
A próxima onda de crédito no Brasil será home equity, aposta Bruno Gama, que assumiu recentemente o cargo de CEO na FlowCredi, marketplace especializado em crédito com garantia de imóvel. A fintech acaba de levantar R$ 3,5 milhões em uma rodada pré-Seed liderada pelos fundos Verve Capital e Norte Ventures, e com participação de investidores anjo como Patrick Sigrist (iFood e Nomad), Rafael Duton (Movile), Leandro Abreu (investidor do QuintoAndar) e Gabriel Lacombe (investidor serial).
O mercado de crédito não é novo para Bruno, que em 2017 fundou a Credihome, ao lado de Caio Alfano e Deivid Bastos, que em 2024 criaram a FlowCredi. Vendida para a Loft em 2021, a Credihome conecta o cliente final com opções de crédito imobiliário.
Agora reunidos novamente, os três fundadores e os executivos Rodrigo Gordinho e Mayle Vaz, que possuíam cargos de liderança na Credihome, acreditam que o mesmo crescimento visto no crédito imobiliário será percebido no home equity – isto é, nas modalidades de crédito em que um imóvel quitado é usado como garantia para obter um empréstimo.
Segundo Bruno, essa modalidade de crédito deve encerrar 2025 com um volume anual de R$ 11 bilhões, podendo chegar a R$ 500 bilhões nos próximos anos. O segmento vem ganhando força após a sanção do Marco Legal das Garantias, que entrou em vigor em 2023 e modernizou as regras para esse mercado, permitindo, por exemplo, que se use o mesmo imóvel como garantia para mais de um empréstimo.
“Isso abriu o leque de oportunidades para se usar o ativo como garantia. Além disso, a tecnologia melhorou muito, o que ajuda a simplificar esse produto que é mais complexo que o crédito pessoal”, aponta o CEO da FlowCredi.
O timing também é favorável, diz o executivo, destacando que a população tem começado a entender melhor esse tipo de produto. O momento de juros altos também favorece essa modalidade, que oferece taxas bem mais baixas que créditos pessoais tradicionais, como cheque especial, e até mesmo mais baratas que o consignado.
Operando tanto em modelo B2B, quanto B2C, a FlowCredi pretende utilizar os recursos da rodada para desenvolver diferentes canais de venda. A ideia, explicou Bruno, é fazer parcerias com empresas dos segmentos de educação e saúde, por exemplo, para oferecer os empréstimos com garantia de imóvel para os clientes dessas instituições.
“Esse é um dos modelos em que a gente mais aposta. Temos buscado maneiras de oferecer uma plataorma white label e estamos experimentando 12 canais diferentes, que não são canais em que o home equity atua tradicionalmente. Por exemplo, entramos em educação, com faculdades de medicina, permitindo que famílias possam fazer esse empréstimo para pagar mensalidades. Outras possibilidades são em saúde, para pagamento de cirurgias, ou arquitetura, para reformas. Vamos desenhando esses canais com roupagens específicas”, explica o CEO.
Atualmente com um time de 31 pessoas, a FlowCredi também planeja usar parte dos recursos para novas contratações. “Estamos construindo recursos humanos especializados para atender cada um desses canais”, destaca Bruno.
O financiamento das operações e crédito é feito principalmente por meio de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs), além de fundos imobiliários.