A Neon vive um momento especial – e quem diz isso não somos nós do Startups. De acordo com os próprios executivos da fintech, o cenário é de otimismo, impulsionado por números positivos em 2025 e pela rodada robusta de R$ 720 milhões fechada em julho. Agora, o próximo passo é acelerar o ritmo de crescimento, começando com um reposicionamento estratégico (ou rebranding, se preferir chamar assim).
“Estamos em um momento em que o investimento feito nos últimos três anos — de construir uma operação sustentável, chegar ao breakeven e se tornar lucrativa — está se concretizando”, afirma Wilton Pinheiro, VP de Produtos e CTO da Neon, em conversa com o Startups.
Segundo o executivo, o primeiro semestre trouxe o melhor desempenho da história da empresa, com receita de R$ 1,7 bilhão em intermediações financeiras — alta de 38% em relação ao semestre anterior e de 64% frente ao mesmo período de 2024. No período, a fintech registrou perdas de R$ 35 milhões, queda de 87% em relação ao prejuízo de R$ 265 milhões de um ano antes.
Wilton destaca, porém, que a companhia conseguiu dois semestres seguidos com lucro líquido. Na primeira metade de 2025, o resultado positivo foi de R$ 9,3 milhões. “Oscilações desse tipo são comuns no setor, mas estamos no caminho do lucro recorrente, construindo uma trajetória consistente de rentabilidade e expansão”, afirma o CTO.
Um dos gatilhos para esse ganho de rentabilidade foi o portfólio de crédito, que cresceu 19%. Além disso, a companhia vem ampliando gradualmente seu ritmo de aquisição de clientes. “Abrimos 2,4 milhões de novas contas no semestre, 23% a mais que no período anterior”, destaca.
Segundo dados divulgados pela Neon em fevereiro, a empresa possui aproximadamente 32 milhões de usuários, ficando atrás de outros neobancos como Inter, PagBank, Mercado Pago (que se “assumiu” recentemente como banco digital) e o líder Nubank, com mais de 100 milhões de clientes.
“A concorrência está acirradíssima, isso é fato. Ela é boa para o consumidor e para entregar serviços cada vez melhores. Mas nosso foco para crescer é o cliente, não ficamos olhando demais para o que os outros estão fazendo. Apenas notamos que há muito consumidor em outros aplicativos que não está satisfeito”, dispara.
Nova marca e novo equilíbrio
Para combinar com o novo momento, a Neon investiu em uma nova marca. O reposicionamento nasce com a campanha “Pra Você Viver no Azul”, uma identidade visual renovada, e até vídeo promocional com veiculação no intervalo da novela das 9h na Rede Globo.
Segundo o CTO, o movimento reflete uma evolução da fintech ao lado de seus clientes, em sua maioria pessoas das classes C+ e B-.
Na visão de Wilton, a mudança também traduz uma nova filosofia da empresa, que agora busca crescer sem os solavancos e exageros dos tempos de valuations inflados e “hypes de unicórnio”, como o de 2022, quando o banco espanhol BBVA comprou uma fatia do negócio por R$ 1,6 bilhão.
“É uma nova marca para um novo ciclo de crescimento. É a junção de pequenas melhorias em diferentes frentes, que convergiram nesse crescimento sustentável”, explica Wilton. “Encontramos um equilíbrio diferente em relação a como operávamos cinco ou seis anos atrás”, completa.
Esse novo equilíbrio ajudou a Neon a atrair investidores em julho passado. Com a chegada dos fundos IFC e DEG, que se juntaram ao BBVA e à General Atlantic no captable, a fintech fechou sua Série E em um total de R$ 720 milhões.
“A Neon tem uma boa liquidez, com mais de R$ 1 bilhão em caixa. No entanto, como instituição financeira, é o capital que nos dá capacidade de seguir crescendo e investindo”, afirmou Jamil Marques, VP de Operações da Neon, em conversa com o Startups na época da rodada.
Com o caixa reforçado, a empresa investiu em inovação, lançando produtos como Pix Automático, integração ao Apple Pay, recursos de Open Finance e ferramentas de IA para cobrança, segurança e experiência do cliente. Além disso, a Neon está remodelando o produto de crédito consignado existente para lançar o crédito ao trabalhador.
“Temos um conjunto de soluções muito bom, mas ainda pouco conhecido. Queremos posicioná-lo de forma mais atraente para nosso público-alvo”, conclui Wilton.