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Fim de uma era: Michael Moritz dá adeus à Sequoia Capital

Saída serve para "estreitar sua relação" de advisor com a Sequoia Heritage, empresa de gestão de patrimônio que ele criou em 2010

Michael Moritz
Michael Moritz. Crédito: divulgação

Ao longo de mais de 38 anos, Michael Moritz se tornou um dos investidores mais renomados do venture capital, e seu nome se tornou sinônimo da Sequoia Capital, gestora que ele ajudou a tornar uma das maiores do mercado. Entretanto, a história chegou ao fim: Michael anunciou esta semana que está deixando sua posição de parceiro dentro da companhia.

Segundo afirmou o executivo em nota, sua saída serve para “estreitar sua relação” de advisor com a Sequoia Heritage, empresa de gestão de patrimônio que ele criou em 2010 e fez parte do conselho desde antão. Segundo destacou Moritz, a mudança é imediata, embora ele ainda deverá representar a Sequoia em algumas empresas onde a gestora tem participações. Entretanto, segundo afirmou o global managing partner da empresa, Roelof Botha, estes assentos serão transferidos para outros executivos ao longo do tempo.

“Estamos escrevendo para informar que Michael Moritz deixará a Sequoia Capital após quase 38 anos com a Sociedade, a partir de 19 de julho de 2023. Somos imensamente gratos por todas as contribuições de Michael. Ele ajudou a estabelecer a Sequoia como um dos principais grupos de investimento em tecnologia do mundo, tanto como líder da empresa por duas décadas quanto por meio de sua representação da Sociedade em empresas como Yahoo!, PayPal, Google, Zappos, Instacart, Stripe e Klarna, para citar alguns”, afirmou Botha, em comunicado.

Apesar de suas quase quatro décadas de trabalho na Sequoia, e de uma mudança para um papel menos ativo em 2012 em função de problemas de saúde, Michael Moritz continuou investindo com a gestora nos últimos anos, vários deles em rodadas recentes.

Por exemplo, ele faz parte do conselho da Getir, empresa turca de entrega instantânea; Instacart, empresa de entrega com sede nos Estados Unidos; Strava, a rede social para atletas; Klarna, empresa de pagamentos com sede em Estocolmo que no ano passado aceitou novos financiamentos com uma avaliação nitidamente mais baixa do que no ano anterior; e Stripe, com sede em São Francisco, que pode ser um dos maiores resultados da Sequoia até o momento.

O que é fato, entretanto, é que Michael está deixando de fazer novos investimentos, e isso já provocou reações fortes entre players do segmento, principalmente porque a Sequoia passou por uma série de outras mudanças recentes. Em um artigo publicado pelo Financial Times, um VC que investiu ao lado de Moritz e Sequoia disse que a saída dele corre o risco de deixar uma “lacuna de liderança” na Sequoia. “Já faz muito tempo, mas vem em um momento ruim”, afirmou a fonte.

E agora, Sequoia?

O momento ruim citado pela fonte tem a ver com recentes mudanças que a Sequoia Capital realizou, o que foi visto por alguns como abalos no que sempre foi uma das instituições mais sólidas no mercado de venture capital.

Em um dos movimentos mais dramáticos da história da empresa, ela anunciou, em junho, que havia decidido separar operações, com os fundos da Sequoia na China, Índia e Sudeste Asiático sendo relançados como novas empresas: HongShan e Peak CV Partners. A liderança da empresa colocou a decisão na conta do cenário geopolítico, afirmando que estava cada vez mais difícil para investidores norte-americanos investir na China e vice-versa.

A Sequoia também sofreu recentemente ao ser um dos fundos mais expostos ao colaposo da FTX, a exchange de criptomoedas na qual o fundo investiu mais de US$ 200 milhões, e que implodiu quase da noite para o dia devido à má administração.

De qualquer maneira, Michael não deverá trocar de endereço para trabalhar com a equipe da Sequoia Heritage, que recebeu US$ 150 milhões do próprio Moritz, US$ 150 milhões de Leone e US$ 250 milhões de investidores externos. Apesar de ser uma empresa separada, ela possui escritórios no mesmo prédio da Sequoia Capital.