Após os primeiros meses de operação, a Barte, fintech de pagamentos B2B para pequenas e médias empresas (PMEs), alcançou R$ 20 milhões em transações na sua plataforma até março. A partir dali, avançar significava amadurecer os canais de aquisição, o produto de pagamento e a vertical de crédito. Agora, o terceiro pilar dessa estratégia começa a tomar forma.
Nesta quarta-feira (8), a fintech anuncia que acabou de levantar R$ 20 milhões via debênture. É a terceira captação em 12 meses, depois das rodadas de equity — R$ 16 milhões em março e outros R$ 6,5 milhões em novembro de 2021.
Com a debênture, estruturada e coordenada pela também fintech Bamboo — que acaba de receber autorização da CVM para coordenar ofertas públicas –, a Barte prevê ampliar a vertical de crédito. Neste ano, a empresa já liberou R$ 60 milhões e espera chegar a R$ 100 milhões até dezembro.
“A nossa plataforma de pagamentos cresceu. Assim, entendemos cada vez mais quais são as áreas em que realmente tivemos que desenvolver o produto para agregar cada vez mais valor e para que os nossos clientes não só usem, como entrem na Barte, expandam a sua utilização e recomendem para outros”, afirma Caetano Lacerda, CEO e cofundador da Barte, ao site Finsiders.
Próximos passos
Para o próximo ano, a meta da fintech é aumentar a receita em 5 vezes. Isso não significa, é claro, que a fintech passará a emprestar a rodo. Até porque as taxas de juros de 12,25%, no Brasil, e entre 5,25% a 5,50%, nos EUA, não permitem tal prática.
De acordo com o empreendedor, a originação de crédito é fruto do trabalho empenhado no dia a dia. Na prática, isso quer dizer que a partir da área de pagamentos são identificadas novas oportunidades para a concessão do crédito. Os dados, portanto, são chave. A construção para ter uma oferta saudável passa pelos scores de crédito, que por sua vez dependem das informações de pagamentos das empresas.
“A nossa definição de meta se encora muito mais na receita da empresa, nos volumes processados e, não necessariamente, no crédito originado”, diz. “Gostamos de ser conservador nas políticas de crédito. O nosso crédito vem como uma segunda condição, uma condição de segunda ordem em cima do que é o produto de pagamentos, por onde a gente começa.”
Na outra ponta, os recursos são usados pelas PMEs para parcelar uma transação junto aos clientes, pagamento de fornecedores ou novos investimentos que visem o crescimento. O dinheiro é para objetivos de curto prazo, no período de alguns meses, o que varia de acordo com a indústria.
O negócio
A Barte ganhou corpo no mercado com uma plataforma para negócios que combina pagamentos e acesso a capital, para solucionar o gargalo de liquidez e fluxo de caixa das PMEs.
No final de 2022, a meta da startup era crescer 10 vezes ao longo de 12 meses. “A gente fez tudo isso e até mais do que o esperado”, diz o CEO. De fato, a evolução não é nada dispensável. Nos últimos sete meses, a receita cresceu 15 vezes — a empresa, porém, não abre os números absolutos.
“Com o nosso crescimento, a Barte é uma empresa que cada vez mais está se tornando sustentável. Ou seja, as nossas teses econômicas funcionam, os nossos fundamentos de negócio todos param de pé”, diz Caetano.
Cenário mais estável
A necessidade de aliar o desenvolvimento de produto com o fluxo de caixa é um claro sintoma do ‘inverno das startups’. Para Caetano, após o ‘boom’ de recursos entre 2020 e 2021 e a correção drástica no ano passado, o setor começa novamente a ser mais racional.
Neste cenário, poderia a Barte fazer a sua quarta captação nos próximos meses? O CEO entende que isso é “um ponto em evolução”. “Fizemos duas captações de equity, uma para montar um produto e uma segunda para reforçar o desenvolvimento dos produtos, construir a nossa máquina de aquisição e trazer maturidade para o braço de crédito”, diz.
“A gente entendendo que uma aceleração faz sentido, com os parceiros certos e com os perfis certos para trazer para a jornada da parte, a gente, sim, considera. Nunca está inteiramente fechado, nem inteiramente aberto.”