Ao perder um ente querido, os herdeiros têm que lidar com o luto enquanto se deparam com questões práticas complexas. A principal delas é o inventário, processo em que se identifica e distribui os bens, direitos e dívidas do falecido. Um dos principais desafios neste momento, além de navegar pela burocracia dos processos, são os altos custos relativos a taxas de cartório e honorários dos advogados – que muitas vezes inviabilizam que a família consiga dar seguimento com o processo.
Foi pensando nisso que o empreendedor Daniel Duque decidiu criar a Herdei, que reúne, em uma única plataforma, gestão de inventário, organização patrimonial e serviços financeiros voltados exclusivamente a herdeiros e famílias que buscam simplificar processos sucessórios.
Economista de formação e com algumas startups e ventures em seu histórico, Daniel (CEO) se uniu ao advogado Gustavo Costa (COO), especializado em sucessão, para fundar a Herdei em 2023, de olho em um mercado com potencial para movimentar aproximadamente R$ 5 bilhões por ano, segundo projeções conservadoras da empresa.
A Herdei começou a operar em abril de 2024, com o diferencial de ajudar as famílias que acabavam deixando de fazer o inventário por falta de recursos a arcar com as despesas iniciais do processo. A situação muitas vezes se agrava porque o prazo para abrir um inventário no Brasil é de 60 dias a partir da data do falecimento. Depois desse período, pode haver cobrança de multa, dependendo do estado.
“São custos com cartório, advogado, a parte documental, com despachante. Tudo isso entra. Nossa ideia era montar uma fintech que permitisse o parcelamento desses gastos”, explica Daniel, em entrevista exclusiva ao Startups.
Atualmente, a empresa cobra taxas de 2,9% ao mês. Os recursos para a concessão de crédito são obtidos por meio de um fundo parceiro, mas os planos da empresa envolvem a criação de um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) próprio no futuro próximo.
O valor médio dos parcelamentos feitos pela Herdei é de R$ 100 mil, mas já houve casos de valores mais altos, como R$ 400 mil. Até o momento, a fintech já atendeu a cerca de 200 clientes com esse produto – e pretende chegar a 1 mil clientes até o fim do ano.
Segundo Daniel, ainda não existe uma empresa que ofereça esse tipo de solução para famílias que estão em processo de inventário. O CEO aponta que hoje são feitos cerca de 250 mil inventários por ano no Brasil – o objetivo da Herdei é fazer com que esse número suba, movimentando processos que ficam parados por falta de dinheiro.
“A gente mapeou com um cartório de Brasília, por exemplo, que é maior em termos de inventário no Brasil. Só esse cartório tem 550 inventários parados porque a pessoa não conseguiu pagar”, explica o executivo.
Paralelamente ao parcelamento, a Herdei também lançou recentemente uma solução de holding familiar inteligente. O serviço oferece, de forma personalizada, a criação e a gestão da holding, desde a estruturação jurídica e contábil até o acompanhamento contínuo.
Com o objetivo de ampliar sua base de clientes, a fintech tem apostado em parcerias estratégicas com empresas como seguradoras, escritórios de advocacia, concessionárias de cemitérios, escritórios de agentes autônomos de investimentos, entre outros prestadores de serviços.
“A gente precisa agora ganhar esse volume de originação. O primeiro ano foi um ano de experiência para a gente entender o mercado e solidificar a operação para absorver esse volume. Agora, queremos ampliar o canal de aquisição com advogados e outros parceiros estratégicos, e então efetivamente escalar a operação em termos de crédito”, diz o CEO da Herdei.