Fintech

O “plano de voo” da PaGol para atingir 5 milhões de clientes até 2025

Para se diferenciar, fintech aposta no acúmulo de milhas na Smiles, conforme a conta e o cartão de débito são usados

Foto: Canva
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A ideia de construir uma fintech é antiga entre os acionistas controladores da Gol e da Smiles, e esse plano se tornou realidade com o lançamento da PaGol, em novembro do ano passado. O negócio — que roda de forma independente das demais companhias da família Constantino — almeja ser a principal conta digital com foco em viajantes, ou ainda, a primeira “fintravel” (com nome registrado e tudo) do Brasil. A meta é ter 5 milhões de clientes até 2025.

“Fintech existe aos montes no mercado, mas não havia nenhuma específica para o viajante, com o olhar de fidelidade”, explica Ravel Lage, CEO da PaGol, em conversa recente com o Finsiders.

Economista de formação, o executivo já era de “casa” — atuou por cinco anos e meio na Smiles, o programa de fidelidade da companhia aérea, onde chegou a ser diretor de negócios.

Para se diferenciar e atrair clientes, a PaGol aposta no chamariz do acúmulo de milhas na Smiles, conforme a conta e o cartão de débito são usados. É o que a fintech chama de “milhasback”, em referência ao famoso “cashback” e também às estratégias de “investback” das plataformas de investimento. A manutenção de saldo em conta e a realização de transações com o cartão, por exemplo, já rendem milhas que são computadas diretamente na conta Smiles do cliente.

Nesta fase inicial, a PaGol oferece gratuitamente funcionalidades básicas como transferências e pagamento de boletos, e o depósito em conta (cash-in) pode ser feito via Pix. Ainda não dá para enviar recursos da conta na fintech para outra instituição por meio do sistema de pagamento instantâneo. “O Pix cash-out está em desenvolvimento”, conta Ricardo Faustino, Chief Product Officer (CPO) da PaGol.

A fintech também disponibiliza um cartão de débito virtual, bandeira Visa, e em breve lançará a versão física — o produto já começou a ser oferecido aos clientes do Turbo, um plano por assinatura (R$ 39,90/mês) que rende benefícios como o maior acúmulo de milhas.

Ravel Lage, CEO da PaGol (Foto: Divulgação)
Ravel Lage, CEO da PaGol (Foto: Divulgação)

O plano é adicionar ao portfólio produtos como cartão de crédito e financiamento para viagens no modelo crédito direto ao consumidor (CDC), mas essas iniciativas ainda não têm data, enfatiza Ravel.

Um olho no céu, outro no chão

Com expectativa de atingir uma carteira de crédito de R$ 1 bilhão em cinco anos, a PaGol quer crescer nesta frente de forma cautelosa, apesar de deixar bem clara a intenção de atuar no segmento ao optar pela licença de Sociedade de Crédito Direto (SCD) — a empresa recebeu aprovação do Banco Central em setembro de 2022.

“Quando se constrói o projeto de uma fintech, você escolhe entre IP [instituição de pagamento] ou SCD. Tomamos a decisão de ser SCD para poder dar crédito.”

O empréstimo com garantia do saque-aniversário do FGTS, que acaba de ser lançado, é uma espécie de “ensaio” da fintech no mercado de crédito. A empresa planeja avançar nessa vertical inicialmente por meio de parcerias para originar e tomar o risco.

“Somos pés no chão, queremos crescer organicamente, sem loucura. Até porque o princípio da Gol é segurança”, diz Ravel. “Mas na indústria de cartão, tem uma fatia [de usuários] que toma decisão de usar o produto pela quantidade de pontos acumulados. Esse grupo é um cliente que será alvo nosso lá na frente.”

Enquanto prepara a decolagem dos produtos de crédito e de outras funcionalidades, a PaGol já está construindo as bases para isso. Montou equipe de modelagem de crédito e cobrança, e criou um fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC), gerido pela Orram. Firmou, ainda, parcerias com players como BMP MoneyPlus (para bancarização e cessão de CCBs), Matera (core banking), idwall (onboarding) e Função (sistemas de crédito).

“É muito provável que no cartão de crédito entremos com uma parceria, dividindo risco e receita”, diz Ravel.

O principal desafio da PaGol agora é gerar caixa e, assim, construir um crescimento sustentável. Neste momento, o negócio está capitalizado com a injeção de recursos feita pelos acionistas, e a expectativa é não depender de novos aportes, afirma o CEO. “Se [o acionista] tiver que aportar, vai aportar. Mas a ideia é que tenhamos vida própria”, diz ele, ressaltando o tom de “cautela” quando o assunto é crédito.