Ricardo Chalfin, CEO e fundador da Wind | Foto: divulgação
Ricardo Chalfin, CEO e fundador da Wind | Foto: divulgação

A Wind, fintech especializada em crédito condominial, tem cerca de um ano de mercado, mas já entra em uma nova fase para acelerar seu ritmo de expansão. Para isso, está lançando um FIDC próprio, estruturado para alavancar significativamente a capacidade de empréstimos da companhia.

Formado em parceria com a gestora Cupertino Capital, o FIDC também marca um reposicionamento da empresa, agora Wind Capital, uma holding composta pela fintech Wind e pelo fundo Wind Cupertino. Com o veículo, a empresa pretende emprestar R$ 100 milhões até 2026 — um salto diante dos R$ 15 milhões já concedidos com capital próprio.

De acordo com o fundador e CEO, Ricardo Chalfin, o aumento de capacidade de crédito também deve impulsionar a base de clientes. Hoje, a Wind atende cerca de 230 clientes — entre condomínios e fornecedores de serviços — mas a meta é triplicar esse número em um ano. “É uma meta conservadora. É número bem factível, tem chance de passar”, afirma o executivo, em conversa com o Startups.

O FIDC também simboliza o amadurecimento da empresa, que nasceu dentro de um “aquário” — uma tradicional administradora de condomínios do Rio fundada pela família de Ricardo. Segundo o CEO, no entanto, a fintech já cresceu a ponto de operar de forma independente, com um produto capaz de atender o mercado como um todo.

E, quando o assunto é mercado, Ricardo reforça que a meta de curto prazo da Wind ainda representa uma fração pequena do potencial do segmento. “O mercado condominial brasileiro movimenta mais de R$ 300 bilhões por ano, e tem pouquíssimos players especializados em crédito para condomínios. E os poucos que têm não entendem do mercado igual a gente entende”, diz.

Tecnologia própria

Segundo Ricardo, o grande diferencial da Wind é a tecnologia proprietária, um motor de IA desenvolvido internamente, que recebeu investimento de cerca de R$ 1 milhão. Com base nesse algoritmo, o sistema automatiza tarefas que vão desde scoring de fornecedores e condomínios até coleta de documentos, integração com RPs e análise de risco.

“Diversos créditos menores, abaixo de R$ 50 mil, podem ser aprovados automaticamente, sem passar por comitê”, explica. Na ponta, isso se traduz em impacto direto para os fornecedores. “O cliente falou: depois de eu ter conhecido vocês, minha empresa tinha 20 pessoas; hoje tem 40”, relata o fundador.

Embora a sede da Wind seja no Rio de Janeiro, Ricardo afirma que a tecnologia já permite atuação nacional, algo que será reforçado com o FIDC. Regiões como o Nordeste, inclusive, já despontam como polos de crescimento. “Eu acho até que a gente é maior no Nordeste”, comenta.

Captação e estratégia

Questionado sobre planos de buscar capital com investidores estratégicos, Ricardo revela que já foi procurado por fundos, mas não há pressa para uma rodada de equity. O CEO prefere valorizar a empresa antes de trazer novos sócios.

“Eu não quero, porque não preciso do caixa ainda. Se eu captar agora, vou estar captando por menos do que posso no futuro”, afirma. Segundo ele, o foco segue no core de crédito, evitando a pressão por novas avenidas de crescimento que vêm em rodadas de venture capital.

Apesar disso, Ricardo admite que há caminhos promissores para expansão: garantidora, seguros, produtos para pessoa física ou até contas condominiais, o que colocaria a Wind no mesmo ringue de soluções como a CondoConta. Ainda assim, a disciplina estratégica prevalece.

“Eu primeiro quero transformar o crédito condominial no Brasil. Quero unir tecnologia, trabalho humano, agilidade, transparência, compliance e boa reputação”, afirma. “Só depois disso virão novos produtos”, conclui o CEO.