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Ex-Rappi levantam US$ 10 milhões e lançam fintech de pagamentos Yuno

A rodada seed foi liderada por Andreesen Horowitz e coliderada por Monashees e Kaszek

Uma pessoa segurando um celular com o escrito payment success - Startups

Juan Pablo Ortega e Julián Núñes, respectivamente cofundador e ex-executivo da Rappi, estão de casa nova. Em janeiro, eles lançaram a Yuno, fintech colombiana que acaba de levantar US$ 10 milhões com a promessa de revolucionar o sistema de pagamentos eletrônicos na América Latina.

Os executivos se conheceram há quase 5 anos, quando trabalhavam na equipe de pagamentos da Rappi durante a expansão internacional do unicórnio de delivery – hoje presente em 9 países latinos. Julián liderou a unidade do Paga con Rappi, que permite fazer o checkout dos pedidos com apenas um clique, e comandou o braço de comércio eletrônico da startup. Juan estruturou a criação do banco digital RappiBank e escalou as equipes e recursos de pagamentos e combate a fraudes da plataforma.

“O sistema de pagamentos é muito complexo e fragmentado. São vários processadores, todos muito semelhantes entre si, e as empresas precisam decidir qual provedor incorporar”, diz Julián, acrescentando que muitas das opções disponíveis no mercado são difíceis de usar, têm índices cada vez maiores de fraudes e baixas taxas de aceitação, rejeitando de 30% a 40% das transações.

Por isso, explica o empreendedor, as empresas têm sido obrigadas a incorporar inúmeros provedores de pagamento para conseguir atender os clientes e otimizar as operações. O desafio é ainda maior para companhias que operam em mais de um país, já que os problemas se repetem em cada região.

A Yuno nasce como uma solução a empresas de todos os portes na América Latina que têm enfrentado desafios constantes e altos custos operacionais para integrar eficientes ferramentas de detecção de fraude e múltiplos métodos de pagamento. Segundo os fundadores, a startup criou “soluções definitivas” para a realização de pagamentos online de forma rápida e segura, além de combate à fraude e gerenciamento de recebimentos.

Juan Pablo Ortega e Julián Núñes, cofundadores da Yuno - Startups
Juan Pablo Ortega e Julián Núñes, cofundadores da Yuno

Rodada e use of proceeds

A rodada seed foi liderada por Andreesen Horowitz e coliderada por Monashees e Kaszek. Também participaram do aporte Nazca, Latitud, OneVC, Opera Ventures, Saurabh Gupta (parceiro da DST Global) e investidores-anjos como Simón Borrero, cofundador e diretor-executivo da Rappi.

O dinheiro será usado para aumentar o time, principalmente de desenvolvedores de software, e aperfeiçoar o produto. “Depois, vamos focar no time comercial, que está conversando com os clientes e entendendo suas prioridades. Queremos os melhores talentos da região”, diz Juan.

A equipe de 40 profissionais vindos de empresas como Rappi, Ingenico, Worldpay, McKinsey & Co. e MasterCard deve chegar a marca dos 100 colaboradores até o final de abril. Inicialmente, as operações estarão centradas na Colômbia e no México, onde a empresa já atua, e no Brasil, cujas operações devem começar nos próximos 2 meses com uma equipe local. “Muitas empresas tentam entrar no país com o mesmo time de outras regiões e, normalmente, isso não funciona. O Brasil tem suas particularidades culturais e, por isso, precisamos de uma equipe local”, afirma Julián.

Segundo os cofundadores, a Yuno está em negociação com mais de 12 potenciais clientes e já atende “grandes empresas de e-commerce na América Latina”. O 1º nome divulgado é, sem muitas surpresas, a Rappi. “Esperamos trabalhar com as maiores companhias da região e o nosso desafio é ajudá-las a resolver todos os seus problemas de infraestrutura de pagamentos”, completa o executivo.

A expectativa é processar 10% de todas as transações da região até meados do próximo ano. “Nossa experiência no setor é o que nos diferencia [das outras fintechs]. Nenhuma outra startup tem a experiência de construir unicórnios e ainda entender as complexidades e obstáculos do ecossistema de pagamentos.”, diz Juan. “Na Rappi, estávamos dentro das trincheiras trabalhando ao lado do comerciante e entendendo os seus problemas.” O executivo acrescenta que a excelência do time especializado em tecnologia de ponta e processadores de pagamento será outro ponto importante para se destacar no mercado.

Potencial de mercado

“Nos últimos anos, o ecossistema de pagamentos tem crescido muito na América Latina”, afirma Julián, reforçando que o Brasil, maior economia da região, é peça-chave nesse cenário. “O país estava 10 vezes à frente do restante em termos de pagamento. É uma oportunidade incrível para startups como a Yuno ajudarem empresas brasileiras a resolver a complexidade do setor.”

Juan destaca que o país foi o 1º a ter uma compensação local de processamento de Visa e Mastercard, o que ajudou a atrair processadores internacionais como Stripe, da Califórnia, e Braintree, de Chicago. “Os pagamentos alternativos também são muito relevantes no país”, afirma o executivo, em referência à tração do Pix. O sistema de pagamentos já é usado por 71%  dos brasileiros, segundo pesquisa da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) divulgada em dezembro.