Se até agora a EasyCrédito vinha atuando como um MercadoLivre dos empréstimos, conectando pessoas físicas para o seu marketplace e apresentando a elas as ofertas de instituições financeiras, agora a fintech está se reposicionando e quer ser uma Cielo do crédito. Isso significa que a companhia quer ser uma infraestrutura para outras empresas, uma “fábrica” de marketplaces de crédito, contou ao Startups o fundador presidente da fintech, Marcos Túlio Ramos.
A pivotada de B2C para B2B foi uma consequência da última captação feita pela empresa em 2019, quando levantou R$ 2,5 milhões em uma rodada com o fundo Criatec 2. O dinheiro foi usado para o lançamento de APIs, permitindo a qualquer empresa oferecer, no seu canal de venda, a opção de o cliente solicitar análise de crédito junto às instituições financeiras e fintechs parceiras da plataforma.
“Hoje tudo está integrado, não faz mais sentido pensar que minha solução será única e exclusiva. A conexão de plataformas faz sentido ao mercado financeiro. Para cumprir nossa missão de transformar vidas através do crédito precisávamos ser solução para outras soluções”, conta Marcos Túlio. Desde sua fundação em 2015, a EasyCrédito concedeu R$ 500 milhões em crédito. A guinada para o B2B não significa que a companhia vai deixar de atender os consumidores na ponta. A ideia é que essa operação direta fique menor, passando a representar apenas 20% do negócio.
OLX, Méliuz e AME são algumas das 65 empresas que já integraram a tecnologia da EasyCrédito às suas plataformas digitais, permitindo a conexão dos clientes com mais de 30 instituições financeiras para simular e contratar empréstimos pessoais. O crédito solicitado não precisa, necessariamente, ser utilizado para uma compra em um site onde o buscador da EasyCrédito apareça. Ele pode ser usado para qualquer fim, como trocar uma dívida por outra com juros menores, abrir um negócio, fazer uma reforma etc.
A meta da fintech é encerrar o ano com mais de 200 empresas em sua plataforma e ampliar o faturamento anual em 5 vezes. Com a nova estratégia, a empresa também quer superar a marca de 12 milhões de simulações de crédito realizadas no seu marketplace.
Marco Túlio adianta ainda que a fintech entrará em breve muito forte no segmento de e-commerce, com um player bem relevante (mas que ainda não pode ser revelado). No mais, o portfólio de 56 produtos da companhia deve continuar a crescer em 2021. A renegociação de dívidas, por exemplo, é uma das novidades que vem por aí. Segundo Marco Túlio, uma nova rodada para captação de recursos está em vista, mas não dá pra dar nenhum detalhe ainda.
Rumo ao B2B
O movimento de falar mais com empresas, e não fazer um esforço tão grande para buscar o consumidor final faz sentido dentro de um cenário de curto prazo em que a oferta de crédito segue crescendo, mas ficou mais criteriosa por conta do aumento do risco e a inadimplência está em alta. No longo prazo, adicionar valor à cadeia e não ser só mais um intermediário na obtenção de um crédito faz sentido porque também reduz o custo de aquisição de clientes.
Nesta semana, outro marketplace de crédito, a Bom Pra Crédito,também anunciou que passou a dar mais atenção ao B2B. A diferença é que por lá não se trata de uma pivotada, mas de uma ampliação do portfólio. A oferta de novas ferramentas também começou a ser feita depois de uma rodada de investimento em 2019, está sendo chamada de “Crédito como Serviço”. A atuação com empresas representou 70% do volume de créditos originados pela fintech desde 2019 e o B2B já responde por 30% do total de R$ 1 bilhão em empréstimos que ela alcançou recentemente.