Os ex-executivos do SoftBank Felipe Affonso, Noah Stern e o economista Rafael Serson lançaram hoje (16) o Cloud9 Capital, um fundo dedicado a apoiar startups inovadoras e escaláveis lideradas por founders visionários, mas que ainda não entraram na rota tradicional de investimentos.
O fundo foi criado em meados de 2021, mas se apresenta agora ao mercado com a missão de encontrar companhias em fase acelerada de crescimento, cujos modelos de negócio não queimem capital excessivamente. A ideia é apoiar empreendedores que não estão no radar tradicional de investimentos por não terem um currículo ideal aos olhos dos VCs, com uma participação muito diluída na empresa, base acionária sem nomes institucionais de peso ou estarem fora dos principais polos de inovação do país.
“Claro que valorizamos tudo isso, mas queremos olhar para além desse universo: pescar também em alto-mar enquanto muitos simplesmente direcionam o seu olhar para dentro do aquário”, diz Felipe, sócio-fundador do Cloud9, em comunicado. “Quando falamos em tecnologia, observamos um perfil ainda muito pouco diverso entre os empreendedores. Existe uma lacuna a ser preenchida e é exatamente aí que queremos atuar. Fundadores que montaram um negócio de sucesso com pouco recurso deveriam ser valorizados e não penalizados quando precisam levantar uma rodada”, completa.
Além de Felipe (que tem passagens pela GP Investimentos e pelo fundo soberano de Singapura, o GIC), a liderança do Cloud9 é compartilhada com Noah Stern, que passou a maior parte de sua carreira no grupo financeiro Goldman Sachs. Juntos, eles integraram a 1ª equipe do SoftBank no Brasil. Para compor a equipe de sócios, a dupla convidou Rafael Serson, economista do Insper que integrou a área de private equity do fundo Kinea.
O fundo está de olho em empresas com produtos provados no mercado, tração relevante e um modelo escalável. Embora se apresente como agnóstica quanto aos setores em que pretendem investir, a equipe tem preferência por startups dos mercados de saúde, educação e consumo, e que adotem SaaS (software as a service) como modelo de negócio.
“Fazemos uma pesquisa detalhada por startups nos setores que mais nos interessam e buscamos startups no Brasil com modelos similares a outros que já deram muito certo no exterior. Vale dizer, no entanto, que as melhores indicações chegam via nossa rede de contatos”, afirma Noah Stern, também em comunidado.
Os executivos querem startups com perfis mais diversos, mas que atendam a alguns critérios de experiência e expertise. Founders com capacidade de execução, qualidade do time, tamanho do mercado em que atua, eficiência financeira e potenciais de escala e de competição são elementos valorizados pelos gestores.
Let’s talk money
O primeiro closing do fundo inaugural do Cloud9 captou cerca de R$ 280 milhões. A maior parte veio de investidores institucionais, single e multi family offices. Segundo a companhia, o fechamento definitivo deve ser feito nos próximos 6 meses, com a expectativa de alcançar os R$ 400 milhões.
O primeiro investimento será anunciado nas próximas semanas e o plano é investir em 10 startups nos próximos 3 anos. Os cheques vão variar de acordo com as necessidades da startup, mas provavelmente terão valores a partir de R$ 20 milhões, com flexibilidade para aumentos relevantes.
Os sócios chamam atenção ainda para a concentração do portfólio. Além de garantir um apoio financeiro mais vultoso se necessário, a decisão por investir em um número reduzido de startups se dá também pela atenção que pretendem dedicar a cada uma dessas jovens empresas.
“Não queremos interferir no dia a dia dos negócios, mas ao liderar as rodadas nos posicionamos como o principal parceiro desses empreendedores. A ideia é empoderá-los, inseri-los na rota de investimentos, levando-os do estágio médio à maturação”, afirma Noah, acrescentando que, para isso, os gestores vão compartilhar suas expertises com empresas de rápido crescimento, “buscando contribuir nas questões estratégicas e operacionais importantes para a evolução da companhia”.
A cada parceria estabelecida, novos acordos podem ser fechados. O apoio para captações de recursos posteriores, a reestruturação de bases acionárias complexas, organização de eventuais M&As e contratação de talentos são algumas tarefas que podem ganhar mais espaço no Cloud9.