Femtech

Nascida digital, Oya Care expande para jornada mais completa de saúde feminina

Desde a abertura da sua clínica física, startup teve aumento de 400% no faturamento e de 40% no número de atendimentos mensais

Oya Care
Oya Care (Foto: Nathalie Artaxo/Divulgação Oya Care)

O último ano foi de mudanças importantes para a Oya Care. A startup de saúde feminina, que antes operava de forma 100% digital, inaugurou a sua primeira clínica física para atendimentos de ginecologia, fertilidade e contracepção. Desde então, a companhia viu o seu faturamento crescer mais de 400% e a recorrência de pacientes, que era de menos de 10%, aumentar para 46%, com um salto de 40% no número de atendimentos mensais.

Segundo a fundadora e CEO, Stephanie von Staa, a expansão para o mundo físico se deu por dois motivos principais. De um lado, uma questão de negócio. “A operação exclusivamente online era difícil, com ticket baixo e margens apertadas. Precisaríamos ser um player gigante para eventualmente ter uma empresa lucrativa, e isso levaria muito tempo. Além disso, não é uma tese muito sexy para os investidores. Provavelmente, não conseguiríamos fazer 10 anos de captação com pessoas que nem entendem direito o problema que estamos tentando resolver”, explica a empreendedora, em conversa com o Startups.

Do outro, uma demanda das próprias oyanas – como são chamadas as clientes da companhia. “O atendimento online era ótimo, mas não entregava todo o cuidado necessário. Muitas vezes, a gente precisava de mais, ou as pacientes queriam ser ainda mais atendidas por nós”, acrescenta Stephanie. A femtech  abriu o espaço físico em maio de 2023, na Zona Oeste da cidade de São Paulo, levando o mesmo corpo clínico das teleconsultas para os atendimentos presenciais. Além do aumento de faturamento, recorrência de pacientes e atendimentos mensais, a startup registrou um avanço de 514,94% no ticket médio após a abertura da clínica física.

A complementaridade de serviços, aponta a CEO, permite que a Oya esteja presente na vida da mulher da forma mais prática e adequada possível, oferecendo um serviço ainda mais completo para as necessidades de cada paciente. Uma consulta para ajudar na escolha do método contraceptivo, por exemplo, pode ser feita virtualmente. Mas a realização de procedimentos como inserção de DIU, congelamento de óvulos, exames de rotina ou até mesmo uma análise mais aprofundada para detectar endometriose demandam um cuidado e atendimento presenciais, agora possíveis de serem feitos na clínica em São Paulo.

Atualmente, 60% do volume da Oya está no online – porcentagem que deve se manter nos próximos anos. Isso porque os serviços online são aqueles que acabam sendo utilizados com uma maior frequência, em torno de duas ou três vezes ao ano. Já a consulta ginecológica tradicional costuma ser feita uma vez ao ano, salvo algumas exceções. E os procedimentos de reprodução assistida ou congelamento de óvulos, poucas vezes durante a vida. “Os volumes no físico e no digital são diferentes porque os comportamentos e as necessidades de saúde em cada abordagem são distintas”, pontua Stephanie.

Stephanie von Staa, fundadora e CEO da Oya Care
Stephanie von Staa, fundadora e CEO da Oya Care (Foto: Nathalie Artaxo/Divulgação Oya Care)

O que vem por aí

A princípio, o movimento da Oya Care pode parecer não ter muito fit com o mundo das startups. O mais comum são casos de negócios que começaram no físico e, depois, adotaram estratégias digitais para ganhar escala e explorar ao máximo o seu potencial. Foi o que aconteceu, por exemplo, com a Conexa, que nasceu em 2016 como uma clínica de saúde voltada à atenção primária e adotou a telemedicina no ano seguinte, posicionando-se hoje como uma das maiores plataformas de consultas online do país.

Já a Oya fez o caminho inverso e nem tão comum, primeiro se estabelecendo no digital e, posteriormente, expandindo para o físico. De acordo com a CEO da startup, a clínica opera atualmente com 50% da sua capacidade. “Ainda conseguimos atender com essa clínica por um bom tempo”, avalia Stephanie. A executiva reconhece que, a partir de 2025, pode ser necessário expandir a estrutura física para um espaço maior.

No entanto, a estratégia da Oya não será a de abrir várias clínicas. “Não vamos ser como um dr.consulta, com um monte de unidades espalhadas pelo país. No roadmap da Oya como uma empresa super madura, provavelmente teremos umas cinco clínicas nos principais centros do Brasil, pois a atuação no online nos permite atender às pessoas mesmo que de forma remota”, afirma Stephanie.

Em 2024, o objetivo é dar sequência ao que a femtech vem fazendo tanto no físico quanto no digital, sem perder a qualidade dos serviços e do cuidado prestado. Entre suas missões, a companhia espera tornar o congelamento de óvulos um procedimento menos complicado e mais acessível para as pessoas, e permitir que a Oya seja uma solução fácil e prática para que um número cada vez maior de mulheres esteja em dia com seus exames e a sua saúde.

Mais para o fim do ano, a companhia deve lançar uma nova linha de cuidado, ainda a definir. Segundo Stephanie, algumas das opções são serviços relacionados à menopausa, obstetrícia ou prazer sexual. A startup, que desde a sua fundação levantou US$ 3,8 milhões em duas rodadas de investidores como Susa Ventures, Canary, IKJ Capital, 1616 Ventures e Positive Ventures, afirma ainda não ter planos para uma próxima captação. “Estamos lutando para chegar no break even”, conta Stephanie, que revela a projeção de triplicar a receita do negócio nos próximos 12 meses.