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Foco em projetos: como a Tivit faz a sua inovação aberta

A estratégia de inovação aberta está ligada ao Tivit Labs, hub de inovação focado no desenvolvimento de novas soluções

Tivit
Tivit. Crédito: divulgação

Com um mercado cada vez mais atento a novas formas de fomentar o ecossistema de startups, modelos alternativos como o CVC, especialmente os que envolvem grandes empresas de olho em negócios disruptivos, estão ganhando espaço. No caso da Tivit, renomada empresa nacional de serviços de TI, a estratégia não é nova, mas ela faz inovação aberta à sua maneira, focando nos projetos dos clientes para atrair e investir em startups.

A estratégia de inovação aberta da companhia está diretamente ligada ao Tivit Labs, hub de inovação fundado em 2020 para acelerar o desenvolvimento de novas soluções, de acordo com as demandas dos clientes. Para fomentar essa cultura colaborativa, o Labs, que conta com 50 colaboradores, tem um espaço de coworking em São Paulo, o que permite reunir clientes, startups e comunidades tecnológicas.

Nas palavras da própria companhia, a unidade atua como uma incubadora de ideias, soluções e produtos que integram, em um só ecossistema, as unidades de negócios da Tivit, seus clientes e toda a rede de parceiros de tecnologia – ou seja, startups com soluções inovadoras que tenham aderência à necessidade da companhia.

“O Tivit Labs proporcionou a criação de produtos que tiveram efeito financeiro nos resultados da companhia e geraram mudanças na cadeia de valor, resolvendo problemas de clientes por meio da tecnologia relacionada a aspectos como eficiência, produtividade, economia de recursos e aprimoramento da experiência do cliente final”, afirma George Bem, CTO e diretor de inovação da Tivit.

Ao falar de como a sua empresa investe em inovações vindas das startups, George aponta as diferenças. Em vez de ter um CVC e assinar cheques para startups com potencial para o core business, a companhia escolhe startups já prontas para “jogar próximo” da própria Tivit, plugando soluções no portfólio da empresa para já ir ao mercado e desenvolver projetos para clientes.

“Desde o primeiro momento que criamos nossa divisão de inovação aberta, não acreditamos em colocar dinheiro a perdido e depois observar pra ver se tem lucro. Trabalhamos desde o inicio com os fundadores mostrando como é diferente. Pegamos a curva de produto e estamos focados no resultado”, completa George, definindo sua estratégia como uma “inovação como serviço”.

George Bem
George Bem, CTO e Diretor de Inovação da Tivit (Crédito: divulgação)

Oferta de InaaS

Falando em inovação como serviço, a empresa levou o conceito ao pé da letra e criou este ano um produto específico para isso.

Vendido no formato de assinatura aos clientes da Tivit, o Labs Innovation oferece acesso a diferentes benefícios em forma de conexão com startups, sessões de Design Thinking, uso do framework de inovação no seu negócio, conteúdos exclusivos, atividades e serviços, como palestras, webinars e treinamentos, curadoria e encontros de networking.

Para o mercado, o executivo afirma que o Labs Innovation é uma oportunidade de incentivar a inovação por meio de conhecimentos e práticas, com a vantagem dessa abordagem ser oferecida por um fornecedor já conhecido e confiável. Ainda por cima, a oferta fortalece o posicionamento da multinacional como uma one stop shop de soluções de TI.

“Somos um programa de inovação que conecta e impulsiona empresas. Nós provocamos e apoiamos para que a inovação aconteça de forma prática e que gere resultados. Afinal, inovação eficiente é aquela que cria soluções para problemas desafiadores. Acreditamos que a inovação vem por meio de experiências, conteúdo e infraestrutura”, completa George Bem.

Projetos e resultados

Para selecionar as startups com melhor “encaixe” para sua estratégia, o Tivit Labs tem seus mecanismos. O principal dele é o Pitch Day, pelo qual o time do hub já analisou mais de mil startups e teve conversas com aproximadamente 300. “Nossa busca por startups está sempre ligada ao plano da Tivit em ser um one-stop-shop de TI. Daí olhamos para mercados que tem carência e desenvolvemos produtos dentro do Labs”, pontua.

Segundo o executivo, atualmente produtos de SaaS e healthtechs tem recebido maior destaque nos projetos do Labs. Segundo ele, um exemplo de sucesso foi o da IVI Plataforma, plataforma de saúde para o município paulista de Indaiatuba que recebeu um investimento de R$ 1 milhão. “Por meio da inteligência artificial, agilizamos o atendimento oferecido por nossos clientes, reduzindo o tempo de espera, o que gerou retorno financeiro a eles. A IVI Plataforma registrou mais de 500 mil interações por dia”, avalia George.

Quanto aos resultados, o executivo afirma que muitas startups contaram com o apoio da Tivit para abrir portas e estabelecer contratos com grandes clientes, aumentando o ticket de contratos em mais de cinco vezes.

“Tivemos startups que trabalharam conosco para atender a demanda de um cliente, mas com nosso apoio viram que sua solução apelava para o mercado todo. Tem casos que são bastante específicos, mas também analisamos se é um problema que pode ser resolvido em outras empresas do mesmo segmento”, explica o CTO.

No caso de startups com maior potencial de crescimento, a Tivit não descarta a possibilidade de aquisições – tanto que para isso ela tem um braço dedicado, a Tivit Ventures. Dinheiro no caixa a companhia tem – ela separou cerca de R$ 400 milhões para investir em negócios complementares até 2025.

“É uma possibilidade para as startups, mas muitas chegam interessadas mais em usar a nossa base para fazer negócios e escalar, do que exatamente receber dinheiro e planejar um exit. Hoje o desafio dos fundadores é crescer baseados em receita, e nós focamos nisso”, finaliza George.