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Exclusivo: NG.Cash absorve base de clientes da Z1

Com a operação, NG.CASH soma mais de 6 milhões de clientes e passa à frente do Nubank em número de contas para menores de 18 anos

Cartões da NG.Cash e da Z1 (Foto: Divulgação)
Cartões da NG.Cash e da Z1 (Foto: Divulgação)

A NG.CASH, fintech que oferece conta digital para a geração Z, vai absorver a base de usuários da Z1, sua concorrente. Com isso, a NG.Cash ultrapassa a marca de seis milhões de usuários e passa na frente do Nubank na preferência de quem tem menos de 18 anos. Em maio, o roxinho tinha anunciado a marca de três milhões de clientes nessa faixa de idade. A NG.Cash também vinha falando nesse número de contas.

João Pedro Thompson, CEO e cofundador da Z1, conta que a união das fintechs já era uma possibilidade considerada há tempos. “Sempre fez muito sentido”, afirma João, em conversa com o Startups. Ele diz que percebe sinergias entre as empresas desde o início das operações e que, embora cada uma tenha seguido seu próprio caminho, a ideia sempre esteve presente na visão dos fundadores. O movimento começou a ser negociado de fato em dezembro de 2024.

“Em um mercado altamente competitivo, como o de bancos digitais, a decisão de unir forças se mostrou estratégica. São dois players com conhecimento muito aprofundado na geração Z e nas pessoas mais jovens”, pontua. Ele ressalta que a integração das bases traz vantagens significativas: “Um player mais consolidado, com uma maior quantidade de clientes, tem mais base para levantar capital e desenvolver mais produtos. Fica mais simples”, avalia.

Para a NG.Cash, o movimento cria um ecossistema econômico mais robusto para os jovens brasileiros, assegurando que todos os clientes possam seguir acessando seus saldos e funcionalidades sem custos adicionais. “Estamos construindo uma plataforma ainda mais completa, conectada com as necessidades reais dos jovens, trazendo autonomia e inovação para milhões de usuários”, afirma Mario Augusto Sá, CEO da NG.Cash, em comunicado.

Com a transferência da base de clientes, a NG.Cash seguirá como marca principal, e a Z1 deixará de existir. “É uma decisão difícil, porque construímos a Z1 do zero, mas faz sentido. Manter as duas marcas coexistindo poderia gerar canibalização, já que há um grande overlap de base”, explica João Pedro.

Unindo forças

Fundada no Rio de Janeiro, a NG.Cash nasceu como Neagle Bank em 2018, a partir de um projeto da PUC-RJ. O nome surgiu da relação com os YouTubers Victor Trindade (Eagle) e Gabriel Soares (Neox). Em 2021 ela assumiu a forma atual. Em maio de 2024, a fintech levantou R$ 65 milhões em uma rodada liderada pela monashees, com a participação de Andreessen Horowitz (a16z), 17Sigma, Tekon e The Generalist. Na ocasião, a NG.Cash relatou ter mais de 2 milhões de usuários. O aporte veio 20 meses após o seed, totalizando mais de R$ 125 milhões captados e R$ 2 bilhões transacionados pela empresa.

Já a Z1 foi fundada em 2021, com o objetivo de introduzir jovens e adolescentes ao mundo financeiro de maneira fácil e responsável. A startup levantou R$ 54 milhões em 2023, em uma rodada de investimentos liderada pelos fundos Homebrew, Parade Ventures e Kindred Ventures, com participação de Y Combinator, MAYA Capital, Clocktower, Gaingels, Costanoa, Newtopia, SquareOne e The Fund.

João Pedro revela que a startup chegou a fazer uma extensão da rodada em 2024. “Foi um aporte pequeno, feito com investidores que já eram de casa”, conta. Segundo ele, a Z1 chegou a considerar uma nova captação em 2025, mas optou por não seguir em frente. “Entendemos que a oportunidade com a NG.Cash fazia mais sentido”, conclui.

Em dezembro de 2024, a Z1 fez uma demissão em massa do seu quadro de funcionários. Uma lista provisória divulgada nas redes sociais consta mais de 70 colaboradores desligados. Os cortes afetaram diversas áreas da empresa, incluindo marketing, compliance, customer experience (CX), financeiro e tecnologia backend.

“Esse é um dos efeitos colaterais ruins da nossa decisão. Ao aumentar a base de usuários não precisa aumentar o número de pessoas na mesma proporção. Apesar de triste, as demissões foram algo natural do movimento que fizemos”, afirma João Pedro. O CEO destaca que a Z1 ofereceu um pacote de benefícios para apoiar os funcionários demitidos, incluindo a extensão do plano de saúde por três meses, a prorrogação do cartão Flash por dois meses e ajuda na recolocação.

Próximos passos

Em comunicado, a NG.Cash afirma que a integração da base de clientes da Z1 foi planejada para ser fluida e sem interrupções. O objetivo é garantir que todos os clientes migrados encontrem uma plataforma ainda mais preparada para suas necessidades financeiras. A partir desta quinta-feira (13/02) as contas da Z1 já estarão integradas à NG.Cash.

Segundo João Pedro, a Z1 está comprometida em garantir que a transição seja o mais suave possível. “Não queremos deixar ninguém na mão”, pontua. Após esse período, os fundadores da Z1 seguirão seus próprios caminhos e não assumirão cargos na NG.Cash. “A NG.Cash já tem um ótimo time de executivos, e não havia necessidade de mais pessoas. Temos confiança neles para passar o bastão”, explica.

De acordo com a NG.Cash, além dos serviços já conhecidos, os usuários terão uma experiência ampliada com a inclusão de um cartão de crédito pré-pago personalizado, opções de skins exclusivas e compatibilidade com carteiras digitais como Apple Pay, Google Pay e Samsung Wallet. Também contarão com um assistente financeiro com inteligência artificial via WhatsApp para controle de gastos e transações PIX, cofrinhos com rendimento de 100% do CDI e metas financeiras que incentivam educação e planejamento financeiro.

A plataforma oferecerá ainda seguros contra fraudes e roubos, proporcionando mais segurança no dia a dia, e a opção de compra e venda de criptoativos, facilitando o acesso ao universo dos investimentos digitais.