A FHE Ventures está pronta para investir em startups internacionais. Pela primeira vez, a venture builder criada para desenvolver soluções ligadas às áreas de saúde e educação abrirá aplicações para empresas de fora do Brasil participarem do seu Investor Day, quando apresenta as companhias para seus investidores-anjo e inicia o processo de escalada das selecionadas.
A próxima edição do evento será feita em uma parceria inédita com outros players do mercado, informou a FHE com exclusividade ao Startups. A venture builder vai se unir à Bossanova Investimentos e a Healthcare Alliance, plataforma do Grupo MV que reúne fornecedores de produtos e serviços para a gestão das instituições de saúde, para fazer as rodadas de investimentos, em busca de soluções que possam revolucionar o ecossistema de saúde.
“Fizemos um grande estudo de mercado e vimos que as principais tendências – inteligência artificial, metaverso, robótica e soluções envolvendo um nível alto de tecnologia – já estão presentes na Europa, e caminham para o Brasil. Startups europeias e norte-americanas estão muito atentas ao ecossistema brasileiro”, afirma Rafael Kenji, presidente da FHE Ventures. O objetivo é ajudar essas empresas a se estabelecerem por aqui: lançar a operação, construir a equipe local, abrir conta em banco e ajudá-las com questões jurídicas, contábeis e financeiras.
A FHE tem a meta de fechar o ano com 15 startups em seu portfólio – o que significa selecionar mais 6 empresas, com cheques entre R$ 300 mil e R$ 1,5 milhão. Embora marque o início das captações para startups internacionais, o próximo Investor Day ainda terá presença nacional e está aberto para negócios de todo o país. “O foco de 2021 e 2022 foi o Brasil, mas a gente pretende igualar o hunting daqui para frente. 2023 será um ano muito internacional e provavelmente em janeiro já teremos um Investor Day exclusivamente para startups de fora”, pontua o executivo.
O Investor Day acontecerá de forma online no dia 19 de dezembro. Podem participar startups com produtos já validados no mercado e que faturem pelo menos R$ 20 mil ao mês. Elas devem solucionar pelo menos um dos cinco desafios: estruturação de banco de dados em saúde; pesquisa clínica; inteligência artificial com experiência de usuário para profissionais de saúde; inteligência artificial com experiência de usuário para pacientes; e nanotecnologia.
Analisando o mercado
A princípio, a companhia está de olho em empresas portuguesas e espanholas pela facilidade de idioma e pela presença do governo local investindo nas startups. Estados Unidos e Canadá também estão no radar, por conta do tamanho do mercado e dos cheques. “O ecossistema dessas regiões é mais maduro, e ter a língua inglesa facilita na hora de escalar o serviço para outros países”, explica Rafael. Além disso, a FHE Ventures já tem investidores nesses países, que podem ajudar de perto as empresas com smart money e acompanhamento.
O CEO da FHE Ventures observa uma diferença importante entre o mercado brasileiro e internacional. “As startups pequenas do exterior captam rodadas pré-seed do tamanho dos nossos seed e série A. Vemos startups com Power Point captando 300 mil euros, cerca de R$ 1,5 milhão – o que é praticamente impossível para uma empresa que ainda nem validou o MVP no Brasil. Pelo volume de dinheiro e a cultura de investimentos ser um pouco mais evoluída, eles têm acesso ao capital muito mais facilmente do que nós”, analisa Rafael.
O executivo reconhece que o mercado desacelerou em nível global devido à alta inflação e às questões políticas. No entanto, ele enxerga boas oportunidades para starutps de saúde. “Como em toda guerra e pandemia, há um investimento alto no setor. A própria dipirona e o soro fisiológico foram criados nessas circunstâncias, e com a crise da Covid-19 não foi diferente. Os investimentos em saúde seguem altos, atrás apenas das fintechs. Apesar do cenário macroeconômico, ainda vemos o crescimento dos aportes, embora seja um avanço desacelerado”.
Desde 2020 até agora, o valor investido no setor de healthtechs representa 72,3% da soma total aportada na última década, de acordo com o HealthTech Report 2022, da plataforma brasileira Distrito. A pandemia fez com que os investimentos aumentassem em 5,1% em 2020 e 37,1% no ano seguinte. De 2017 para cá foram investidos US$ 992,6 milhões no ecossistema de healthtechs.
Após fechar o ano com 15 startups em seu portfólio, a FHE tem a meta de chegar a 25 em 2023 e 50 até 2026. Com a Bossanova e a Healthcare Alliance, a venture builder conta com cerca de mil investidores e mais de 1.500 startups investidas. A expectativa é sempre tornar o Investor Day colaborativo daqui para frente, convidando outras corporações e fundos de venture capital a participarem do projeto.
“Startups precisam de 3 coisas: dinheiro, acompanhamento e clientes. A Bossanova, como a venture capital mais ativa da América Latina, pode ajudar com o capital. Nós da FHE somos muito fortes no acompanhamento, e a Healthcare Allience ajudará com a abertura de mercado pela conexão com os mais de 1.100 hospitais e 90 operadoras da MV. O desafio agora é encontrar boas startups que já estejam em processo de crescimento scale-up”, conclui Rafael.