
Depois de estrear no mercado brasileiro com operações piloto nas cidades de Santos e São Vicente, no litoral paulista, a Keeta está pronta para encarrar o iFood em novos mercados. A companhia anunciou nesta quarta-feira (26) sua chegada à Grande São Paulo, prevista para o dia 1º de dezembro, com presença na capital paulista e em mais 8 cidades do Estado.
A marca internacional da chinesa Meituan vai expandir sua operação para Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Guarulhos, Osasco, Itaquaquecetuba e Barueri. Apesar de chegar em quatro cidades do ABC Paulista, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra — que também fazem parte da região — ficaram de fora neste primeiro momento.
A operação da Keeta em São Paulo chega também com uma boa base parceiros já cadastrados. Segundo a empresa, mais de 27 mil restaurantes aderiram à plataforma, além de 98,2 mil entregadores inscritos para atuar na Grande SP.
Entre os estabelecimentos cadastrados estão nomes conhecidos do público, como Seven Kings, KFC, Lellis Trattoria, Don Corleone Pizza, Inazuma Sushi, Purpleberry Açaí e O Rei da Feijoada, além de estabelecimentos locais como Senhor Pudim, All in Burger, Colonial Pizzaria e Churrascaria, Tradicionalíssimo, Ayla Sushi e Cachorrão do Claudião.
Para ganhar “5 estrelas”, Keeta mira quem carrega o pedido
Num mercado já bastante concorrido por nomes como iFood, Rappi e 99Food, a marca de delivery chinesa chega apostando em um diferencial pouco explorado pelas rivais: a experiência do entregador. A Keeta trouxe para a operação brasileira um capacete inteligente com sensores internos capazes de detectar acidentes, sistema de som, Bluetooth, acelerômetro que monitora velocidade e movimentos bruscos, além de tecnologia de detecção de quedas.
O objetivo é permitir que o entregador receba orientações sem tocar no celular, reduzindo riscos durante o trajeto do restaurante até a casa do cliente. A distribuição dos capacetes é gratuita e deve começar para ciclistas, alcançando também os motociclistas até o fim do ano.

Durante a coletiva de imprensa, Tony Qiu, presidente de operações internacionais da Keeta, reforçou que a empresa não pretende “prender” restaurantes a contratos de exclusividade, em uma “cutucada” às plataformas rivais.
“Nós não oferecemos exclusividade neste mercado, porque nós não achamos que isso é uma coisa saudável para fazer. Porque quando se pensa em exclusividade, ela toma a liberdade de escolha dos consumidores e do restaurante trabalhando com todas as plataformas. Nós não achamos que este é o jeito certo de investir dinheiro. Nós gostaríamos de investir dinheiro em nosso produto e em nossa operação para que possamos gerar a melhor experiência para nossos consumidores”, disse Tony à imprensa.
Além disso, a companhia disse querer criar condições para que os entregadores possam tirar toda a sua renda apenas com a Keeta, sem precisar recorrer a outros aplicativos para completar os ganhos do mês. O pacote de benefícios da chinesa a esses trabalhadores inclui R$ 100 milhões em ações de apoio, com saques diários sem taxas, treinamentos presenciais e a abertura do primeiro Centro de Suporte ao Entregador, previsto também para dezembro na região de Santo Amaro, na cidade de São Paulo. No espaço, os motoboys terão acesso a área de descanso, água, banheiros e cozinha.
“O nosso objetivo é proporcionar um pagamento atrativo para os entregadores e lhes dar um ambiente de segurança para trabalhar. Estamos comprometidos em proporcionar uma condição de melhor trabalho para eles”, finalizou o presidente de operações internacionais da Keeta.
Outro ponto é que a plataforma terá mais de 90% das rotas totalmente rastreáveis, todas realizadas por entregadores parceiros cadastrados. A medida atende a uma demanda antiga da categoria, que há anos cobra mais transparência e previsibilidade no processo de entrega.
O desafio agora é conquistar uma categoria que já chega “traumatizada”. A relação entre apps de delivery e entregadores é marcada por anos de conflitos, paralisações e reivindicações por ganhos mais justos, como visto nas grandes mobilizações de abril e nas discussões que voltaram ao Congresso em torno da regulamentação do trabalho via plataformas.
Se o movimento inicial da Keeta repetir o que aconteceu em Santos, a expansão deve ser acompanhada por um crescimento rápido no engajamento de entregadores e restaurantes.
Para se ter uma ideia, nas últimas três semanas na cidade do litoral, a plataforma viu os ganhos médios dos entregadores chegarem a R$ 30 por hora e o tempo médio de entrega ficar em 30 minutos. No mesmo período, houve um salto de 135% no número de entregadores cadastrados, alcançando 4.700, e um avanço de 60% no total de restaurantes parceiros, que chegou a 1.600.