A HRtech espanhola Factorial não teve maiores problemas para levantar uma nova – e alta – rodada de investimento. Cerca de um ano após receber € 67 milhões (aproximadamente R$ 410 milhões) em uma série B que marcou sua expansão para o mercado das Américas (EUA, México e Brasil), agora a companhia captou mais US$ 120 milhões.
A rodada, que coloca a Factorial como um novo unicórnio no pedaço, foi liderada pelo grupo europeu Atomico (que já investiu em outros unicórnios como Gympass e Klarna), com participação do fundo soberano de Cingapura GIC. Também entraram no negócio todos os investidores anteriores: Tiger Global, CRV, K-Fund e Creandum.
Para Jordi Romero, cofundador e CEO da Factorial, o novo aporte servirá para acelerar o ritmo elevado de crescimento que a companhia obteve no último ano. “Este último ano foi melhor do que esperamos, e foi por isso que já buscamos outra rodada”, explica Jordi, em entrevista ao Startups.
O CEO admite, inclusive, um pouco de sorte de sua empresa em relação ao cenário vigente no venture capital. “Nós resolvemos apostar no nosso market sheet para levantar uma reserva para os próximos anos e crescer ainda mais rápido”, avalia Jordi.
Para fisgar os investidores para uma nova – e generosa rodada – a HRTech teve números consideráveis de crescimento. De 2021 para 2022, a empresa chegou perto de quadruplicar sua operação, e tem como plano triplicar no próximo ano, com Brasil e México ganhando destaque neste aumento. A empresa não abre números de faturamento.
Use of proceeds
A solução da Factorial envolve a melhoria da gestão para equipes de recursos humanos, especialmente a de companhias de pequeno e médio porte. Segundo Jordi, o foco nas empresas mais abaixo na pirâmide tem sido o segredo do sucesso, entendendo as diferenças na gestão destes negócios e implementando recursos de automatização que atendem às suas demandas.
Com o aporte, a companhia também pretende injetar ainda mais recursos no desenvolvimento da plataforma, expandindo o time de tecnologia. Outro foco será no time comercial, com a meta de chegar a 25 mil clientes até o fim do ano que vem – atualmente a empresa tem cerca de 7 mil companhia atendidas.
“Temos a expectativa que o Brasil e México tenham o maior crescimento entre os mercados que atendemos”, pontua Jordi, que acrescentou um detalhe interessante sobre o Brasil. Em menos de um ano de operação, a unidade da Factorial em São Paulo saltou de 3 para 80 funcionários, um indício que a companhia está conquistando seu espaço por aqui.
Segundo o CEO, o Brasil tem se mostrado “faminto” por novas tecnologias de transformação digital, e os RHs das empresas menores estão aos poucos buscando opções mais adequadas ao seu tamanho. “Por muito tempo, as soluções de RH foram mais enterprise, e muitos não souberam descer a pirâmide e entender as necessidades dos negócios menores”, explica Jordi.
Conforme explica o executivo, em média os clientes da Factorial são empresas de 100 funcionários, uma realidade bem diferente de grandes empresas que lidam para além dos mil colaboradores – e é por isso que Jordi acredita que a sua marca pode atrair ainda mais companhias canarinhas. “Queremos mais do que triplicar no Brasil ano que vem”, afirma.
Olhando para as pequenas e médias empresas, não é de se admirar como a Factorial tenha um alto interesse pela nossa terrinha. O mercado de PMEs representa cerca de 19 milhões de CNPJs no país, cerca de um quinto do mercado endereçável total que a HRtech possui em todos os seus 60 países de atuação. “Em três anos, queremos chegar à marca global de 100 mil clientes, e o Brasil será um dos principais países nesta meta”, completa Jordi.