A fintech Alume está ampliando sua atuação para ser um ecossistema de serviços financeiros para médicos e estudantes de medicina. A empresa, inicialmente focada no financiamento estudantil, lançou uma nova vertical de negócios na área de contabilidade, oferecendo serviços especializados para facilitar a rotina e segurança desses profissionais da saúde.
“Começamos a financiar os estudantes de medicina e, ao longo do tempo, percebemos que eles ficaram bastante perdidos no início da vida profissional. Muitos não tinham uma boa educação financeira para lidar com dinheiro, impostos e economias. Vimos a oportunidade de ajudar os clientes na próxima fase da carreira, depois de formados.”, afirma Pedro Silveira, CEO e cofundador da Alume, em entrevista ao Startups.
Segundo Pedro, o contador tradicional não estava bem preparado para atender às demandas específicas dos médicos no Brasil. “É um mercado de 80 mil contadores, mas a maioria atua de forma generalista, atendendo desde o mercadinho da esquina até a farmácia, o engenheiro e o médico. O contador não sabe necessariamente se comunicar com o médico, não conhece a sua realidade e, muitas vezes, não tem a tecnologia para prestar bons serviços de forma escalável”, observa.
Ele destaca que a maioria dos médicos brasileiros trabalha como pessoa jurídica, prestando serviços como plantões em clínicas, ambulatórios e UPAs. A vertical de contabilidade da Alume oferece a abertura PJ gratuita para todos os estados do país, além de assessoria contábil completa para auxiliar em todas as fases da carreira. A startup espera ajudar os profissionais a economizar nos impostos, reduzindo a carga tributária de forma legal e segura, e cuidar de toda a burocracia para que os médicos possam investir seu tempo no cuidado dos pacientes enquanto cumprem com suas obrigações fiscais, trabalhistas e previdenciárias.
Fundada em 2020 por Pedro e Felipe Weinfeld, a Alume já concedeu R$ 160 milhões em financiamento estudantil e conta com mais de 4 mil médicos e estudantes de medicina em seu ecossistema. Antes de lançar oficialmente a área de contabilidade, a fintech fez um teste de product market fit que resultou em mais de 500 clientes satisfeitos, o que contribuiu para que a startup integrasse permanentemente o serviço em seu portfólio.
Para atender às diversas realidades financeiras dos médicos, de recém-formados àqueles especialistas com a prática consolidada, a Alume lançou o plano Flex. O modelo de precificação se ajusta ao faturamento mensal do médico, começando em R$ 159 por mês, oferecendo uma solução mais flexível e compatível com cada fase da carreira profissional.
Ecossistema financeiro
Apesar de recente, os serviços de contabilidade da Alume já trazem projeções otimistas. “A nova área de negócios está se tornando relevante em termos de receita, e sabemos que este é um mercado em amplo crescimento”, analisa Pedro. A iniciativa visa atender à crescente demanda dos mais de 500 mil médicos que se formarão nos próximos dez anos no país, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM). Eles se somarão aos quase 580 mil profissionais já atuantes no setor. “O mercado brasileiro deve dobrar na próxima década, com mais de 1 milhão de médicos. Se a Alume atender 5% disso, já seremos um dos maiores escritórios de contabilidade do país”, afirma.
Como objetivos para a companhia, o empreendedor cita a contínua geração de valor para o cliente em todas as fases de sua jornada, posicionado a Alume como um ecossistema de serviços financeiros para o médico. “A vertical de contabilidade permite que a Alume seja não apenas um boleto para pagar a faculdade, mas sim um parceiro para toda a carreira. A ideia é trazer outros serviços e incrementar o portfólio para termos uma maior relação com os médicos”, destaca Pedro.
Embora a empresa esteja atualmente focada no crescimento das atuais linhas de negócio, o roadmap inclui soluções no mercado de seguros e investimentos para os médicos.
A expansão dos negócios chega pouco depois da startup captar R$ 39 milhões em um Fidc (Fundo de investimento em direitos creditórios) liderado pela japonesa Credit Saison. Os recursos visam consolidar a startup como a maior carteira de crédito estudantil no segmento médico brasileiro, ampliando a oferta de financiamento para estudantes e médicos recém-formados.