A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) acaba de deferir o pedido da SMU Investimentos, plataforma de equity-crowdfunding, para a prorrogação do seu Mercado de Startups, rede de mercado secundário para empresas de tecnologia em caráter experimental. O próximo passo da empresa é pedir a licença definitiva.
Lançado em março deste ano no âmbito do sandbox regulatório da CVM, o Mercado de Startups (antiga Estar) tinha licença concedida pelo regulador para funcionar por apenas 12 meses. Desde o começo, porém, os fundadores trabalhavam para estender esse prazo, o que foi confirmado nesta quarta-feira (2). Agora, a iniciativa vai até setembro de 2024.
“Essa é uma oportunidade para todo o mercado, pois demonstra o grau de maturidade que plataformas e investidores estão alcançando em conjunto com um órgão regulador atento às inovações. A renovação indica que estamos no caminho correto e também serve como um impulso para o crescimento e desenvolvimento contínuo do nosso mercado”, afirma Pedro Rodrigues, CEO do Mercado de Startups SMU, em comunicado.
A iniciativa ganhou força ao colocar à disposição dos usuários os tokens do seu próprio mercado secundário de startups, da Radix (greentech de reflorestamento de mogno-africano), do Grupo Muda (de gestão de resíduos sólidos e economia circular) e da More.co (proptech de imóveis modulares por assinatura).
Panorama
Até aqui, 1.079 investidores fecharam 2.034 negócios, movimentando 6.284 tokens. No total, já foram investidos R$ 233,6 mil em startups por meio da plataforma. O projeto poderá listar até 10 empresas de tecnologia, sendo seis de captações da SMU e quatro de outras plataformas.
Uma observação importante é que os tokens listados no mercado secundário podem ter feito suas captações no mercado primário em outras plataformas. Outro ponto é que as startups só podem negociar entre 5% a 10% do captable no mercado secundário — bem diferente do que acontece nas bolsas de valores, por exemplo.
Pelo aporte, os investidores recebem o dinheiro investido mais um acréscimo referente aos juros. No caso da More.co, o retorno após 36 meses era de 51,70%.
Em poucos meses, a iniciativa da SMU já atingiu um market cap de R$ 10 milhões. A previsão é alcançar entre R$ 20 milhões a R$ 30 milhões até o fim deste ano.
Ambiente experimental
No primeiro ciclo do seu sandbox regulatório, a CVM recebeu 33 propostas, sendo que quatro delas foram aprovadas a operar de forma temporária. Além da SMU, integram a iniciativa o Basement, a BEE4 e a Vórtx QR Tokenizadora — essas duas últimas também já tiveram a extensão do prazo aprovada pelo regulador.
O modelo de sandbox — tradução literal de ‘caixa de areia’ — é um ambiente experimental, que busca fomentar a inovação com menor custo regulatório. O formato é adotado por diversos países europeus e asiáticos, como Austrália, Reino Unido, além de países na África e no Oriente Médio.