Rodada de investimento

Fundada por brasileiro, CrewAI capta R$ 100M e atrai CEO da OpenAI

Com um ano de mercado, empresa de multiagentes autônomos de IA atraiu investidores de peso e já atende 150 empresas da Fortune 500

João Moura, fundador e CEO da CrewAI. Foto: divulgação
João Moura, fundador e CEO da CrewAI. Foto: divulgação

A CrewAI é obra do brasileiro João Moura, mas ao fazer a ponte entre São Paulo e o Vale do Silício, levou menos de um ano para se desenvolver e atrair investidores internacionais para sua tecnologia de agentes autônomos. Aliás, a companhia anunciou de uma só vez duas captações, no total de US$ 18 milhões (cerca de R$ 100 milhões).

A primeira já tinha sido fechada há alguns meses, uma rodada inicial liderada pela boldstart ventures. Agora em outubro já veio a Série A, no valor de US$ 12,5 milhões e liderada pelo fundo global Insight Partners.

Também entraram nas rodadas os fundos Blitzscaling Ventures, Craft Ventures, Earl Grey Capital e anjos proeminentes em investimentos em IA, como Andrew Ng e Dharmesh Shah, cofundador e CTO da HubSpot. Outra gestora que também está no captable da startup é a Alt Capital, fundo criado pela família de Sam Altman, CEO da OpenAI, e que tem como gestor Jack Altman, irmão de Sam.

João é um veterano do mercado de tecnologia e de IA – tem 20 anos de experiência e foi diretor de IA da Clearbit, empresa norte-americana onde atuou remotamente por cinco anos. No fim de 2023 ele tirou a CrewAI do papel, desenvolvendo uma plataforma de multi-agentes para adaptar e automatizar fluxos de trabalho com modelos de IA nas empresas.

“Os agentes são a chave para liberar o potencial da IA e vão redefinir completamente a maneira como as empresas fornecem serviços e produtos. Tanto automações convencionais como RPA e as LLMs, por si só, não trazem pra mesa tudo que essas empresas precisam. Organizações experientes em todo o mundo já estão implantando aplicativos multiagentes para ajudar a administrar processos complexos de ponta a ponta com rapidez”, destaca João Moura, em nota.

Segundo destaca a própria startup, a versão de código aberto da CrewAI executa mais de 10 milhões de agentes por mês e já é usada por 150 empresas da Fortune 500. Ainda em seu modelo beta, a empresa conquistou seus primeiros 150 clientes corporativos em menos de seis meses.

Com base no sucesso de sua estrutura de código aberto e em resposta à demanda dos usuários, a empresa agora quer dar seus próximos passos para rentabilizar. O mais recente é CrewAI Enterprise, uma versão otimizada para grandes organizações, com recursos para criar, monitorar e iterar rapidamente agentes de IA complexos com resultados de alta qualidade.

“Estamos vendo 100 mil grupos de vários agentes sendo executados por dia em centenas de casos de uso diferentes. Facilitamos a criação de grupos de agentes de IA para que possam usar qualquer LLM, integrem-se a mais de mil aplicativos diferentes e façam isso de uma forma que proteja a privacidade dos dados”, diz João, em comunicado.

Outro anúncio recém-feito pela startup foi a de uma parceria com a IBM, com a CrewAI integrando sua tecnologia de orquestração de multiagentes com a watson.ai, tecnologia de inteligência artificial desenvolvida pela big tech.

De acordo com a própria CrewAI, mais de 65% das empresas estão usando IA generativa, mas quase todas elas ainda expressam preocupações significativas sobre a precisão dos resultados, segurança dos dados e impactos de alto resultado.

“Esses desafios estão impedindo o potencial total dos modelos de linguagem (LLMs) para empresas. Isso é especialmente importante para a automação de tarefas complexas em áreas como vendas, marketing, programação, operações internas e finanças”, pontua a empresa em comunicado.

Para a CrewAI, é aí que uma das mais quentes tendências no segmento de IA entra: os agentes autônomos. Especialistas de mercado estimam que que o mercado de agentes de IA cresça de forma explosiva, passando de US$ 5 bilhões no próximo ano para quase US$ 50 bilhões até 2030.

De acordo com uma pesquisa recente da Capgemini, 10% das grandes organizações empresariais já usam agentes de IA, mais da metade planeja usá-los no próximo ano e 82% os integrarão nos próximos três anos.