
A Mercado de Recebíveis acaba de concluir a captação de um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) próprio no valor de R$ 150 milhões, estruturado pela Oriz Partners. A novidade coroa um ano de crescimento acelerado para a fintech, que atingiu R$ 1 bilhão em Volume Total de Pagamentos (TPV, na sigla em inglês) – dez vezes o valor registrado em 2024.
Em entrevista ao Startups, Henrique Echenique, CEO da Mercado de Recebíveis, conta que a estruturação do FIDC próprio foi o que permitiu alavancar o volume de crédito. Antes, a fintech operava apenas por meio de parceiros, como bancos e fundos.
“Estamos começando com R$ 150 milhões, mas temos planos ambiciosos e vamos precisar de recursos para isso. O FIDC próprio tem um componente de atender a necessidade de liquidez dos clientes de maneira robusta, com a tranquilidade de ter um funding perene, estruturado”, explica.
Responsável pela estruturação do fundo, a Oriz Partners é uma casa que atua tanto como family office, quanto private banking, com R$ 11 bilhões sob gestão. Segundo Rafael Barbosa, sócio da Oriz Partners, a demanda por FIDCs tem sido crescente, o que é um sinal do amadurecimento do mercado de capitais brasileiro.
Em outubro, foram emitidos quase R$ 10 bilhões em FIDCs, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). O número representa uma alta de 47% em relação ao mesmo mês de 2024.
“FIDC antigamente era palavrão. Mas hoje há um amadurecimento do investidor com relação a esse tipo de produto”, diz.
O crescimento da Mercado de Recebíveis em 2025 é resultado de novidades como o lançamento do cartão de crédito, em abril, em uma parceria com a Visa. A nova modalidade permite que as empresas utilizem seus recebíveis como limite de crédito no cartão, efetuando o pagamento da fatura automaticamente, por meio de uma infraestrutura em blockchain.
A fintech também levantou duas rodadas de investimentos em um intervalo de dois meses. Em junho, captou com a URCA Angels e, em agosto, atraiu a Headline, em um deal que jogou o valor de mercado da empresa para R$ 300 milhões.
Fundada em 2023, a Mercado de Recebíveis atingiu o breakeven em maio – meta que estava prevista para o fim deste ano. Segundo Henrique, a expectativa é crescer mais dez vezes em 2026, em relação a 2025. Para isso, ele está de olho em uma nova onda do mercado de fintechs que está começando a se formar: a das duplicatas escriturais, cuja regulação deve entrar em vigor no começo do próximo ano.
Hoje, grande parte das duplicatas ainda circula de forma não padronizada, com registro disperso entre instituições, pouca interoperabilidade e risco maior de duplicidade, com o mesmo título negociado mais de uma vez, por exemplo. Com as duplicatas escriturais, o mercado de recebíveis tende a ganhar mais transparência, padronização e segurança, reduzindo fraudes e custos operacionais, e tornando esse segmento mais atrativo.