Gustavo Moussalli, VP da NetSuite para a América Latina | Foto: divulgação
Gustavo Moussalli, VP da NetSuite para a América Latina | Foto: divulgação

Na crescente competição dos sistemas de gestão para pequenas e médias empresas, a NetSuite sabe bem o lugar que deseja ocupar. Enquanto nomes como Omie, Conta Simples e BusinessOne (da SAP) miram o mercado de forma mais generalista, o cliente ideal para a marca controlada pela Oracle são as startups e empresas em ritmo acelerado de crescimento, um perfil que tem o “fit ideal” com o seu ERP.

“O nosso cliente dourado são as startups. São essas empresas, que mesmo não sendo especificamente de software, têm uma camada tecnológica que as sustenta e dão escala”, afirma Gustavo Moussali, VP sênior da Oracle NetSuite para a América Latina, durante o SuiteWorld 2025, em Las Vegas.

É uma escolha interessante para uma empresa como a NetSuite, que por ser uma divisão da Oracle, ainda é vista como uma opção mais “corporativa”, mesmo que sua empresa-mãe tenha um ERP dedicado para clientes enterprise – o Oracle Fusion. Entretanto, a empresa quer aumentar agressivamente sua base no Brasil e tem um mercado endereçável extenso para abocanhar, já que o país tem mais de 20 milhões de PMEs.

“Nosso ‘sweet spot’, onde a gente vai bem, é com empresas na faixa de R$ 300 milhões de faturamento”, afirma o VP. Entretanto, segundo o executivo, isso não é uma regra, já que a companhia atende clientes com faturamentos menores como R$ 4 milhões ao ano, fintechs médias como a brasileira Warren, chegando até corporações com receitas bilionárias, como Spotify e a canadense Cohere.

Conforme explica Gustavo, esse escopo de atuação é o que tem tornado a NetSuite uma opção atrativa para startups, que representam uma fatia considerável de sua base global de clientes. “Tem o momento em que toda empresa precisa sair da planilha e buscar uma solução que resolva. Mas tem algumas soluções que viram um problema de novo ali na frente. Ou eles já vêm para uma solução como o NetSuite“, dispara.

O comentário de Gustavo é uma cutucada indireta em concorrentes que estão crescendo no mercado de PMEs, mas vivem o desafio de subir seu ticket e chegar a negócios mais robustos em faturamento. É o desafio de startups como a Omie, que soma mais de 170 mil clientes, mas está na luta para bater uma receita recente anual de R$ 1 bilhão – atualmente o ARR da Omie está em torno de R$ 600 milhões.

Por sua vez, a NetSuite bateu em seu último ano fiscal a marca de US$ 4 bilhões em ARR. Detalhe: a empresa norte-americana tem cerca de 43 mil clientes globais.

Brasil é prioridade

Em entrevista ao Startups durante o SuiteWorld 2025, Gustavo reforçou a posição do Brasil como mercado estratégico da companhia. Aliás, o país chegou a ser mencionado diretamente pelo fundador e VP executivo Evan Goldberg no palco principal do evento, com o anúncio do lançamento do NetSuite na nuvem da Oracle em dois data centers em São Paulo.

“O Brasil é um mercado prioritário para a NetSuite. É o maior da América Latina, junto com o México, e um dos que mais crescem no mundo em nuvem e ERP”, destacou Gustavo. “O que a gente está fazendo agora é tropicalizar ainda mais o produto. A gente já atende as obrigações fiscais e contábeis locais, mas estamos indo além, com melhorias pensadas especificamente para o Brasil”.

Voltando ao assunto das startups, Gustavo vê no Brasil um grande mercado early adopter para as inovações de IA que a NetSuite está incluindo em suas soluções. Em 2025, a companhia aumentou ainda mais a sua aposta na tecnologia, lançando uma nova versão de sua plataforma (o NetSuite Next) e acrescentando o assistente Ask Oracle dentro da solução.

“Hoje todo mundo está buscando AI, especialmente quem é cloud native”, destaca Gustavo. “O comportamento do cliente mudou, ele espera mais de seus fornecedores. Nós temos a vantagem de estar na vanguarda da IA com a Oracle, mas temos que inovar sempre. Do jeito que a IA evolui, a gente só sabe que ainda não sabe tudo”, finaliza Gustavo.

*O jornalista viajou a Las Vegas a convite da Oracle