
Há mais de 20 anos no mercado, a SmartBrain, plataforma de controle e consolidação para carteiras de investimentos, está se preparando para dobrar – ou até triplicar – de tamanho em 2026. E, para isso, a empresa está de olho em aquisições.
A fintech nasceu dentro do family office de um dos sócios fundadores e passou por um processo de profissionalização entre 2012 e 2013. Desde então, ampliou a base de clientes, expandiu a tecnologia proprietária e se posicionou de forma mais relevante no mercado de wealth management.
Hoje, a SmartBrain atende cerca de 450 clientes, com dois produtos principais: o Enterprise, voltado para instituições de maior volume, como gestoras e family offices, e o Pro, direcionado a assessores e escritórios de agentes autônomos.
Em entrevista ao Startups, Bruno Salles, diretor de Produtos e Marketing da SmartBrain, conta que o ano de 2025 marca uma virada importante na estratégia da companhia, que vinha crescendo organicamente entre 10% e 15% acima da inflação, e agora tem apostado em parcerias estratégicas.
“O ano de 2025 veio para preparar a empresa para um crescimento exponencial. Nosso objetivo é acelerar tanto de forma orgânica, quanto inorgânica, com aquisições complementares à nossa oferta”, afirma o executivo, que assumiu o cargo este ano, com a missão de acelerar a ampliação do portfólio da casa.
Entre as novidades lançadas pela fintech está o SmartConnect, que estabelece ligações diretas com custodiantes para coletar automaticamente movimentações financeiras, além de soluções de Open Finance via parceiros e o desenvolvimento de um LLM proprietário que dará suporte a novos módulos de análise – incluindo uma parceria ainda não anunciada para gerar análises fundamentalistas de renda variável.
Outro lançamento recente é o AI Data Reader, ferramenta que usa inteligência artificial para automatizar a leitura de extratos em PDF. A solução elimina tarefas manuais, reduz riscos operacionais e acelera significativamente processos de conciliação – um gargalo comum em backoffices de gestoras e consultorias. Além disso, a tecnologia permite parametrização inteligente e complementa informações automaticamente. Em fase de testes com clientes estratégicos, a ferramenta deve representar economia relevante, principalmente para operações sem integração direta com custodiante.
O ano de 2025 também foi marcado mudanças no quadro societário da SmartBrain. Os fundadores Cássio Bariani e Henrique Garcia recompraram a participação majoritária que estava nas mãos do fundo Inovabra I, do Bradesco, desde 2022, após um aporte de R$ 10 milhões do CVC na fintech.
A recompra foi feita com recursos do próprio family office dos fundadores, restabelecendo o controle da SmartBrain aos sócios originais. Após a transação, o fundo do Bradesco continua como acionista, mas em uma posição minoritária.
Segundo Bruno Salles, a entrada do Inovabra no captable ajudou a trazer mais governança e modernizar a SmartBrain. No entanto, também gerou um efeito colateral: parte do mercado passou a questionar sua independência, fator crítico no segmento de wealth. A recompra de parte da participação da fintech vem então para reforçar sua posição como provedora neutra. Hoje, a empresa atende a instituições como B3, XP, Bradesco, Safra, Daicoval e EQI.
O principal foco da plataforma segue sendo a consolidação de carteiras: ela junta, em um único painel, todas as informações de investimentos que estão espalhadas entre diferentes custodiantes, facilitando a vida de investidores e gestores. A partir desse núcleo, a SmartBrain criou um ecossistema de ferramentas que se conectam entre si, desde APIs e módulos para ativos offshore até soluções específicas para real estate e para as rotinas de front office.
“Como o sistema financeiro não é padronizado, cada cliente tem necessidades muito diferentes”, explica Bruno. “Cada gestora enxerga rentabilidade de um jeito. Nossa proposta é conseguir personalizar essas visões e atender todas essas nuances.”