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EXCLUSIVO: iFood compra a Anota AI para oferecer atendimento pelo WhatsApp

O Startups apurou que o valor da operação teria ficado na faixa de R$ 60 milhões

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Foto: Vinicius "amnx" Amano/Unsplash

O iFood comprou a Anota AI, startup gaúcha que oferece a restaurantes ferramentas para melhorar sua atuação no delivery, como um robô de atendimento pelo WhatsApp, cardápio digital e gerenciamento de pedidos. O Startups apurou que o valor da operação teria ficado na faixa de R$ 60 milhões.

Fontes ouvidas pelo Startups contaram que o aplicativo de entregas vinha sondando algumas empresas do setor de PDV desde meados do ano passado, inicialmente na tentativa de contratar profissionais de seus times e, posteriormente, em conversas de aquisição. Uma pessoa com conhecimento dos planos do aplicativo contou que o movimento veio da percepção de aumento no uso do WhatsApp como canal para pedidos feitos aos restaurantes. Por isso ter uma ferramenta que permitisse à companhia atuar também neste canal passou a fazer sentido. Outro aspecto seria a questão da inovação aberta, de trazer para dentro do grupo outros negócios que acelerem o lançamento de novidades.

Não sei não…

As primeiras conversas com os estabelecimentos sobre a possibilidade de ter uma ferramenta de atendimento para WhatsApp, no entanto, acenderam uma luz amarela para o iFood. O receio apresentado pelos restaurantes foi o de perder o controle de um canal de atendimento proprietário e ter que pagar mais uma taxa ao gigante do mundo das entregas. Para driblar essa resistência, o aplicativo estaria adotando um discurso de que quer ajudar os restaurantes a organizarem os pedidos que recebem pelo WhatsApp.  

Um executivo ouvido pelo Startups avaliou que, além do risco concorrencial e de reforço da posição de monopólio do iFood, a aquisição do Anota AI poderia ferir a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) uma vez que o iFood teria acesso a dados dos clientes dos restaurantes.

Mais inovação e tecnologia

Procurado, o iFood disse que a aquisição faz parte da “estratégia de contribuir para o crescimento do seu ecossistema e acelerar o desenvolvimento de novas soluções por meio de inovação e tecnologia”. “Essa iniciativa ajudará o desenvolvimento de negócios da startup e melhorará a experiência de venda de restaurantes em todo o país”, disse a companhia, em nota enviada ao Startups.

“Esse investimento permitirá que o Anota AI continue crescendo e desenvolvendo novos produtos e soluções para empoderar restaurantes, potencializar suas vendas e ajudá-los em sua jornada de digitalização”, disse o iFood, em nota.

Nascida em 2017, a Anota AI diz em seu site que administra 15 mil restaurantes automatizados e mais de 40 milhões de pedidos por ano. Seus serviços custam a partir de R$ 178,99 por mês no plano anual. Em sua página no LinkdeIn, a companhia apresenta 131 funcionários. Sua lista de clientes inclui Bob’s, Subway, McDonald’s e Pizza Hut. O Startups apurou que, por enquanto, o iFood está em período de testes da Anota AI, com as redes Burger King e KFC.

A aquisição da Anota AI reforça o portfólio de serviços oferecidos pelo iFood aos restaurantes. Além da plataforma de conexão com consumidores e entregadores, o aplicativo tem um sistema de gestão para os bares e restaurantes fruto da compra da empresa de software eComanda, há 2 anos. O iFood também tem um portal para compra de insumos como copos, talheres, pratos e guardanapos e entrou na oferta de serviços financeiros para os estabelecimentos. Há duas semanas o Startups mostrou que a companhia reorganizou sua operação nessa área com a integração da fintech MovilePay.

Grande demais?

Discussões sobre o porte do iFood e sua posição monopolista, com 80% do mercado de delivery não são uma novidade no mercado. No ano passado, o Uber Eats entrou com uma representação no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para participar do processo contra o iFood, ao lado do Rappi e da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes).

As empresas apontam práticas anticompetitivas nos contratos de exclusividade firmados com restaurantes, que impedem que eles adotem outras plataformas. Em março de 2021, o Cade impôs uma medida preventiva contra o iFood proibindo a companhia de firmar novos acordos de exclusividade. A foodtech poderá manter os contratos que já haviam sido firmados com parte dos restaurantes da sua carteira.

Este ano, o Cade passou a investigar o grupo Naspers, que controla mais de 55% do iFood por meio de sua subsidiária Prosus. Segundo o Valor Econômico, a apuração analisa se houve falta de notificação à autarquia na aquisição da Delivery Hero (conhecida no Brasil como Pedidos Já) pela Naspers em 2018. A controladora do iFood estaria sujeita a sanções como uma multa de até R$ 60 milhões ou anulação do negócio.

O caso mais recente envolve o iFood Benefícios, que funciona como vale-alimentação e vale-refeição para empresas. Em maio, o Cade abriu uma investigação sobre possíveis práticas anticompetitivas do negócio após uma representação da Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador (ABBT).

A ABBT entrou com um pedido de medida preventiva para que o iFood deixasse de oferecer vantagens ou descontos às empresas. Em julho, a solicitação foi rejeitada pelo Cade em uma análise preliminar, na justificativa de que o processo exigiria análises mais aprofundadas e que a participação do iFood Benefícios seria pequena no mercado.