Fintech

Após compra pelo Bradesco, Aarin reforça estratégia de Lending as a Service

Startup aumentou a receita em 300% no último ano, e prevê crescer o faturamento de oito a 10 vezes em 2024

Aarin
Aarin, hub tech-fin especializado em Pix e embedded finance (Foto: Canva)

Há pouco mais de um ano, o Bradesco anunciava a aquisição da Aarin, hub tech-fin especializado em Pix e embedded finance criado em Salvador em meados de 2020. Desde então, muita coisa mudou para a startup, com direito a uma expansão física para o Sudeste do país, aumento de receita e avanços nas áreas de compliance e governança.

“O Bradesco é um arranha-céu construído há anos, que já performa, tem lastro e confiabilidade no mercado”, afirma Ticiana Amorim, CEO e cofundadora da Aarin, em conversa com o Startups. “Se tivéssemos seguido o caminho do venture capital, estaríamos tentando construir um novo e grandioso arranha-céu. Mas a Aarin nunca teve o objetivo de ser um castelo deste tamanho. Queremos abrir portas, construir pontes e oferecer uma tecnologia que apoie a distribuição de tudo o que está no arranha-céu. Por isso, optamos pela via do M&A.”

Segundo a executiva, a companhia chegou a ser abordada por outros grandes bancos interessados na aquisição, além de empresas da área de beleza e bem-estar que buscavam um parceiro com a base financeira para acelerar o roadmap dos negócios. “Fez sentido nos unirmos ao Bradesco, pois o acordo nos permitiria distribuir de maneira mais eficiente algo que já era bem estabelecido, e porque a instituição tem uma cultura de pessoas com valores muito próximos ao nosso”, explica.

O acordo foi anunciado em março de 2022 e concluído em agosto do mesmo ano. Embora o valor da aquisição não tenha sido divulgado, foi informado que o banco se tornaria acionista majoritário da startup e que ela seguiria operando de forma independente. Uma grande mudança pós-M&A, de acordo com Ticiana, foi o aumento da governança. Depois de se integrar com uma empresa de capital aberto do tamanho do Bradesco, a Aarin precisou adaptar-se internamente em termos de processos e segurança.

“Em um ano, avançamos e mudamos bastante nossa área de compliance, risco e regulação. Nossas demonstrações financeiras agora são auditadas pela KPMG. Somos uma instituição que faz parte do grupo S1 (que engloba os bancos maiores) e o mercado tem uma exigência maior. Startup tem mais licença poética para cometer erros. Agora, temos a necessidade de assumir uma maior responsabilidade”, avalia. Ela também destaca a oportunidade de melhorar o produto e distribuir a tecnologia para atender os clientes do Bradesco, que até então não eram atendidos pela Aarin.

Ticiana Amorim, CEO da Aarin
Ticiana Amorim, CEO da Aarin (Foto: Divulgação)

Foco no LaaS

A Aarin registrou um aumento de receita de 300% no último ano, e prevê crescer o faturamento de oito a 10 vezes em 2024. O próximo ano será focado em Lending as a Service (LaaS). “Construímos uma infraestrutura de crédito para que o Bradesco consiga emprestar para não correntistas. Entraremos em 2024 com foco total nessa estratégia, porque conseguimos usar toda a nossa tecnologia – sistema de contas, de processamento de pagamento e todo o sistema de simulação, contratação e distribuição de crédito. Cuidamos da parte tecnológica e o Bradesco fica com o que ele faz de melhor: a parte de análise de risco  e tomada de crédito”, afirma Ticiana.

A startup, que inicialmente tinha cerca de 21 colaboradores, hoje ultrapassa a marca dos 140, que estão espalhados pelo Brasil, sendo a maioria localizada em São Paulo. Isso porque a companhia recentemente fez a mudança da sua sede, saindo de Salvador para a capital paulista – um movimento que, segundo a CEO, foi motivado pela vontade de estar mais próximo dos clientes. “Olhamos a distribuição da nossa base de clientes e vimos que a maioria está em São Paulo”, explica.

O aumento do quadro de funcionários faz parte da estratégia de expansão na capital paulista. As contratações, ressalta Ticiana, são feitas com um olhar intencional para a diversidade. “O fato de termos nascido em Salvador já traz um outliner do eixo Faria Lima. A quantidade de mulheres, pessoas pretas e LGBTQIA+ é muito significativa”, pontua. Ela conta que mais de 50% do time é feminino, assim como cerca de 70% da liderança da empresa, o que resulta em impactos diretos na performance do negócio. “Uma equipe diversa reflete no crescimento acelerado, com foco no resultado. Quanto mais diversidade se tem no ambiente de negócio, mais visões sobre o mesmo ponto são formadas, e conseguimos ir mais adiante”, analisa.

A Aarin também está passando por um rebranding, reafirmando-se no mercado como um hub de Tech, Regulation and Service. O objetivo é se destacar como uma empresa de customização tecnológica onde tudo é possível, a partir do novo slogan “always possible”.