Às vezes, os rumos que as disrupções do mercado tomam podem até assustar. Tipo a Primeval Foods, que anunciou que está prestes a lançar no mercado uma linha de carnes exóticas desenvolvidas em laboratório. Com opções como bife de tigre, a empresa quer oferecer ao consumidor uma refeição diferente sem a “culpa” de alguém ser responsável pela morte de animais.
Segundo reportado pelo Futurism, o plano da startup norte-americana é aproveitar a crescente onda das carnes cultivadas em laboratório – vide o sucesso de nomes como Impossible Foods e Beyond Meat – e levar isso a um novo nível.
Com isso, entram em cena iguarias como carne de Tigre Siberiano, Tigre de Bengala, Pantera Negra, além das opções de tigre tradicional, leão, zebra e elefante.
De acordo com a Primeval, todos estes produtos chegarão às gôndolas dos supermercados em breve – não que a maioria de nós tenha muita ideia de como é o sabor de qualquer uma destas carnes, mas se eles disseram, está dito.
A quem a carne de tigre pode interessar
Aliás, a startup está justamente de olho no público curioso, mas que não quer estar ligado a nenhum tipo de crueldade animal. Segundo a empresa, animais vivos são usados de forma bastante controlada para a criação dos produtos. “Selecionamos uma amostra pequena de tecido de espécimes selvagens saudáveis, enquanto eles continuam sua vida normalmente”, diz a empresa.
Quanto ao sabor, o pitch da Primeval é que os felinos selvagens possuem um “perfil protéico e de aminoácidos único”, enquanto a carne de elefante possui “mais gordura intramuscular, o que confere uma experiência e umami excepcional”. Enfim, é como já afirmamos: se é o que eles dizem, está dito.
Carnes artificiais em alta
À medida que o mercado de carnes criadas em laboratório está cada vez mais popular, empresas estão começando a expandir suas ideias pra manter a bola rolando e também conquistar novos adeptos. Um pouco menos ousadas que a Primeval, startups como a Orbillion estão desenvolvendo carnes de caça como alce ou búfalo, ou cortes premium de gado como wagyu para o mercado.
Até mesmo o Brasil está animado para entrar neste segmento. Segundo uma matéria publicada aqui no Startups, nosso país tem grande potencial para se tornar um líder global na indústria de proteínas alternativas.
De acordo com Gustavo Guadagnini, diretor executivo da GFI Brasil – The Good Food Institute, entidade que trabalha pela inovação no setor alimentício, com foco em carne limpa e opções vegetais aos produtos de origem animal. O especialista lembra que, embora o país tenha entrado atrasado neste setor – em 2019, 11 anos após os Estados Unidos e a Europa – as empresas instaladas por aqui, como a Fazenda Futuro e The New Butchers já exportam para mais de 25 países.
A estimativa é que a carne celular representará pouco mais de um terço (35%) do mercado mundial de carne em 2040, projetado para chegar a US$ 1,8 trilhão. Um percentual próximo aos 40% da carne convencional. A opção vegetal responderá pelos 25% restantes. A corrida entre os players já começou – agora resta saber em que lugar vamos chegar.