeram por falta de outras alternativas de renda. 

Apesar de ser algo normal, ter um empreendimento não é nada fácil para quem vive em uma comunidade. É o que mostra pesquisa do Data Favela divulgada no último fim de semana em São Paulo, durante a Expo Favela, feira de negócios liderada pelo empresário Celso Athayde, fundador da Central Única das Favelas (CUFA)

Não bastasse terem de viver em situações precárias de moradia, saneamento básico e segurança, a população que mora em favelas também enfrenta desafios quando o assunto é empreender. Falta investimento e apoio. 

Segundo a pesquisa, conseguir capital para investir no próprio negócio é a principal dificuldade para 40% dos respondentes. Em seguida estão a falta de equipamentos adequados ou suficientes, fazer a gestão financeira do negócio, entre outros desafios.

Dados da pesquisa realizada pelo Data Favela em uma tabela - Startups
Dados da pesquisa realizada pelo Data Favela

Startups da favela

Para ajudar a reverter esse quadro e alavancar o empreendedorismo nas favelas, Celso Athayde lançou em fevereiro o Favelas Fundos, veículo com target inicial de R$ 50 milhões como parte de uma estratégia para acelerar o desenvolvimento de negócios de base tecnológica nascidos na favela. O fundo de venture capital deve apoiar startups de diversas áreas de atuação e níveis de maturidade com capital e capacitação. 

“Muitos querem investir [em negócios da favela] e não sabem como. Nosso fundo se posiciona como uma interface entre os fundos e as oportunidades”, diz Celso, argumentando que fundos precisam posicionar as pessoas destes territórios como protagonistas no processo de desenvolvimento tecnológico.

“Esperamos que os grandes fundos e empreendedores, entendam que existem muitos negócios interessantes na favela, que existe um lugar estruturado para que estes negócios sejam apresentados e recebam investimentos, gerando mais prosperidade – tanto para a favela quanto para quem nela investe,” afirma o empresário. “Se você quer mudar as coisas, gerar valor, criar novas oportunidades e construir um equilíbrio entre as relações universais, precisa correr alguns riscos”.