Sediada em Madrid, na Espanha, a gestora global de venture capital Mundi Ventures está lançando um novo fundo, que pela primeira vez terá como foco o Brasil e a América Latina. A especialização, assim como nos demais veículos de investimento da casa, é no segmento de seguros e áreas que estão relacionadas a esse mercado, como fintechs, healthtechs, SaaS, entre outras.
“Por estar próximo dos players tradicionais do setor de seguros, a gente acredita que nos próximos 10 a 15 anos vão haver muitas mudanças onde a tecnologia vai ser o principal pilar desse mercado. Temos uma relação boa com outros fundos na América Latina que acabam sendo mais generalistas, e queremos trazer esse nosso foco para a região”, afirma Rafaela Andrade, partner e head de América Latina na Mundi Ventures.
Entre seus LPs, a Mundi tem seguradoras como a espanhola Mapfre, a italiana Generali Seguros, a francesa Abeille Assurances, além de outros players internacionais. Já o Fundo 6, especificamente, tem entre seus investidores a agência de fomento espanhola Cofides (Compañía Española de Financiación del Desarrollo), o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), além de uma seguradora europeia.
Nos cinco fundos anteriores, o investimento foi praticamente todo na Europa, já que é lá onde está a maior parte dos LPs. No entanto, a gestora chegou a fazer um aporte na brasileira Sami Saúde, com o seu Fundo 5, no final do ano passado. A startup levantou R$ 60 milhões em uma extensão da Série B, liderada pela Mundi e pelo banco StoneX, além de outros investidores.
A ideia é que o Fundo 6 esteja ativo em março deste ano, segundo Rafaela, e que tenha um portfólio de 15 a 18 empresas até 2028. Com esse veículo, o investimento será mais early-stage, da Série A à Série B, com cheques de US$ 3 milhões a US$ 5 milhões.
“Estamos olhando muito para as subverticais de seguros. Qualquer tipo de coisa que pode ser protegida e onde seja possível usar tecnologia para desenhar produtos para atender a necessidades reais. Existem muitas similaridades entre os setores no Brasil e América Latina, e é importante que a startup tenha uma proposta de valor que possa ser expandida para outros mercados nessas regiões”, explica Rafaela.
À frente do Fundo 6 junto com Moisés Sánchez, sócio-fundador da Mundi Ventures, Rafaela tem um currículo variado, tendo servido durante anos na Força Aérea Brasileira e trabalhado por uma década no setor de serviços financeiros, além de ter atuado como CFO do QuintoAndar durante o estágio de growth da companhia. Agora, ela pretende estreitar a relação do mercado brasileiro e latino-americano com a Europa.
Para isso, a gestora irá abrir um escritório em Miami, região que permite estar próximo da América Latina, mas em um fuso horário menos distante dos escritórios de Madrid e Barcelona. Segundo Rafaela, o Brasil terá um papel de destaque na atuação da Mundi na região, tanto pelo seu tamanho, quanto características de mercado.
“O Brasil representa uma parte relevante da região, com um terço dos habitantes, e em termos de penetração, tem uma avenida de coisas para fazer. Além disso, o país está à frente de outros mercados em bancarização, digitalização, o que acabam sendo características prósperas”, afirma.