Apesar do pouco tempo de mercado (cerca de dois anos), a GooRoo tem ambições altas a curto prazo – a de ser a principal fintech no segmento de crédito consignado privado no país. Para acelerar rumo a este objetivo, ela acabou de levantar R$ 200 milhões em uma operação de FIDC com a Ouro Preto Investimentos e o Banco Ribeirão Preto.
De acordo com a fintech, o movimento responde a uma demanda por crédito mais acessível, com spread mais baixo que o oferecido pelos grandes bancos. Com uma maior capacidade de concessão de crédito, a companhia quer fechar o ano com cerca de 2 mil empresas conveniadas e 500 mil CPFs aptos a tomar crédito pela sua plataforma, praticamente o dobro do que tem em sua base atualmente.
De acordo com o CEO da GooRoo, Rodolfo Takahashi, o FIDC é um passo grande na estratégia da GooRoo, que até então era financiada majoritariamente com recurso próprio dos fundadores – o outro sócio é Walter Morrone, ex-Citi e que vendeu a sua fintech Consiga+ para a Neon em 2020. A única operação externa de funding da GooRoo até então tinha sido com a SRM, que concedeu R$ 20 milhões no ano passado.
“À medida que fomos crescendo, aparecendo para potenciais grandes empresas e maiores volumes de empréstimo, percebemos que precisávamos de mais dinheiro para disponibilizar, e o FIDC foi a solução escolhida”, explica Rodolfo, em conversa com o Startups. “A tranche é de R$ 200 milhões, mas pode aumentar, dependendo do tamanho do apetite do mercado”, completa o CEO.
Atualmente, 60% dos clientes da GooRoo são pequenas e médias empresas, e o restante são companhias maiores, acima de mil colaboradores. Entre a lista de empresas conveniadas estão Simpar, Sonda IT, Pluma e Orbenk Facilities. Quanto aos empréstimos, o ticket médio da fintech é de R$ 4,5 mil, com taxas na casa dos 3,7%.
Segundo avalia o executivo, o apetite por estes produtos pode crescer e rápido. A meta da empresa é transformar essa carteira de R$ 200 milhões em um volume de crédito concedido de mais de R$ 2 bilhões em cerca de dois anos. “O mercado de crédito consignado privado é de apenas R$ 40 bilhões, é pouco em comparação com o público, que é de R$ 600 bilhões”, completa.
Aliás, até o Governo Federal tem tomado medidas para impulsionar a prática do consignado privado como uma alternativa aos altos juros dos empréstimos pessoais nos bancos. No começo do ano, o governo lançou a plataforma do FGTS Digital, um mecanismo que permitirá a trabalhadores conseguir empréstimos consignados sem a necessidade de autorização da empresa empregadora.
Próximos passos
Com a tecnologia e, agora, a injeção de fundos, a GooRoo quer colocar o pé no acelerador, aproveitando sua capilaridade junto às empresas conveniadas para trazer mais clientes e crescer organicamente. “A gente não quer aumentar o ticket, mas sim distribuir mais a oferta”, pontua Rodolfo.
Contudo, isso não quer dizer que a empresa não esteja olhando para possíveis investidores. Segundo o CEO, para 2025 está na mesa a opção de negociar com os fundos, investindo mais em tecnologia e estratégia de crescimento. “O consignado privado é um produto que ficou muito tempo à margem do mercado, e agora que estamos desenvolvendo as tecnologias que permitem fazer isso em escala”, avalia.
Para a Ouro Preto Investimentos, a operação com a GooRoo é parte de uma estratégia anunciada recentemente, a de aumentar a oferta de FIDCs para essas fintechs de crédito, oferecendo, além dos recursos, sua experiência em análise de risco.
Em entrevista exclusiva ao Startups em julho, João Baptista Peixoto Neto, CEO da Ouro Preto Investimentos, destacou que o plano é passar dos sete FIDCs atuais destinados às fintechs para cerca de 50 ainda este ano. Ao todo, a gestora possui 125 fundos – sendo 93 FIDCs – e R$ 10 bilhões sob gestão.
“Iremos entrar em uma nova e segunda onda de fintechs, mais preparadas que aquelas de 5 a 10 anos atrás e, o FIDC, será a principal estrutura financeira dessas startups”, disse João, em nota.