A Primefy tem registrado uma trajetória bastante positiva no mercado de serviços financeiros. Fundada pelos brasileiros Pablo Klein (ex-Booking.com e Shopify) e Marcos Rodrigues (ex-Cielo) mas com sede no Reino Unido, a startup atua com meios de pagamento, remessa internacional e inteligência de dados para personalizar ofertas mais aderentes aos clientes de empresas em países como Inglaterra, Brasil, México e Estados Unidos.
O negócio alcançou o break even em 2022, com apenas dois anos de atuação, e segue operando no bootstrapping – embora já tenha sido abordado por fundos de investimento. “É um setor com competidores altamente capitalizados”, reconhece Andrei Golfeto, expert in residence e head de startups da Primefy. No Brasil, a startup disputa espaço com fintechs como iugu, Vindi (adquirida pela Locaweb), Assas e Pagar.me (comprada pela Stone), além de players mais tradicionais como PagSeguro.
Para enfrentar o cenário altamente competitivo, a fintech aposta em seus diferenciais. “A Primefy foca em aspectos como o modelo de negócio sem mensalidade, maior conversão para aumentar as vendas, fácil implementação e setup, customização e integrações rápidas. Além disso, temos taxas acessíveis que evoluem conforme o valor transacionado, valores transparentes, anti-fraude gratuito, plataforma white label e recomendações inteligentes de ofertas e novos produtos com uso de inteligência artificial”, destaca o executivo.
A operação brasileira soma mais de 2 mil clientes, que vão desde startups até grandes empresas, incluindo Cubo Itaú, G4 Educação e Flow Podcast. O negócio alcançou faturamento acima de R$ 1 milhão no último ano, tendo como principais setores de atuação o varejo, educação, marketing, games e turismo.
Objetivos e prioridades
“Focamos muito na conversão e no sucesso do cliente. Recentemente, fizemos um acqui-hiring incorporando um projeto que nasceu em uma empresa de inteligência artificial. Agora, estamos desenvolvendo um modelo de IA para ajudar a sugerir os melhores produtos para cada perfil de usuário”, conta Andrei. A interface do produto já está em desenvolvimento, em fase de teste com alguns clientes enterprise e, segundo o executivo, uma das prioridades para 2024 é aperfeiçoar e ampliar o uso da solução no mercado.
Além disso, a Primefy está lançando o seu próprio programa de startups. A proposta será semelhante ao que já faz o Zendesk for Startups ou o AWS Activate, com iniciativas para ajudar as startups a terem acesso à plataforma e aos serviços Primefy. “Já atendemos algumas startups no Brasil e fizemos um mapeamento da base. Com o programa, a ideia é oferecer vantagens e benefícios para ajudá-las a crescer, apoiando essas empresas no começo para se tornarem grandes clientes depois”, explica.
A iniciativa será lançada primeiro na América Latina, com o objetivo de aumentar a presença da fintech na região, e depois será levada para o exterior. “Hoje, o Brasil é o nosso principal mercado na América Latina, embora a gente também tenha clientes no México. Ainda assim, a atuação da Primefy na região é discreta, e ampliar essa presença é sim um objetivo”, pontua.
No Brasil, uma das estratégias para se fortalecer no ecossistema é fazer parte de hubs em todo o país. Por enquanto, a Primefy já está em São Paulo no inovabra, ecossistema de inovação do Bradesco, e no Learning Village, da HSM em parceria com a Singularity University Brazil. A fintech também faz parte da Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE), em Florianópolis (SC), Órbi Conecta, em Belo Horizonte (MG), e Base 27, em Vitória (ES). “A ideia é usar esses espaços para promover eventos semestrais sobre fintechs e afins. Começamos com esses parceiros, mas no futuro queremos fazer parte de pelo menos um hub de inovação em cada região”, conta Andrei.
Também está no radar um projeto focado em comunidades, a partir da criação de grupos de CFOs e CTOs, duas grandes personas atendidas pela fintech. O intuito é que eles troquem informações, experiências e aprendizados, e que a própria Primefy tenha um relacionamento mais próximo desses clientes para ajudá-los de forma ainda mais assertiva.
Embora uma rodada não seja prioridade neste momento, a fintech está em conversa com fundos europeus, avaliando as oportunidades sem bater o martelo por enquanto. Sem abrir dados específicos, a companhia revela ter aumentado o seu valor total transacionado em oito vezes no último ano, com expectativa de crescer mais 10 vezes em 2024.