Para a Groner, ser uma solução de nicho compensou de forma expressiva. Ao criar seu CRM dedicado ao mercado de energia solar, a companhia curitibana viu sua operação crescer de forma acelerada em menos de um ano. Após lançar seu SaaS no começo de 2024, a companhia já atingiu a marca de 400 clientes, alcançou o breakeven e deve fechar o ano com uma receita recorrente anual (ARR) de R$ 6 milhões.
Fundada em Curitiba, a Groner nasceu da experiência da fundadora Beatriz Macchi como profissional de marketing, atendendo diversas empresas do mercado de energia renovável. A partir disso, ela começou a atender diferentes demandas dos clientes, das quais surgiam diferentes aplicações.
“No ano passado, porém, vi que tinha diversas aplicações espalhadas em diferentes clientes. Foi só então que vimos isso como features e constatamos que tínhamos uma plataforma de CRM nas mãos”, explica Beatriz, CEO da empresa, em conversa com o Startups.
Segundo a CEO, a plataforma da Groner não é apenas um CRM: é uma solução vertical que integra funcionalidades para distribuidoras e integradores solares, desde o gerenciamento de pedidos até a criação de propostas automatizadas.
A partir desse momento “Eureka”, a Groner começou a tomar forma, até que a primeira versão do seu SaaS CRM foi lançada em janeiro deste ano. Com várias conexões já estabelecidas no mercado, a companhia nasceu com cerca de 30 clientes utilizando o software.
Entretanto, a companhia acelerou de forma agressiva, com uma estratégia de marketing que fez a receita recorrente mensal saltar de R$ 120 mil para R$ 1,5 milhão em seis meses. Nesse embalo, ela conquistou contas grandes como BYD, Fortlev e Weg, que apostaram no SaaS da Groner para as estratégias de CRM em suas divisões de energia solar.
“Nosso foco principal está nas integradoras, aqueles que compram e instalam os sistemas para o cliente final, mas também chamamos a atenção das distribuidoras. Elas se interessaram na nossa solução para ter uma visão mais próxima dos pedidos, e não apenas contabilizá-los no ERP”, pontua a CEO.
Atualmente, a Groner opera com três planos de assinatura: Essential, Business e Corporate. O plano Essential representa 50% da base de clientes, atendendo empresas em fase inicial de crescimento. Já os planos Business e Corporate abrangem, respectivamente, 20% e 30% dos clientes.
“Em pouco tempo, conseguimos brigar de igual para igual com soluções maiorem, porém mais genéricas que também estão de olho nesse segmento, como a Pipedrive“, ressalta Rodrigo Scheliga, CRO da Groner.
Rodrigo chegou em março deste ano e é um dos responsáveis pela estratégia de crescimento da operação. Na bagagem, Rodrigo trouxe sua experiência em nomes conhecidos como Terra e Falconi.
Segundo o CRO, o plano da Groner é manter a “fome” em 2025, inclusive com metas ainda mais ambiciosas, como triplicar o ARR alcançado este ano e internacionalizar o negócio. Para isso, está nos planos buscar investimentos.
Próximos passos
Até o momento, a Groner tem operado 100% no bootstrap, e o breakeven conquistado ainda no meio do ano ajudou nos planos de crescimento para 2024. Entretanto, para alçar voos mais altos a partir de 2025, a startup já está sentando à mesa com representantes de fundos.
Conforme destaca Rodrigo, a ideia é levantar um cheque de US$ 1 milhão a US$ 1,5 milhão – isso ainda no primeiro trimestre do ano que vem. Com os recursos, o plano é reforçar o produto, aumentando o leque de soluções para empresas do setor de energia solar.
Conforme destaca Rodrigo, o potencial de crescimento é enorme: estima-se que existam 26 mil empresas atuando neste mercado no Brasil, e a Groner atende apenas 500. “Se conquistarmos 15% desse mercado, alcançaremos um ARR de R$ 70 milhões,” projeta o CRO.
Além disso, de acordo com Beatriz, o investimento na evolução do produto também servirá para competir com soluções de nível global, já que a companhia espera abrir as primeiras portas no mercado internacional. “Inclusive, estamos conversando com fundos de fora para facilitar essa transição”, completa a CEO.
Segundo Rodrigo, a empresa não quer demorar muito para entrar no mercado norte-americano. Com o aporte chegando no primeiro trimestre, o objetivo é partir para o go-to-market no segundo trimestre e ver os primeiros resultados da metade para o fim do ano. Dos R$ 18 milhões de receita esperados para o ano que vem, cerca de R$ 8 milhões devem vir dos esforços nos EUA.
“No Estados Unidos, o mercado solar está em crescimento exponencial e já passa dos US$ 240 bilhões – e muitas empresas recorrem ao Salesforce e Hubspot como CRM. Como uma solução dedicada para esta vertical, acreditamos que podemos conquistar rapidamente um market share considerável”, finaliza Rodrigo.