
A fintech Belo pode ter o mesmo nome do pagodeiro, mas ela vem de uma terra que tem fama de ser bem mais roqueira – a Argentina. Fundada em Buenos Aires, a startup cresceu no mercado local com sua carteira digital que permite pagamentos em Pix, e agora quer emplacar seu app também em terras brasileiras.
A empresa acaba de oficializar sua entrada no mercado brasileiro com o lançamento de sua carteira digital, parte de um plano agressivo de expansão, sem medo de competir em um dos mercado financeiros mais concorridos do mundo, com players de carteira global como Wise, Nomad, Revolut e outros.
A Belo nasceu em 2021, como uma fintech de transações em cripto e blockchain, um mercado onde a conterrânea Ripio fez seu nome. Entretanto, a companhia ajustou seu foco e está evoluindo para uma plataforma de pagamentos globais, conectando usuários latino-americanos a ecossistemas financeiros de outros países.
Conforme explica o cofundador e CEO Manuel Beaudroit, o plano para abrir espaço no mercado brasileiro é seguir com uma estratégia que funcionou até agora no mercado argentino – o turismo.
Segundo dados divulgados pela Belo em março deste ano, a companhia somou em 2024 mais de US$ 150 milhões em pagamentos processados, e grande parte deles vieram de turistas brasileiros na Argentina, que utilizaram o app para pagar via Pix sem IOF.
“O turismo foi um nicho que foi muito bem-sucedido para nós, com muitos comerciantes aceitando pagamentos. Agora no verão, em que muitos argentinos visitam o Brasil, temos uma grande chance de expandir com parceiros no Brasil”, avalia.
Para expandir, o foco será no crescimento orgânico, atraindo estabelecimentos para utilizar o meio de pagamento, e para isso a empresa está investindo em um time local. Atualmente, a Belo já tem cinco funcionários, e deve fechar o ano com sete a oito.
A empresa também aposta em boca a boca e no efeito de rede para gerar interesse e adesão ao app. “Muitos negócios no Brasil, em cidades como Florianópolis, estão colocando placas de Belo, de olho nos consumidores argentinos”, destaca.
Projeções
Segundo Manuel, com este “empurrão” na operação brasileira, a companhia quer fechar 2026 com cerca de 1 milhão de usuários no país, se somando à base de mais de 3 milhões que a empresa já contabiliza na Argentina e em outros 12 mercados de língua espanhola na América do Sul em que tem atuação.
Entretanto, segundo pontua o CEO, a meta para 2026 ainda é conservadora em relação ao potencial do mercado brasileiro, e a expectativa é duplicar ou triplicar esse número no ano seguinte. O plano é crescer de forma acentuada, mas sem se precipitar. “Temos nossa tese, mas queremos aprender passo a passo, porque sabemos a dificuldade do mercado brasileiro”
Perguntado se, para crescer no Brasil, a Belo pretende levantar novas rodadas, o CEO afirma que o objetivo é não precisar de uma. Segundo ele, a empresa apresenta uma posição robusta. “Somos uma empresa rentável, com fluxo de caixa positivo”.
Entretanto, para um mercado competitivo como o brasileiro, é melhor nunca dizer nunca. “Estamos abertos a, eventualmente, levantar alguma rodada nova”, completa.