Fintech

Agora a Celcoin quer focar 100% em infra financeira no B2B

Decisão vem no rastro da passagem de sua carteira de clientes ME - a Rede Celcoin - para a RecargaPay

Marcelo França, CEO da Celcoin
Marcelo França, CEO da Celcoin. Crédito: divulgação

Uma das fintechs mais em evidência no crescente mercado de infraestrutura de serviços financeiros – ou como alguns chamam, Banking-as-a-Service – para grandes empresas, a Celcoin acabou de tomar uma decisão para se concentrar totalmente neste mercado. Ela anunciou que o app de pagamentos RecargaPay vai assumir a operação de sua rede de serviços financeiros para PJs, a Rede Celcoin.

Segundo destacaram as duas companhias em nota, a movimentação permitirá à RecargaPay expandir suas ofertas para empreendedores e a Celcoin passa a se dedicar ao “fortalecimento da posição de liderança da companhia no mercado brasileiro de Banking-as-a-Service (BaaS) e embedded finance”, nas palavras da Celcoin.

Em nota enviada com exclusividade ao Startups, o CEO da Celcoin, Marcelo França, frisou que a parceria permitirá que a fintech concentre esforços e recursos em seu core business, o de infraestrutura de tecnologia financeira para clientes B2B enterprise.

“Com a transferência da carteira de clientes microempreendedores para a RecargaPay, a Celcoin se posiciona ainda mais como uma empresa voltada à entrega de soluções robustas para grandes empresas, combinando tecnologia inovadora e segurança para habilitar serviços financeiros que seus clientes finais demandam”, destaca Marcelo.

Conforme informações divulgadas pela própria Celcoin em seu site, a Rede Celcoin atende cerca de 33 mil pequenos e médios varejistas, em cerca de 3 mil cidades do país.

Com o acordo, agora estes clientes serão incentivados a operar pelo RecargaPay, que passa a entregar novos benefícios mais atraentes, como comissões mais altas (de R$0,80 para R$ 1,50 por boleto pago, por exemplo), enquanto a Celcoin permanece com o fornecimento da infraestrutura de tecnologia das operações.

Expectativas de um

Segundo Rodrigo Teijeiro, CEO e fundador do RecargaPay, a parceria para assumir a rede de agentes ME da Celcoin chega para consolidar sua empresa como uma das melhores opções para contas digitais PJ no Brasil.

Com esse movimento, fortalecemos nossa oferta para empreendedores e continuamos a buscar novas formas de expandir a carteira para essa categoria. Já contamos com mais de 9 milhões de clientes e queremos que cada vez mais lojistas possam gerar uma renda extra com os serviços da conta PJ RecargaPay”, explica Rodrigo, em comunicado.

Segundo dados divulgados no começo do ano, a RecargaPay teve mais de US$ 200 milhões em receitas no ano passado, com crescimento de 55%, e deve ter um ritmo de expansão parecido este ano, mesmo em um mercado em que a briga é acirrada, em meio a nomes como PagSeguro, Stone, CloudWalk (InfinitePay), entre outras.

Em nota, Rodrigo falou que a Celcoin é parceira de longa data da fintech, e o acordo trará ganhos significativos para ambas as partes. “Acreditamos que agora conseguiremos unir o melhor que cada companhia tem para oferecer, sempre em benefício do cliente, que está sempre no centro das nossas decisões”, completa o executivo.

Planos de outro

Do lado da Celcoin, agora o plano é acelerar em sua estratégia de entregar soluções em produtos financeiros, tanto em infraestrutura quanto em embedded finance, para grandes clientes.

“Acreditamos que, ao concentrar nossos esforços no mercado de BaaS e embedded finance, estamos bem posicionados para liderar a inovação no setor e oferecer um diferencial competitivo para empresas de qualquer segmento e estágio”, destacou Marcelo França, em nota enviada ao Startups.

Vale lembrar que recentemente a fintech levantou uma rodada de R$ 650 milhões liderada pela Summit Partners, investidor global de growth equity. O aporte foi em junho, pouco mais de dois anos depois da última captação, anunciada em abril de 2022.

De acordo com a companhia, o recurso apoiará os planos de expansão e consolidação da marca no cenário de infraestrutura financeira como serviço, estratégia que desde 2022 envolve movimentos de expansão inorgânica. A emprea já comprou a Galax Pay (de cobrança e subadquirência), Flow Finance (infra de crédito), Finansystech (de Open Finance) e Regulatório Mais (de regulação bancária).

Com foco em três verticais (pagamentos, banking e crédito), atende mais de 400 clientes no setor financeiro e mais de 5 mil companhias não financeiras. No primeiro trimestre de 2024, a fintech registrou receita anualizada de R$ 318 milhões. O valor representa mais do que o dobro em relação a igual intervalo do ano anterior.