Os grupos de anjos estão se firmado como um dos caminhos para quem quer investir em startups no Brasil. Hoje são quase 30 grupos em funcionamento no país. Um avanço considerável na comparação com uma década atrás, quando nomes como a Anjos do Brasil e a Harvard Angels começaram a disseminar esse conceito por aqui.
E a lista caba de ganhar mais um reforço: a FDC Angels, rede criada por ex-alunos da Fundação Dom Cabral. A iniciativa partiu de Alexandre Scotti, Danilo Nascimento, Luis Gustavo Silva, Maria Eva Lazarin e Ricardo Blandy. A proposta é fazer cheques entre R$ 500 mil e R$ 1,5 milhão em projetos de qualquer área que tenham impacto socioambiental. “queremos ser um berçário para fundos de impacto [como Barn e VOX], que pegam empresas que estão em um estágio mais avançado”, diz Ricardo, presidente da rede e integrante da GVAngels há 3 anos.
Foi de lá, aliás, que ele tirou a inspiração para a criação do novo grupo, há cerca de 2 anos. “A FDC é muito conhecida entre grandes empresas, mas não tem um reconhecimento no ecossistema de inovação. Então enxerguei a oportunidade de criar o grupo”, conta Ricardo.
Impacto é diferente de ESG
Aqui vale uma breve explicação sobre o foco do grupo, e que Ricardo diz acreditar que será um dos grandes diferenciais do grupo, o foco em companhias com impacto: impacto é diferente de ESG. Nas palavras de Ricardo:
ESG é o como se faz. Já impacto é o que se faz. “Impacto é uma medida global de como impacta o meio ambiente, sociedade e a economia de forma positiva”, explica. E isso não tem nada a ver com caridade. “Tem muitas histórias de sucesso, de gente que ganhou dinheiro, deu retorno ao acionista. Não vamos fugir desse compromisso. Mas se conseguirmos dar fôlego e ajuda pra empreendedores espalhados pelo Brasil fazendo impacto, a gente realmente muda o país”, diz Ricardo”. Explicação dada, adiante.
Dentro desta pegada de impacto, a rede quer ter uma atuação que encontre projetos fora do eixo Rio-São Paulo. Paras isso, ela vai firmar parcerias com organizações locais que apoiam empreendedores e também se aproveitar da estrutura distribuída que a FDC tem ao redor do país com seus centros regionais.
Apoio da FDC
Diferentemente de outras redes de anjos, que levam o nome das instituições, mas não são oficialmente apoiadas por elas, a FDC Angels terá apoio formal de sua alma mater.
Segundo Ricardo a FDC vai contribuir apenas com smart, e com nenhum money. Entre os benefícios para as startups que forem investidas pelo grupo estarão o apoio de professores em questões como finanças, recursos humanos e marketing e o acesso a espaços físicos e ao acervo da instituição.
Funcionamento
O FDC Angels vai funcionar, a princípio, sem grandes inovações nos mesmos moldes de outros grupos de egressos de instituições de ensino (ou grupos de anjos de forma geral).
Não haverá um fundo constituído para os investimentos. Cada aporte será feito pelos integrantes interessados. A seleção dos projetos será feita por meio de plenárias realizadas a cada 3 ou 4 meses. A 1ª reunião deve acontecer depois do Carnaval.
A associação ao grupo terá uma anuidade de R$ 3,5 mil. O investimento máximo por membro será de R$ 100 mil e, de início, não haverá a exigência do investimento mínimo de R$ 20 mil por ano que costuma ser feito nos grupos de anjos. A ideia neste momento, segundo Ricardo é promover a conexão e o entendimento sobre o investimento em startups, por isso a regra não vai valer.
A ideia é que em 2023 a FDC Angels chegue a 300 membros – o equivalente ao que a GVAngels, tem hoje. O número corresponde a cerca de 1% da rede de ex-alunos (alumni) da instituição, que tem de 30 mil pessoas que cursaram 11 programas.
Na avaliação de Ricardo, apesar do grande número de grupos de anjos em operação no Brasil, não há um ambiente de competição entre eles. Pelo contrário. O clima é de colaboração. “Falei com alguns dos principais grupos do país para montar a FDC Angels e nenhum deles teve problemas em conversar e compartilhar informações”, diz. Segundo ele, a leitura é que quanto maior o número de grupos investindo no país, melhor será o ecossistema. “Ainda estamos anos luz da densidade dos EUA ou de Israel. Se hoje temos 30 grupos e 15 mil startups no país, se tivermos 90 grupos, podemos chegar a 60 mil startups. É uma medida proporcional”, avalia.