A Yolo Bank, correspondente bancário que atua como fintech de crédito estudantil, está usando a Inteligência Artificial para atrair clientes em sua estreia no mercado. A proposta da nova fintech é usar a tecnologia contra calote, que historicamente é elevado no país. A fintech também recorreu a outra prática usada por algumas fintechs em início de carreira, como o Nubank e o N26: fila de espera. Segundo a startup, já há mais de 300 mil estudantes e instituições de ensino nela.
Os planos da fintech são de conquistar 100 universidades e 700 mil estudantes, em todas as regiões do país no primeiro ano. Hoje, a maior parte dos clientes é das regiões Centro Oeste, Norte e Nordeste, onde há menos oferta de serviços financeiros para esse público. Aqui no Sudeste, a Pravaler, do Itaú, lidera o nicho – e etambém usa IA desde 2021.
A fintech foi uma das escolhidas pela venture capital Antler para fazer parte do seu quarto grupo de startups residentes.
Estudantes e universidades
A Yolo visa atender às necessidades tanto dos estudantes, ao fazer a mensalidade caber no bolso, quanto das universidades, de reduzir a quantidade de inadimplentes.
“Usamos inteligência artificial vinculada ao Open Finance para entender o comportamento financeiro do nosso cliente em tempo real”, explica Mauro Macedo, CEO da Yolo Bank. Assim, geramos um indicador de previsibilidade de inadimplência”, explica “Ou seja, agimos antes de o aluno se tornar devedor e entregamos às universidades um sistema de gestão de inadimplência (SaaS), que indica o desconto ideal que o aluno precisa receber para ser capaz de cumprir com o pagamento naquele mês”, acrescenta. Segundo ele, o desconto pode chegar a 20%,
De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), 6 em cada 10 estudantes no Brasil não se formam no ensino superior – a maioria por questões financeiras. Por outro lado, as instituições de ensino superior lutam para encontrar soluções capazes de resolver a taxa histórica de inadimplência, agravada ainda mais durante a pandemia.
“Todos os meses, muitos estudantes precisam escolher entre quitar a mensalidade ou arcar com as despesas básicas. E o acesso ao crédito estudantil ainda é limitado”, diz o CEO.
Milhões sem crédito estudantil
Uma pesquisa contratada pela Yolo Bank ouviu 24 mil estudantes, em 42 cidades e 6 estados brasileiros. Para 83% dos estudantes, os pacotes de benefícios educacionais oferecidos pelos bancos são ineficientes e, para 78%, a falta de apoio ou benefícios para educação pode causar dificuldades na conclusão do curso universitário. E 65% deles costumam explorar novas opções bancárias como forma de facilitar o pagamento da mensalidade e 54% abriram conta nos últimos 12 meses especificamente a fim de solicitar crédito para pagar taxas educacionais.
E o programa federal de financiamento está em xeque. De acordo com dados do próprio Ministério da Educação, o número de novos contratos através do FIES caiu ao longo dos últimos anos, passando de 203 mil em 2016 para cerca de 48 mil em 2023. Por outro lado, a inadimplência avança. Nesse tempo, a taxa de inadimplência do programa passou de 36,8% para 57%.
“É um público de cerca de 9 milhões de pessoas desassistidas pelo mercado financeiro. O estudante pode passar dez anos usando uma conta sem que isso influencie o seu score financeiro”, diz.
O fundador sentiu na pele o problema ao ter crédito negado para cursar um MBA no Massachusetts Institute of Tecnology (MIT), desistindo de sua candidatura.
“Não descartamos a possibilidade de, em algum momento, oferecer produtos de crédito para nossos clientes. No entanto, neste primeiro ano, nosso foco será o investimento em inteligência para as universidades”, finaliza Mauro.