
Hora de baixar o percentual de inadimplência na sua base e recuperar o acesso ao crédito para cerca de 6 milhões de clientes. Com isso em mente, o Nubank acabou de lançar a sua maior campanha de renegociação de dívidas.
Chamada de “Recomeço”, a campanha oferecerá descontos de até 99,9% por tempo limitado a clientes selecionados. Conforme divulgou o neobanco em nota em seu site oficial, clientes elegíveis serão notificados, gradualmente, no aplicativo do Nubank com detalhes personalizados sobre suas opções de renegociação e próximos passos.
De acordo com a fintech, o programa foi criado para clientes que geralmente tem um bom histórico de crédito e engajamento. “O objetivo é apoiar e reconhecer a lealdade daqueles que não costumam ter dívidas recorrentes e têm um histórico positivo com a instituição, mas que podem ter enfrentado dificuldades financeiras”, disse o roxinho em comunicado.
Além das possibilidades de renegociação, o programa também servirá para ajudar clientes inadimplentes a recuperar o cartão da fintech, em duas diferentes versões: cartão de crédito tradicional ou cartão para construir limite.
“Estamos comprometidos em fornecer soluções personalizadas com as melhores condições possíveis, contribuindo para a saúde financeira de longo prazo. Queremos apoiar nossos clientes, que têm confiado no Nubank, a recomeçarem”, destacou Livia Chanes, CEO do “roxinho” no Brasil, em nota.
Para diminuir a inadimplência
O movimento do Nubank vem no rastro de um sinal de alerta. O neobanco perdeu R$ 51,8 bilhões em valor de mercado desde que divulgou, no dia 20 de fevereiro, os resultados de 2024. Segundo analistas, a queda em valor de mercado está diretamente relacionada ao crescimento acentuado na inadimplência que o neobanco teve nos últimos tempos.
No quarto trimestre de 2024, o roxinho contabilizou 7% de inadimplência acima de 90 dias, percentual acima dos 6,1% divulgados no mesmo trimestre no ano anterior. No terceiro trimestre de 2024, o percentual tinha sido ainda mais, de 7,2%, o que significa que houve uma melhoria entre outubro e dezembro do ano passado. Mas os patamares estão mais elevados do que o histórico da companhia. Entre outubro e dezembro de 2023, o índice era de 6,1%. Antes ainda, em 2021, o indicador estava na casa dos 3%.
Por outro lado, segundo analistas, a receita e crescimento da carteira não cresceu na mesma proporção para compensar o aumento na inadimplência. “Com a desaceleração, há uma preocupação com a inadimplência futura e esse ponto pegou bastante. É um efeito matemático: quando se coloca pouca carteira nova para dentro você começa a sentir mais o efeito da carteira que já existe”, diz Larissa Quaresma, analista do setor bancário da Empiricus, em relatório analisando o balanço do Nubank em fevereiro.
Atualmente, o Nubank soma cerca de 100 milhões de clientes em sua base, o que também gera outro desafio: a diminuição no ritmo de aquisição de clientes, o que coloca a geração de receita na conta dos novos produtos. E esses novos produtos, como crédito consignado, têm uma rentabilidade menor que a do cartão de crédito.