A Food To Save, foodtech que desenvolveu uma plataforma que conecta consumidores a restaurantes e estabelecimentos que querem evitar o desperdício de alimentos, através do conceito de sacolas surpresa, está expandindo o seu foco de atuação. Nos últimos meses, a empresa ampliou sua oferta para indústrias e distribuidoras de alimentos.
A startup iniciou o novo modelo no fim de outubro e hoje tem parcerias com empresas como Nestlé, Shopper e Americanas. A logística das entregas é feita por meio do app da Food to Save, que repassa os produtos excedentes com descontos de até 70%. Na fase teste, o serviço conectado às indústrias e distribuidoras está disponível para usuários de São Paulo, num raio de 10km da região da Barra Funda, na Zona Oeste.
Junto aos parceiros, a Food to Save prevê o resgate de mais de 100 toneladas de alimentos ao mês, propondo às indústrias e redes varejistas um modelo diferente e mais vantajoso de venda de seus excedentes de produção. “A alternativa que muitos destes players tinham até então era liquidar os produtos próximos do vencimento, ou vender para um atacarejo por margens muito baixas”, explica Lucas Infante, CEO e cofundador.
No formato das sacolas surpresa, players como a Nestlé encontraram uma forma diferente de destinar seus produtos “parados”, especialmente linhas premium ou de datas comemorativas. Conforme explica o CEO, um dos apelos da Food To Save está nas redes sociais, já que muitos usuários fazem unboxings de suas sacolas surpresas. “Não é apenas vender, mas também dar exposição a produtos que não têm tanta saída, ou itens que ”encalham’ fora de datas específicas, como panetones”, afirma Lucas.
A primeira experiência da nova oferta, chamada pela startup de food market, foi com a Nestlé, vendendo a linha de cafés especiais da Starbucks. “Foram 4 mil kits em 25 dias”, revela Lucas, que também canta outra vantagem deste modelo: diferentemente da venda das sacolas de restaurantes, que geralmente são para consumo no mesmo ou em poucos dias, o tempo de prateleira (shelf life) das sacolas surpresas com estes novos clientes é mais extensa, podendo passar de um mês.
Junto aos parceiros, a Food to Save prevê o resgate de mais de 100 toneladas de alimentos ao mês, e em 2023 a expectativa é que as sacolas de food market aumentem sua participação dentro do faturamento total. “Pretendemos crescer a operação 10% apenas no primeiro trimestre do ano”, pontua o CEO.
Investimento físico
O novo modelo de receita da Food To Save, entretanto, trouxe novos desafios para a empresa. No seu formato original, a foodtech era responsável apenas por fazer a ponte entre restaurantes e consumidores. Com a nova oferta, a empresa investiu em espaços próprios para receber, fazer a triagem dos produtos e montar suas sacolas surpresas.
Entretanto, conforme explica Lucas, o investimento não é alto. “Está mais para uma dark store do que para um centro de distribuição”, explica. Atualmente, a empresa ainda negocia lotes selecionados junto aos fornecedores, e montou sua estrutura para girar rapidamente os produtos – aproximadamente 5 dias, conforme pontua Lucas.
Apesar da operação de food market está ativa apenas em uma parte de São Paulo, Lucas afirma que não vai demorar muito para o modelo chegar a outras das 12 cidades em que a Food To Save atua. Enquanto isso, a companhia já está em conversas com outras grandes marcas para elas também fazer parte de suas sacolas.
“Contamos muito com o apoio das grandes marcas, não apenas no food market, mas também na nossa operação de restaurante. Aliás, foi o apoio de grandes nomes do ramo alimentício, como Rei do Mate, por exemplo, que ganhmos mais exposição no mercado”, avalia Lucas.
Em pouco menos de 2 anos de atuação, a Food to Save já gerou mais de R$ 7 milhões em receita incremental aos estabelecimentos parceiros. Em maio do ano passado, a foodtech levantou uma rodada pré-seed de R$ 1,3 milhão via crowdfunding na CapTable, com o foco em expandir sua capacidade de atuação.
Segundo Lucas, em 2022 a empresa superou a sua meta inicial, passando das 800 toneladas de alimentos ressignificados – o plano era atingir a marca de 500. Além disso, a empresa ficou no top 10 brasileiro de apps de pedidos de alimentos.
“Foi um ano maravilhoso, e com isso ganhamos ânimo para fazer diferença não só para nossos parceiros de food service, mas para a cadeia alimentícia como um todo”, finaliza o CEO.