Fintech

Jeeves anuncia novo CEO no Brasil e acelera expansão no país

Ex-BxBue e PicPay, Gustavo Gorenstein reforça planos da companhia de tornar o Brasil seu principal mercado

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Jeeves (Foto: Divulgação)

A Jeeves, plataforma de gestão financeira para negócios globais, tem o Brasil como uma de suas prioridades para o próximo ano. Como parte dessa estratégia, a fintech norte-americana acaba de nomear Gustavo Gorenstein como CEO no país, cerca de oito meses depois do antigo country manager, Fernando Torres, deixar a companhia.

“Vejo a Jeeves como a minha terceira empresa”, afirma Gustavo, em entrevista ao Startups. O executivo não é nenhum novato no ecossistema de tecnologia e inovação. Fundador da Poup, um site de cashback, e da BxBlue, empresa de crédito consignado adquirida pelo PicPay em 2023, ele foi mentor na Startup Farm e participou da aceleração da Y Combinator, considerada um dos oráculos do mercado de startups no Vale do Silício, além de ter atuado como head de consignado no PicPay no último ano e meio.

“Conheço bem o mercado de fintechs no Brasil e também já estive no setor corporativo. A Jeeves tem uma equipe incrível e me deu a oportunidade de começar uma nova jornada. Há um forte alinhamento entre as necessidades do mercado e o que podemos fazer para atender a essas demandas”, destaca Gustavo.

Dileep Thazhmon, fundador e CEO da Jeeves, descreve a startup como uma companhia de mentalidade empreendedora. “Busquei um outro fundador para assumir como CEO no Brasil, porque queria alguém que já tivesse construído um negócio e soubesse como escalar uma empresa do zero. Isso não é fácil de encontrar, pois muitas vezes os candidatos para essa função são gestores vindos de grandes empresas”, observa. Segundo Dileep, muitos cargos-chave da Jeeves são ocupados por outros fundadores, justamente por eles terem alta capacidade de inovar e superar obstáculos.

Gustavo Gorenstein, CEO da Jeeves no Brasil
Gustavo Gorenstein, CEO da Jeeves no Brasil (Foto: Divulgação)

A Jeeves no Brasil

Fundada em 2020 nos Estados Unidos, a Jeeves desembarcou no Brasil em março de 2022, após um investimento de US$ 180 milhões em sua rodada série C, liderada pela Tencent com participação de GIC, Universidade de Stanford, Andreessen Horowitz, entre outros investidores. Desde então, o Brasil se tornou um mercado-chave para a estratégia de crescimento da fintech.

“Há dois anos, estávamos começando a sentir o pulso do mercado, tentando entender se as ofertas que tínhamos no México e na Colômbia seriam bem recebidas no Brasil. O primeiro ano foi para nos ambientarmos com o mercado brasileiro, e agora estamos prontos para expandir, investindo em uma equipe local e uma nova linha de crédito que torna tudo mais viável”, afirma Dileep.

Em maio de 2024, a Jeeves levantou uma linha de crédito de US$ 75 milhões focada exclusivamente no Brasil. A captação foi feita junto à Community Investment Management (CIM) com o objetivo de impulsionar o seu crescimento no país, financiando o limite liberado aos clientes da startup e apoiando a expansão de sua solução de pagamentos, batizada de Jeeves Pay

“Aprendemos que, no Brasil, é preciso desenvolver soluções muito específicas para o mercado local. Não dá para pegar o que funciona no México ou na Colômbia e simplesmente replicar em terras brasileiras, pois é um mercado gigantesco e repleto de nuances que não se aplicam em outros lugares”, destaca Dileep.

No Brasil, a Jeeves aposta em serviços localizados, incluindo pagamentos em massa e fortes ofertas de crédito, como seus principais diferenciais. O portfólio de produtos inclui o Jeeves Pay Credi para pagamentos via boleto e uma solução de rendimento CDI (ainda em teste final), além de pagamentos via Pix e parcelado. 

Parte da responsabilidade do novo CEO será fortalecer o relacionamento próximo com os clientes. “Minha prioridade é atender os clientes muito bem. Temos grandes empresas que utilizam a Jeeves no Brasil e tenho que manter um alto nível de satisfação, além de expandir a base com novas empresas”, pontua Gustavo. Em termos de produto, ele enxerga oportunidades de criar e testar soluções que, no futuro, poderão ser lançadas em outros países.

Nesse contexto, um dos desafios para os próximos meses é construir a equipe brasileira. Além de Gustavo, a Jeeves recentemente contratou talentos de empresas como EBANX, dLocal e Clara, e segue contratando em todas as funções para aumentar o número de clientes, aprimorar o produto e expandir o negócio como um todo.

Analisando a indústria brasileira, o fundador da Jeeves considera que a startup tem uma abordagem importante para se destacar e crescer entre as fintechs do país. “As empresas estão se expandindo rapidamente, operando em mais de um país e transferindo dinheiro entre diferentes regiões. No entanto, o sistema bancário ainda é muito específico para cada país e moeda. Como mover dinheiro entre países de forma eficiente e viabilizar o gerenciamento de despesas? É exatamente isso que estamos tentando resolver”, afirma Dileep.

Segundo o executivo, os sistemas de pagamentos internacionais oferecem às empresas uma experiência instantânea e sem fronteiras – vantagem essencial no mercado brasileiro. “Outra questão importante é que começamos com os cartões, mas estamos expandindo a nossa capacidade para que os clientes possam fazer depósitos e pagamentos, oferecendo uma solução completa e unificada exclusivamente para empresas”, acrescenta.

Dileep Thazhmon, fundador e CEO da Jeeves
Dileep Thazhmon, fundador e CEO da Jeeves (Foto: Divulgação)

Pé no acelerador

Em operação em mais de 20 países incluindo Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, México, Reino Unido e Estados Unidos, a Jeeves atende hoje mais de 5 mil clientes, desde startups apoiadas por capital de risco até PMEs ao redor do mundo. A startup oferece um sistema operacional financeiro construído para negócios globais, incluindo cartões corporativos, pagamentos entre fronteiras e software de gestão de gastos em uma plataforma unificada. 

A fintech cresceu  de forma acelerada nos últimos anos, com um intervalo de apenas três meses entre a série A e B e mais de US$ 380 milhões captados em apenas um ano. “Estamos bem capitalizados neste momento. Ano passado, focamos muito no lucro e na contribuição real para a empresa. Atualmente, todas as nossas linhas de produtos têm margens positivas, temos fortes unit economics e estamos crescendo de forma significativa”, afirma Dileep.

O executivo diz não ter planos de fazer uma nova rodada de investimentos no curto e médio prazo. “Nossas finanças estão muito saudáveis. Temos bastante runway e capital suficiente para manter a operação. Estamos em uma posição estável, com caixa forte e uma boa margem de segurança, resultado de várias decisões estratégicas que tomamos ao longo do tempo. Portanto, não estamos planejando outra captação de imediato. Eventualmente, vamos analisar o mercado, mas sem pressão”, acrescenta.

Agora, o plano da Jeeves é investir 40% a mais no Brasil para alavancar a operação, fortalecer os produtos e, com isso, atrair ainda mais clientes e aumentar a receita anual. “O Brasil é absolutamente central para nossos planos nos próximos 18 a 20 meses”, diz Dileep. Atualmente, o mercado brasileiro representa cerca de 25% do mexicano para a Jeeves, mas a expectativa é que, nos próximos 12 meses, se torne o principal mercado para a fintech. 

“Esperamos que o Brasil seja um dos principais, se não o maior, mercado individual para a Jeeves nos próximos 12 a 15 meses. A prioridade da companhia como um todo está alinhada às nossas metas no país, e temos que crescer no Brasil para que a Jeeves possa prosperar ainda mais”, avalia o executivo.

Como novo CEO das operações no Brasil, Gustavo diz estar animado para participar da evolução da companhia. “O que a Jeeves começou e segue fazendo é impressionante. Além de movimentar dinheiro rapidamente entre diferentes mercados, temos uma plataforma incrível de gestão de despesas, oferecendo crédito, cartões, integração com o Pix, e seguimos trabalhando para transformar a paisagem financeira empresarial”, conclui.