Fintech

Com parceria da Amazon, Open Co quer emplacar BNPL no Brasil

Fintech de crédito agora é o fornecedor de BNPL da Amazon, e tem planos de fechar contratos com mais grandes players até o fim do ano

Como parceira de BNPL da Amazon, Open Co mira novos clientes e maior visibilidade para o modelo de pagamento. Foto: Canva
Como parceira de BNPL da Amazon, Open Co mira novos clientes e maior visibilidade para o modelo de pagamento. Foto: Canva

Em um mercado como o brasileiro, onde o parcelado no cartão se tornou um modelo campeão para as compras online, a impressão é de que o Buy Now Pay Later não teria o mesmo apelo que levantou lá fora. Entretanto, para a Open Co e sua marca Geru, dá para acreditar sim no BNPL, e a fintech fechou um acordo de peso para impulsionar a adoção deste modelo de pagamento no Brasil: a Amazon.

Utilizando a tecnologia de BNPL da Geru (GeruPay), o site brasileiro da Amazon lançou uma opção de parcelamento sem cartão, permitindo o pagamento em até 24 vezes, para compras de até 10 mil. Segundo o cofundador e CTO, Francisco Ferreira, a novidade chega não apenas como um “empurrão” nas transações de BNPL da fintech.

“Concretizar uma parceria como essa nos dá as expectativa de não apenas trazer novos clientes, mas também de dar maior visibilidade para o modelo de Buy Now Pay Later”, diz o executivo, em conversa com o Startups.

A aposta da Open Co para emplacar o BNPL no lugar do parcelamento no cartão está no valor dos tickets e nos prazos. Segundo Francisco, o financiamento no e-commerce está bem diferente dos tempos das doze vezes sem juros no cartão, e a proposta da fintech é ser a alternativa de financiamento para consumidores que precisam de prazos mais longos, em até 24 vezes, sem usar o limite do cartão.

“Acho que o parcelado no cartão vai ocupar um espaço de parcelamentos mais curtos e tickets menores, e o BNPL pode pegar esses financiamentos e prazos maiores, uma geladeira, um notebook, por exemplo”, avalia.

Francisco não abriu expectativa de números transacionados ou de faturamentos com o BNPL a partir do GeruPay, mas segundo ele, para o ano que vem é de movimentar “centenas de milhões de reais”, representando uma fatia considerável no bolo da receita da fintech, que hoje ainda tem a maior parte de seus ganhos em produtos de crédito pessoal e capital de giro para pequenas empresas. Até hoje, a companhia já concedeu mais de R$ 5,3 bilhões em créditos aos seus clientes.

Aliás, para impulsionar ainda mais seu produto de BNPL, a Open Co está confiante no fechamento de novas parcerias com grandes players de e-commerce, inclusive com dois a três novos contratos de peso sendo firmados até o fim de 2024.

“Olhando os próximos 12 meses, espera não apenas uma aceleração considerável de originação de crédito no BNPL, mas também com uma experiência mais completa”, pontua.

Eu acredito no BNPL

Para os brasileiros, que amam um parcelado e um crediário, o BNPL pode não ser uma novidade tão grande, diferentemente do hype que a solução gerou alguns anos atrás em mercados como o europeu e norte-americanos, onde o parcelamento de compras não é algo tão difundido. Foi isso que fez nomes como Klarna e Affirm (parceira da Amazon nos EUA) despontarem e levantarem rodadas gigantes junto a investidores.

Entretanto, nos últimos tempos parece que o BNPL falhou em ter o crescimento esperado pelo mercado, com empresas como a Laybuy fechando as suas portas e outras como a Klarna e Sezzle tendo que reajustar agressivamente suas perspectivas de crescimento – ou fazendo downrounds massivos para captar mais grana.

Para Francisco, porém, o problema do BNPL lá fora não foi tanto sobre a tecnologia ou sobre a adoção – que viu uma queda de crescimento em 2023, mas continuou crescendo, chegando a um valor de mercado de US$ 34 bilhões em 2024 – mas sim sobre os valuations inflados.

“Lá fora teve um hype desproporcional e expectativa de crescimento exponencial, mas não foi isso o que aconteceu, o que obrigou investidores e empresas a corrigir seu curso”, avalia. “Aqui no Brasil, eu acredito que o mercado tá evoluindo, e os e-commerces enxergam a necessidade do BNPL, veem a vantagem nesse modelo”.

Francisco Ferreira, CTO e cofundador da Open CO. Foto: divulgação
Francisco Ferreira, CTO e cofundador da Open CO. Foto: divulgação

Em um ano, a aceitação do BNPL passou de 11% para 18% no primeiro trimestre deste ano, no comércio eletrônico no Brasil, segundo relatório do Morgan Stanley. No início de 2022, esse percentual era de apenas 3%.

No caso da Open Co, Francisco mantém os pés no chão, mas está otimista, especialmente com os números que a empresa tem observado este ano. “Observamos uma redução da inadimplência em boa parte de nossas carteiras e isso nos coloca em uma perspectiva saudável de crescimento”, pontua.

O que vem por aí?

Falando da Open Co como um todo, Francisco ressalta que 2024 foi um ano de ajustes finos nos produtos e na estratégia, vindo de um 2023 de aceleração inorgânica, em que a empresa fez duas aquisições. Uma delas foi a Biz Capital, de crédito B2B para PMEs, o que se transformou no produto Mais Biz. A outra foi da BoletoFlex, startup catarinense também de BNPL.

Apesar dos movimentos de expansão, 2023 também foi um ano de cortes na Open Co, em fevereiro do ano passado, em meio à onda generalizada de layoffs que aconteceu em inúmeras startups do país, a companhia dispensou cerca de 15% dos seus colaboradores.

Entretanto, Francisco diz que a fintech hoje vive um momento bem mais saúdável. “Nos focamos em impulsionar produtos como o GeruPay, o MaisBiz, focando em experiência e para acertar os modelos de crédito, assim como trazer mais parceiros para o nosso ecossistema”, pontua.

A última rodada da Open Co foi em 2021, pouco tempo depois de surgir a partir da fusão das fintechs Geru e Rebel. Na ocasião, ela levantou R$ 600 milhões em um aporte liderado pela gigante SoftBank, o que foi instrumental nos M&As que a companhia fez depois.

No começo deste ano, a fintech captou R$ 50 milhões por meio de um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) para impulsionar seu produto MaisBiz.

Perguntado pela reportagem do Startups sobre a possibilidade de novas aquisições para crescer, Francisco diz que a empresa está sempre olhando o mercado, mas não tem nada engatilhado. “Esse ano passamos principalmente refinando e integrando as soluções que compramos ano passado, mas pode ser que no ano que vem tenhamos alguma novidade”, finaliza o cofundador da Open Co, deixando o suspense no ar.