A Visa acaba de anunciar a aquisição da Pismo, techfin brasileira que desenvolve soluções e serviços bancários para bancos digitais e instituições financeiras. A gigante de serviços financeiros pagou US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5 bilhões) na startup. O valor representa uma valorização de 2,5 a 3 vezes o valuation da rodada anterior, feita pela fintech no ano passado, apurou o Startups.
O M&A vai posicionar a Visa para que ela ofereça soluções de processamento bancário e de emissão para cartões de débito, pré-pago, crédito e empresariais, a partir do uso de APIs nativas em nuvem. Além disso, a Pismo permitirá que a multinacional ofereça suporte e conectividade para trilhas de pagamentos emergentes, como Pix no Brasil, para instituições financeiras clientes.
“Por meio da aquisição, a Visa pode servir melhor nossos clientes instituições financeiras e fintechs com soluções bancárias e de emissão diferenciadas que eles podem oferecer aos seus clientes finais,” afirma Jack Forestell, Líder Global de Produtos e Estratégia da Visa, em nota.
A negociação acontecia há pelo menos 6 meses, segundo apurou o Pipeline, e foi anunciada nesta quarta-feira (28). Em comunicado, a Visa informou que a Pismo manterá seu atual time de gestão. A startup opera na América Latina, Sudeste Asiático e na Europa como uma processadora nativa de nuvem e plataforma de serviços bancários. Redpoint eventures, Softbank, Amazon, Accel e Headline (antiga eventures) estão entre os investidores da fintech. O Startups apurou que Redpoint e Headline tinham cerca de 30% do negócio
“O objetivo da Pismo é permitir que nossos clientes lancem pagamentos e produtos bancários em uma plataforma única nativa da nuvem, independemente dos trilhos, geografias ou moedas”, explica afirma Ricardo Josua, Fundador, CEO da fintech. Segundo o executivo, a união com a Visa fornece um “apoio incomparável” para expandir a presença global da Pismo e ajuda a moldar uma nova era de pagamentos e serviços bancários.
A Pismo foi fundada em 2016 por Daniela Binatti, Ricardo Josuá, Juliana Motta e Marcelo Parise. O grupo já tinha criado e vendido a Conductor, hoje Dock, que tem o mesmo modelo de atuação, para a gestora Riverwood Capital. Em 2018, a própria Visa fez um investimento na companhia.
A carteira de clientes da Pismo inclui empresas já estabelecidas, como o gigante bancário brasileiro Itaú e o BTG+, braço digital do banco de investimento BTG Pactual.
Há duas semanas a Pismo anunciou um acordo pelo qual o banco Citi vai usar a tecnologia de conta corrente da fintech em mais de 70 países. “Talvez seja a empresa brasileira de deeptech mais bem-sucedida do Brasil”, disse um investidor satisfeito com o desfecho do negócio.
Com bem lembrado pelo Sling Hub, plataforma de dados sobre startups no Brasil e na América Latina, o negócio empata, em valor nominal, com a compra da 99 pela Didi Chuxing em janeiro de 2018 como o maior valor já divulgado de M&A de uma startup brasileira. Na época, a 99 a operação foi incensada como o nascimento do 1º unicórnio brasileiro, e representou um ponto de virada para o mercado de venture capital no país e na América Latina, atraindo de vez os olhares do mercado para a região.
Até hoje se discute se, por ter alcançado o status no momento da venda, a 99 pode, de fato ser considerada um unicórnio. Por aqui, vamos seguir sem dar tanto destaque a isso para a Pismo. Afinal, os unicórnios andam meio démodé, né? A expectativa, na verdade, é se a compra pela Visa será o tão esperado ponto de virada para o mercado depois de quase 2 anos de apreensão.