Depois de levantar R$ 24 milhões no início do ano, a foodtech Diferente dá os próximos passos em sua estratégia de expansão nacional. A startup, que até então atuava apenas na capital paulista, anunciou em primeira mão ao Startups o início das operações no Grande ABC, estendendo os serviços para São Caetano do Sul e Diadema e, no próximo mês, São Bernardo do Campo e Santo André.
Lançada no início do ano como uma foodtech de assinatura de alimentos orgânicos, a companhia trabalha diretamente com agricultores para resgatar frutas, verduras, legumes e temperos que estão em boa qualidade, mas seriam desperdiçados e jogados fora pelos mercados. A empresa entrega as cestas na casa dos clientes com até 40% de desconto em relação aos mercados tradicionais e online.
“Cerca de 70% dos alimentos desperdiçados no mundo são perfeitos para consumo, mas descartados pela aparência”, diz Eduardo Petrelli, cofundador e presidente da Diferente. A startup chama esses itens de alimentos fora do padrão. Produtos grandes ou pequenos demais, um pouco batidos na casca ou simplesmente considerados muito feios para as prateleiras dos mercados.
Conectando produtores orgânicos certificados ao cliente final, a empresa monta cestas variadas com um mix de alimentos fora do padrão e outros mais bonitos esteticamente. Cada cesta pode ter de 20% a 50% dos itens “fora do padrão”, mas sempre tudo orgânico. A marca trabalha com três opções de cestas: P (R$ 53), M (R$ 84) e G (R$ 112), todas já com o frete incluso. A Diferente garante que os itens estão aptos para consumo, nutricionalmente perfeitos e saborosos. As cestas variam de acordo com a estação e a colheita da semana.
Planejando a expansão
Com a chegada no ABC, a startup espera reforçar o posicionamento da marca e da solução como uma ferramenta para trazer comodidade e fácil acesso a alimentos orgânicos, além de ajudar a combater o desperdício. Segundo Eduardo, o movimento para o interior ocorre depois de perceber um alto volume de demanda e interesse por pessoas da região.
Embora passe a atender um novo grupo de clientes, a startup utilizará o mesmo centro de distribuição, inaugurado em junho no bairro Vila Leopoldina, em São Paulo, ao lado da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo). A inauguração aconteceu graças ao aporte seed de R$ 24 milhões que a foodtech recebeu da Maya Capital em abril.
O local é utilizado para a montagem e despacho das cestas, garantindo que as entregas aconteçam de maneira rápida e eficiente para as regiões atendidas. “A logística [no ABC] acaba sendo menos complexa, porque conseguiremos entregar no mesmo raio do nosso centro de distribuição”, afirma Eduardo. As entregas são feitas em dias específicos e pré-combinados com o cliente para facilitar a operação.
Segundo o cofundador, a startup está testando expansões para um raio de até 500 km da unidade. A partir de outubro, a Diferente deve iniciar a expansão para outras capitais e cidades que não necessariamente estão no entorno de São Paulo, mas os detalhes ainda são mantidos em segredo. “Em 2022 ainda é uma expansão tímida, mas no próximo ano a ideia é estar em vários Estados do Brasil”, pontua.
Para ser realmente diferente
Quem traz um modelo parecido com a Diferente é a norte-americana Misfits Market, que duplicou de valor de mercado em 5 meses e hoje vale US$ 2 bilhões. No Brasil, a proposta é semelhante à da Food To Save, foodtech sustentável que luta contra o desperdício de alimentos enviando sacolas de itens surpresa com produtos excedentes de restaurantes, padarias, hortifrutis e confeitarias.
Para fazer jus ao nome e ser uma startup realmente diferente dos outros players, Eduardo destaca que sua empresa desenvolveu toda a tecnologia dentro de casa, com uma plataforma web 100% proprietária para os clientes gerenciarem sua assinatura. “Toda a nossa lógica, construção e experiência é baseada em tecnologia”, diz o empreendedor. A startup está aprimorando o site para que o cliente saiba exatamente o que vem na cesta e em algumas semanas lançará um blog com receitas que podem ser feitas com os itens enviados.
Segundo o executivo, a foodtech leva em consideração as preferências e restrições dos clientes, que pode solicitar entregas a semanais ou quinzenais. “Acreditamos que a lógica de compra no supermercado pode ser inversa. Hoje o cliente só se lembra de comprar quando ela acaba. Nossa missão é sugerir o que há de mais fresco, acessível e de maior qualidade”, pontua.
Com uma equipe de 60 colaboradores, a Diferente planeja tornar a experiência cada vez mais customizável para o consumidor final. A startup apresenta um crescimento médio de 58% na base de clientes mês contra mês, e um aumento de 80% mensalmente em volume de pedidos. Segundo Eduardo, a projeção para 2022 é dobrar em faturamento.