Juros altos

Fintechs têm espaço para ampliar crédito, afirma Serasa

Com recomendação do BC por cautela na concessão de crédito, Serasa aconselha que fintechs façam repescagem dos CPFs negados

Serasa Experian. Foto: Divulgação
Serasa Experian. Foto: Divulgação

Em tempos de juros e inadimplência em alta, o Banco Central tem recomendado cautela na concessão de crédito. No entanto, um estudo realizado pela Serasa Experian e oferecido com exclusividade ao Startups, afirma que há espaço para que as fintechs ampliem a oferta, de forma segura, em até R$ 4 milhões por empresa.

O Comitê de Estabilidade Financeira (Comef) do BC divulgou nesta quarta-feira (20) um comunicado alertando para uma tendência de deterioração das condições de oferta de crédito e menor tolerância ao risco por parte das instituições financeiras.

“Na visão do Comitê, o cenário, caracterizado por elevação da taxa básica de juros e pelos níveis atuais de inadimplência, comprometimento de renda e endividamento das famílias, bem como pelo endividamento das empresas, requer cautela e diligência adicionais na concessão de crédito, tanto na qualidade dos empréstimos quanto no apetite ao risco”, aponta o comunicado.

De acordo com a Serasa, porém, é possível expandir a oferta de crédito por meio de um modelo de repescagem de negados, ou seja, reavaliando novos clientes que tiveram o crédito recusado num primeiro momento, mas que podem ser elegíveis com uma análise complementar.

É o caso de consumidores que possuem dívidas de baixo risco, por exemplo, e acabam tendo um crédito negado por conta de uma análise superficial. Embora, na prática, eles tenham um histórico que não é tão arriscado.

Com essa repescagem, a Serasa estima que cada fintech poderia aumentar sua concessão de crédito em cerca de R$ 4 milhões – ou aproximadamente 20% da sua oferta atual.

Para Fernando Galbiatti, diretor de Ofertas B2B da Serasa Experian, esse segundo olhar sobre os clientes que foram previamente recusados é essencial para que as fintechs consigam aumentar receita, sem custo adicional de aquisição – uma vez que o cliente já chegou até a empresa – e manter o nível de inadimplência previsto em sua política de crédito.

“Com a repescagem de negados, uma fintech que hoje aprova 25 de cada 100 solicitações de crédito, por exemplo, pode, numa segunda análise, passar a aprovar quase 30 e, com isso, ter mais competitividade, à medida que não deixa esses clientes irem para a concorrência”, afirma.

O executivo acrescenta que essa repescagem não altera os níveis de inadimplência, mas permite que consumidores com boas condições acessem crédito, sem ter que recorrer a modalidades com juros mais altos.

“Um consumidor pode, por exemplo, não apresentar informações mínimas que permitam o acesso ao crédito, mas seu CPF pode estar atrelado a uma MEI do qual ele é sócio e pode estar gerando receita recorrente. Esse é um exemplo dos vários que perfis que podem ser detectados ao analisarmos novamente os CPFs rejeitados. Essa estratégia pode ser muito interessante, em especial para as fintechs, uma vez que permite testar hipóteses, adotar uma estratégia mais agressiva por alguma sazonalidade ou expandir gradativamente sem alterar a política de crédito vigente”, aponta Fernando.