Se 2022 foi um ano de ajustes nas empresas de tecnologia, 2023 não parece que será diferente — conforme nosso editor-chefe Gustavo Brigatto bem reforçou na matéria sobre o que esperar desse ano. Sim, nem bem começamos o ano e dois gigantes da tecnologia anunciaram cortes substanciosos.
A Amazon anunciou nesta quinta-feira (5) que vai demitir mais de 18 mil pessoas, ou 1,2% de sua força de trabalho global, um tanto quanto além dos 10 mil cortes previstos em novembro do ano passado. A maioria dos cortes vai afetar lojas da gigante varejista, bem como divisões de recursos humanos, segundo afirmou o CEO Andy Jassy, em comunicado.
Os desafortunados ainda não foram comunicados. A empresa pretende informar aqueles que serão impactados a partir de 18 de janeiro. Isso porque a Amazon teve de antecipar o desagradável anúncio, já que uma ‘mosquinha’ vazou a informação mais cedo ao The Wall Street Journal.
“Normalmente esperamos para comunicar esse tipo de movimento até que possamos falar com as pessoas que serão diretamente impactadas”, escreveu o CEO da Amazon. “Entretanto, como um de nossos colegas de equipe vazou essa informação externamente, decidimos que era melhor compartilhar esta notícia mais cedo para que todos possam ouvir os detalhes diretamente de mim”.
Isto também significa que a Amazon ainda não anunciou que tipo de pacote de indenização fornecerá, embora Andy tenha comentado no comunicado que proverá um “pagamento extra, benefícios transitórios de seguro saúde e apoio externo para recolocação no mercado”.
Segue a Salesforce
O anúncio da Amazon surge apenas 1 dia após a Salesforce também divulgar que inicia o ano com cortes. A empresa de softwares pretende reduzir 10% de seu quadro de profissionais, o equivalente a, pelo menos, 7 mil pessoas. Para se ter ideia, a companhia encerrou dezembro com 79 mil funcionários.
Em uma carta aos funcionários, o co-CEO Marc Benioff disse que os clientes têm sido mais comedidos em suas decisões de compra por conta do ambiente macroeconômico desafiador, o que levou a Salesforce a tomar a “decisão muito difícil” de demitir trabalhadores.
Ainda segundo o co-CEO, o ajuste é uma maneira de a empresa de tecnologia se adequar a “uma abordagem mais ponderada em decisões de compra” dos clientes. Com o corte, a Salesforce espera reduzir os custos operacionais e impulsionar o “crescimento lucrativo”.
Além disso, a empresa estima que sejam cobrados de US$ 1,4 bilhão a US$ 2,1 bilhões em encargos — transição de funcionários, rescisões, benefícios e remuneração variável — relacionados à decisão, dos quais US$ 800 milhões a US$ 1 bilhão devem ser incorridos durante o quarto trimestre do ano fiscal de 2023, que está em andamento.
Assim como outras empresas de tecnologia, a Salesforce registrou um aumento de receita nos primeiros anos da pandemia, já que uma grande quantidade de empresas começou a depender de software fornecido em nuvem para trabalho remoto. Mas o crescimento da empresa desmoronou nos últimos trimestres, e suas ações caíram cerca de 45% no decorrer de 2022.