Com grandes investidores, vêm grandes responsabilidades. A famosa frase do tio do Homem-Aranha combina com o momento atual da Malga (antiga Plug), fintech de orquestração de gateway de pagamentos. Depois de fechar em fevereiro uma série A de R$ 32 milhões liderada pelo CV iDEXO, CVC da Totvs, a companhia está em um sprint de growth para 2025. A meta é ambiciosa: chegar a um crescimento de 5 vezes até o fim do ano.
“Estamos em um ritmo muito bom nos últimos anos. Em 2023, crescemos 5 vezes, ano passado foi 3 vezes, mesmo sem ter investido em expansão de time. Ganhamos muita eficiência e agora estamos capitalizados para acelerar novamente”, destaca o cofundador e COO Thiago Garuti, em conversa exclusiva com o Startups.
Segundo o executivo, para este ano o plano é voltar a reforçar o time, chegando a um headcount de 60 pessoas – a empresa fechou 2024 com 42 colaboradores. Nessa expansão, a companhia quer equilibrar seus investimentos, investindo tanto em produto e tecnologia, mas também fortalecendo a sua frente de vendas.
“O go-to-market é algo que a gente tem obervado mais nesse pós-captação. Já aumentamos nosso time de vendedores e marketing. Estamos encontrando esse match entre reforçar o produto com os recursos certos e encaixar a solução que temos em espaços onde ele venda mais”, explica.
Split agnóstico
E por falar em encontrar novos espaços para vender a solução, a companhia já “colocou na rua” a sua primeira grande aposta para impulsionar sua receita em 2025. Focada em clientes que precisam fazer repasses de valores após os pagamentos, a companhia adicionou ao seu marketplace o split agnóstico, algo que segundo o fundador, é inédito no mercado.
“Outros players até oferecem soluções de split payment, mas isso restringe o comerciante a ficar em um único fornecedor. Não existia um player de orquestração de pagamentos que conseguia fazer isso”, explica Thiago.
Conforme explica o COO, com a solução da Malga, a estrutura de subcontas do lojista é independente do provedor. Dessa forma, a lógica de divisão de valores é controlada diretamente pela empresa, “desacoplada” de seus provedores oficiais, permitindo até mesmo que splits sejam feitos em processadores que não possuem a funcionalidade de forma nativa.
Parece um tanto complicado, mas a proposta faz sentido dentro da tese geral da Malga, que se posiciona como um marketplace de gateways de pagamento, no qual os clientes podem customizar seus fluxos de pagamento, escolhendo os provedores que tem melhores taxas ou maiores taxas de aprovação.
Com essa proposta, a empresa já conta hoje com 70 clientes, incluindo marcas conhecidas como Petlove, Privalia e Ingresse, entre outras, anotando mais de R$ 4 bilhões em TPV no ano passado. Na rede de mais de 25 processadores de pagamentos, a Malga conta com os principais nomes do mercado, como PagSeguro, PicPay, Cielo, Mercado Pago, entre outros.
Agora com a novidade do split payment, a meta da Malga é “dar uma mordida” ainda maior no mercado de transações, atraindo clientes de volume alto e de intermediação de pagamentos, como marketplaces e ticketerias, por exemplo. “Numa conta de cabeça, acredito que operações com split payment devam representar uns 30% do comércio digital no país”, estima Thiago.
Sinergias com a Totvs
A nova rodada e o sprint de crescimento postergaram um pouco a meta de breakeven da Malga. A empresa tinha previsto equilibrar suas contas em março desse ano, mas resolveu pisar mais um pouco no acelerador. Entretanto, segundo o COO, a companhia não perdeu o breakeven de vista. “Queremos o breakeven até o fim do ano”, dispara.
Apesar da competição com outros players de orquestração de pagamentos, a Malga reconhece que a competição maior ainda é com os bancões e empresas mais tradicionais. Segundo Thiago, 85% das empresas que processam pagamentos ainda não tem uma solução de orquestração.
Para abrir portas e chegar a estes clientes em potencial, é importante ter parceiros com renome – e ter uma empresa como a Totvs ao lado ajuda nessa hora. Segundo Thiago, mesmo com o pouco tempo de parceria, as sinergias entre investida e investidora estão surpreendendo positivamente.
“Quando a gente está prospectando e precisa chegar em um cliente, a Totvs nos ajuda a abrir portas, assim como quando a Totvs precisa indicar provedores de pagamentos a seus clientes, ela faz a aproximação”, destaca Thiago.
Apesar de ser por enquanto um investimento do CVC, a aproximação da gigante brasileira de ERP com a Malga faz sentido dentro da visão de ecossistema que a companhia vem construindo nos últimos anos. Em 2023, a Totvs fez diversas investidas na parte de ecommerce e marketplaces, comprando startups como Lexos e firmando parcerias com gigantes como Shopify – e entrando em rota de colisão com empresas como VTEX.
“Por enquanto, nossa relação com a Totvs é de investida, de smart money. Não tem nada além disso”, frisa o cofundador da Malga, desconversando com o sorriso de quem sabe que está lidando com uma empresa que adora fazer M&As.