A Quona Capital, gestora norte-americana de venture capital especializada em fintechs, realizou recentemente um novo investimento no Brasil. A informação foi dada por Jonathan Whittle, managing partner da Quona, durante evento realizado pela Kanastra.
Jonathan não revela o nome da fintech, porque os sócios “não querem fazer barulho agora”. A fintech atua em áreas como crédito, meios de pagamento, gestão de fluxo de caixa e cobranças para pequenas e médias empresas (PMEs). “É um um setor mal servido no Brasil. A fintech tem grande potencial de crescimento ao oferecer uma plataforma que democratiza o acesso a ferramentas normalmente disponíveis apenas a grandes corporações”.
Segundo o executivo, esse novo investimento reflete a estratégia da Quona de apoiar a inclusão financeira e mercados com grandes oportunidades de expansão. O foco em pequenas e médias empresas, diz, é uma das apostas mais promissoras no Brasil.
A fintech investida, que já está em operação, oferece uma plataforma integrada que visa resolver vários problemas como a organização do fluxo de caixa até o acesso a crédito e meios de pagamento.
Histórico
O Brasil, junto com a Índia, é um dos mercados mais importantes para a Quona, tanto em termos de número de empresas investidas quanto no montante de capital alocado. Atualmente, aproximadamente 25% dos US$ 800 milhões em ativos sob gestão da Quona estão em fintechs brasileiras.
“O Brasil não só tem sido um terreno fértil para o crescimento das fintechs, como também tem gerado retornos significativos para a Quona”, diz.
A Quona vem apostando no mercado brasileiro desde 2014, com seu primeiro investimento na Creditas. Desde então, investiu em fintechs como Neon, Franq, Kanastra, Monkey, Neofin e Kamino. Jonathan diz que o foco da Quona está em fintechs que atuam em soluções financeiras inovadoras e na interseção entre serviços financeiros e outras indústrias, como as de SaaS (sigla em inglês para software como serviço) e de embedded finance, que integram finanças a setores diversos.
A gestora investe principalmente em empresas em estágio inicial (early-stage) e acompanha seu crescimento ao longo de rodadas subsequentes. Sua atuação é focada em mercados emergentes, como América Latina, Índia, Sudeste Asiático e algumas regiões da África e Oriente Médio.
Ambiente favorável
Um dos fatores que tornam o Brasil um dos principais mercados da Quona é o ambiente regulatório favorável, afirma. Segundo ele, a regulação do setor financeiro no Brasil, sob a liderança do Banco Central, é uma das mais avançadas do mundo.
Ele compara o cenário brasileiro ao de outros países emergentes, como a Índia, e afirma que o Brasil oferece um nível de previsibilidade e segurança para os investidores que é incomum em outros mercados.
“O Banco Central fez um trabalho extraordinário de abrir o mercado e criar novos marcos regulatórios, tornando o país um exemplo global”, diz.
“A regulamentação no Brasil, além de fomentar a inovação, promove a inclusão de novos players no mercado financeiro e facilita a concorrência com grandes instituições”. Isso, segundo Jonathan, contribui diretamente para o sucesso das fintechs.
“O Brasil tem conseguido balancear inovação com segurança regulatória, permitindo que investidores como a Quona façam apostas de longo prazo em startups locais”.
Mercado robusto
O executivo acredita que outro diferencial do Brasil em comparação a outros mercados emergentes é a profundidade e sofisticação do mercado de capitais. A Quona considera que o ambiente de crédito e a flexibilidade dos veículos de financiamento, como os FIDCs e securitizadoras, tornam o país um terreno fértil para o crescimento das fintechs que atuam no setor de crédito.
Ele destaca que a capacidade de coordenar operações complexas de crédito é um dos pontos fortes do mercado brasileiro, o que facilita o desenvolvimento de soluções inovadoras nesse segmento.
Jonathan afirma, ainda, que a Quona continua otimista em relação ao futuro das fintechs no Brasil e que novos investimentos estão sendo avaliados constantemente. Além do investimento recente na fintech de serviços para PMEs, a gestora está em contato com outras startups do setor financeiro.
A inclusão financeira e o desenvolvimento de novas soluções tecnológicas para atender a demanda de consumidores e empresas continuam sendo os pilares da estratégia da Quona no País.
O mercado de venture capital no Brasil também foi elogiado por Jonathan, que destacou o dinamismo e a maturidade que esse ecossistema vem adquirindo. Apesar de ainda haver desafios, como a necessidade de maior integração com mercados globais, o Brasil tem se destacado como um dos principais polos de inovação em fintechs, ao lado de grandes mercados como Índia e China.