Fintech

Noh bate R$ 100M transacionados e prepara nova rodada

Fintech de conta conjunta para casais projeta crescer três vezes em 2024, aperfeiçoando produtos e atraindo novos clientes

Ana Zucato, CEO e cofundadora da Noh
Ana Zucato, CEO e cofundadora da Noh (Foto: Divulgação)

Os últimos meses foram de conquistas importantes para a Noh. A startup, até então focada em atender um público amplo com soluções de finanças compartilhadas, definiu o seu posicionamento como uma conta conjunta para casais. Desde então, lançou uma nova versão de seu aplicativo, totalmente projetado para facilitar a vida financeira a dois, e bateu a marca de R$ 100 milhões em transações em sua plataforma. Agora, ela projeta crescer três vezes até o fim do ano, transacionando R$ 300 milhões, e abrir uma nova captação ainda em 2024.

“Criamos a Noh em 2021 para simplificar a questão do dinheiro compartilhado no Brasil. No entanto, não tínhamos certeza de qual era o melhor jeito de fazer isso. Decidimos ir testando, experimentando as possibilidades para resolver este problema e, assim, impactar uma quantidade massiva de pessoas com uma solução que tivesse grande potencial de crescer e gerar margens positivas”, afirma Ana Zucato, CEO e cofundadora da Noh, em entrevista ao Startups.

No início, a companhia oferecia funcionalidades para todos os públicos (amigos, grupões, famílias, entre outros). Mas após uma série de testes e análises de mercado, a startup decidiu olhar para uma dor específica de um público específico. “Não foi um reposicionamento; foi um teste que deu certo. O teste com os casais se manteve consistente por mais de um ano, e estava dando muito certo. Mês após mês, com retenção, eles usavam a Noh mais do que qualquer outro público”, explica Ana.

A Noh oficializou o seu posicionamento como a primeira conta digital conjunta para casais em setembro de 2023. “Dê um Noh nas suas DRs financeiras: chega de brigar por dinheiro”, diz o manifesto da startup. “A Noh funciona como uma conta conjunta, só que para o casal moderno, e elimina toda a complexidade das finanças do casal com um aplicativo intuitivo, seguro e leve – como a vida a dois deve ser.”

Menos é mais

Segundo Ana, a proposta nunca foi brigar pelo espaço dos grandes bancos como Nubank e Itaú. “Nunca quis entrar na guerra pela principalidade. Enquanto eles estão se matando do lado de lá, nós estamos aqui para ser a conta do casal”, afirma.

Por isso, a empreendedora se surpreendeu ao descobrir que, para muitos clientes, a Noh era a conta escolhida para depositar boa parte (ou todo) seu dinheiro. “Nunca pensei que eles colocariam o salário inteiro na Noh. Achei que cada um teria a sua conta principal e, juntos, utilizariam a Noh como uma segunda conta, trazendo uma parcela do dinheiro. Mas 40% dos nossos casais trazem os dois salários inteiros, o que é incrível. Conseguimos ocupar um espaço muito relevante”, conta.

Recentemente, a fintech lançou o Noh Multiplica, primeira carteira de investimentos para casais do Brasil. A solução foi construída em parceria com a Warren em modelo white-label, e permite que os dois membros do casal apliquem e retirem dinheiro, além de analisarem a evolução dos investimentos. Outra novidade é o Pix Inteligente, que começou a ser testado nas últimas semanas. Desenvolvida junto com a Iniciador, a ferramenta permite que o casal abasteça a carteira digital com um depósito instantâneo sem sair do aplicativo. “Isso vai mudar a forma como o brasileiro move dinheiro. Se o Pix já transformou a vida das pessoas e se tornou o principal meio de pagamento do Brasil, imagine o potencial do Pix Inteligente, que é fácil, programável e interconectado”, avalia Ana.

A CEO deixa claro que a ideia da Noh não é se tornar um superapp ou um “one-stop-shop” – dois termos que entraram na moda nos últimos anos, não apenas no mundo das fintechs. “A forma como construímos a Noh vai no caminho oposto de um superapp. A Noh é um app para fazer uma coisa só: organizar a sua vida financeira em casal”, pontua.

Segundo Ana, os próprios clientes da Noh prezam pela simplicidade. “Escutamos o tempo todo ‘nossa, como é fácil usar o app’. Nossa interface é esteticamente menos poluída, o que facilita a vida do usuário, que não precisa se deparar com milhões de informações e possibilidades”, explica.

Atualmente, a prioridade da Noh é aperfeiçoar as funcionalidades já disponíveis e atrair novos clientes. “O desafio agora é mostrar para a maior quantidade possível de casais brasileiros que a Noh existe e vai melhorar as suas vidas”, pontua Ana.

Aporte no radar

Para acelerar os planos, a fintech está preparando uma nova rodada de investimentos, a ser captada ao longo do segundo semestre. A projeção, de acordo com Ana, é alcançar o break-even no ano que vem ou, no mais tardar, no início de 2026.

Questionada sobre as oportunidades e os desafios do mercado atual, a empreendedora considera que o pior já passou. “Está bem melhor agora, mas os últimos dois anos foram muito difíceis. Em termos de resultados, a Noh decolou, deu certo em meio ao caos. Mas em termos pessoais, mental e psicologicamente falando, foi punk. Foi necessário muita disciplina, rotina e muitos rituais de autocuidado”, conta.

Esta será a primeira rodada da Noh desde o seed, anunciado em 2022. O aporte, de R$ 17 milhões, foi liderado pela Kindred Ventures, com participação de Positive Ventures, Biz Stone (um dos fundadores do Twitter) e investidores-anjo como Patrick Sigrist (iFood), Pedro Conrade (Neon) e André Penha (QuintoAndar).