Fintech

Alt.bank lança cartão white label e aposta fichas no B2B

Com solução criada em parceria com a Pismo, plano da fintech é chegar a milhões de clientes, indo além do Novücard

Leitura: 5 Minutos
Brad Liebmann, CEO do Alt.bank | Foto: divulgação
Brad Liebmann, CEO do Alt.bank | Foto: divulgação

A fintech Alt.bank deu seus primeiros passos no mercado nacional com o Novücard, cartão de crédito digital lançado em 2022 e que atualmente tem mais de 90 mil clientes. Entretanto, a companhia tem planos de levar sua tecnologia para um número bem maior de usuários, e para chegar lá, está colocando suas fichas em uma nova sigla – o B2B.

Para isso, a companhia acabou de lançar uma solução de cartão de crédito white label, apoiada por uma parceria estratégica com a Pismo. O movimento reposiciona a empresa no setor e amplia suas ambições de crescimento, mirando clientes de diferentes portes, indo de outras fintechs a grandes varejistas.

Segundo o norte-americano Brad Liebmann, fundador e CEO do Alt.bank, a decisão foi fruto de aprendizado com o próprio produto B2C, e começou no primeiro semestre do ano, quando a empresa lançou um motor de crédito próprio, que foi oferecido como um produto B2B para fintechs e instituições financeiras.

De acordo com o CEO, o passo para lançar um cartão white label tem a ver com a própria experiência da fintech. Segundo ele, lançar um cartão do zero é um processo complexo, que envolve mais de 20 parcerias e integrações distintas. “Isso vai de de bandeiras como Visa e Mastercard a fornecedores de antifraude, impressão, logística e outros”, destaca Brad, em conversa com o Startups.

Essa complexidade inspirou o Alt.bank para criar uma oferta de implementação rápida – um produto “turn key”, segundo Brad – capaz de encurtar processos e reduzir custos para empresas interessadas em ter seu próprio produto financeiro.

“Hoje, somos o jeito mais fácil no Brasil para lançar cartão de crédito. Em vez de passar por diversas interações e semanas ou meses de processos, é possível colocar o cartão na rua com a gente em 30 dias”, disse o CEO.

Movimento estratégico

Para chegar na agilidade esperada para o produto, o Alt.bank recorreu à Pismo, fintech brasileira comprada em 2024 pela Visa. Com a plataforma em nuvem e baseada em APIs da Pismo, a fintech conseguiu chegar ao formato “turn key” desejado, com suporte para recursos avançados como Pix Crédito, carteiras digitais, parcelamento e integrações com canais de venda físicos e online.

“Estamos oferecendo aos nossos clientes a chance de usar uma plataforma de última geração, reconhecida por sua escalabilidade, confabilidade e alinhada às melhores práticas regulatórias. Não se trata apenas de lançar cartões. Trata-se de destravar o crédito com inteligência, em um prazo recorde”, dispara Brad.

A proximidade evoluiu para um modelo de cooperação comercial. A Pismo passou a indicar empresas para a Alt.bank, especialmente aquelas que não conseguem arcar com projetos diretos na processadora, mas encontram na solução white label uma porta de entrada viável.

E onde fica o Novücard?

Apesar do foco redobrado no B2B, o Alt.bank pretende manter o Novücard – que atualmente conta com cerca de 90 mil clientes ativos – como parte importante de sua estratégia, mas com um foco ajustado.

Segundo Brad, nesse contexto, é permanecer como um produto de nicho — mas altamente estratégico. Em vez de competir na escala e na aquisição de clientes com gigantes como Nubank, o cartão serve de laboratório para validar features e melhorar a experiência que será oferecida aos clientes B2B. Em favor dessa estratégia, Brad cita o nível de engajamento da base existente, que segundo o CEO, é “altíssimo”.

“O Novücard é o nosso laboratório. Nós testamos tudo nele: usabilidade, novos produtos, detecção de fraude, interface. O feedback dos clientes gera otimizações contínuas. Assim, quando alguém entra na nossa plataforma, não recebe apenas APIs estáticas, mas serviços em constante evolução”, afirma.

Clientes na mira

Para Brad, o novo produto de sua empresa tem um mercado endereçável amplo. “No mercado brasileiro, os cinco maiores emissores concentram 70% das operações de cartão de crédito, e os 30% restantes representam uma oportunidade de milhões de clientes”, dispara.

A empresa mira três perfis principais: fintechs, companhias menores que buscam infraestrutura eficiente e varejistas interessados em explorar o crédito como forma de fidelização. “Qualquer grande vendedor pode lançar seu cartão conosco, seja private label ou de propósito geral. De grandes varejistas a players de nicho, nossa solução serve para todos”, destacou o executivo.

Conforme destaca o executivo, a nova oferta, lançada há poucas semanas, já tem seus primeiros clientes, prestes a lançar seus cartões. Um deles é uma fintech conhecida na América Latina, que vai estrear no Brasil com sua oferta de crédito apoiada na infraestrutura da Alt.bank, mas Brad preferiu não revelar o nome. Outro cliente é um grupo internacional que planeja lançar um cartão para sua base de meio milhão de clientes ativos no país.

Para o CEO da fintech, a meta é se posicionar de vez como um player especializado, a primeira escolha em crédito e cartão “as-a-service”, se destacando na concorrência com players de BaaS mais generalistas como Dock, Pomelo, Celcoin e outros.

“Estamos em um espaço sem concorrência direta, e a demanda é muito forte. Definitivamente veremos no futuro milhões de cartões sendo emitidos com a nossa plataforma. É só o começo”, completou.