Negócios

Fundador da Flores Online cria aceleradora para ajudar outros fundadores

Aceleradora Strive, de Eduardo Casarini, não terá o programa tradicional de 3 meses. Ciclo será de 24 meses com 5 encontros mensais

Edurdo Casarini, Patricia Toledo e Tiago Galli, da Strive
Foto: Divulgação

Eduardo Casarini cofundou sua 1ª startup, o site Flores Online, em 1998, quando o nome startup era praticamente desconhecido por estas bandas. O hype era outro: as empresas de internet, ou .com. Conhecedor dos altos e baixos da vida empreendedora, ele tem se dedicado nos últimos anos a ajudar outras pessoas a seguirem essa jornada e agora lançou uma nova empreitada: a aceleradora Strive.  

O nome que significa esforço, em inglês, é bem adequado para representar o que é estar à frente de uma startup. E a proposta da aceleradora é, justamente, ajudar a deixar esse fardo menos pesado. “Quem ajuda o fundador sem experiência? A gente errou para esses fundadores não precisarem errar. Para eles chegarem lá mais rápido, sem gastar grana nas coisas erradas. É empreendedora ajudando empreendedor”, conta ele fazendo referência a seus sócios Patricia Toledo e Tiago Galli, que têm longa experiência no mundo corporativo e também empreendendo e investindo em startups.

O foco está exatamente em quem está no começo da trajetória, empreendedores jovens, de 22 a 30 anos, ainda estudando, ou que acabaram de montar um negócio – os Pelés que ninguém enxergou ainda, como diz Eduardo. Um exemplo desse perfil é Pedro Conrad, fundador do Neon, em quem Eduardo investiu por volta de 2016, quando a empresa ainda se chamava Controly. Os dois se conheceram quando Pedro estava na faculdade e convidou Eduardo para dar uma palestra. Ele não foi. Mas os dois mantiveram o contato.

Mais que uma aceleradora

Eduardo, que é colunista do Startups, diz que apesar do nome aceleradora, a Strive não terá o formato tradicional de ciclos de trabalho intenso por 3 meses. “Se fosse pra fazer algo igual a gente não faria”, brinca. A proposta é ter uma relação mais próxima e mais longa. Serão 5 encontros mensais com fundadores e também a equipe da startup por 24 meses. Nesse período, serão tratados temas de negócios, mas também pessoais.

Desde que saiu da Flores Online em 2016 após a venda para a americana 1-800 Flowers, Eduardo tem feito um trabalho mais íntimo, semelhante à uma terapia, com fundadores. Foram cerca de 70 nomes ao longo de 6 anos. “Isso me permite conhecer os fundadores como raramente alguém conhece. Eles abrem completamente. Ficam vulneráveis porque confiam em mim”, conta.

Com esse trabalho tão dedicado, a Strive não tem planos de se tornar um negócio de escala como uma Y Combinator, ou uma 500 Global. O plano é ser algo mais parecido com a AngelPad. “Não é spray and pray”, diz Eduardo.

Para a sua 1ª turma, a aceleradora Strive pretende selecionar 3 startups. Até o início de 2024 o plano é somar 15 aceleradas. O processo de seleção está aberto e vai até o dia 31 de março. No radar estão negócios nas áreas de e-commerce, software como serviço (SaaS), serviços financeiros (fintech), recursos humanos (HRtech), educação (edtech) e saúde (healthtech).

Aceleração e aporte

Para alinhar expectativas e objetivos, a Strive vai funcionar em um modelo de comissão por sucesso. Isso significa que a startup não terá custo inicial para participar do programa de aceleração e só vai pagar alguma coisa para Eduardo, Patrícia e Tiago caso aconteça uma rodada de investimento ou uma venda do negócio.

O percentual exato da Strive no modelo de “pitaco for equity” (desculpa, mas eu tinha que fazer essa piada, Eduardo) ainda não está definido, mas ficará abaixo de 10%.

Mas e o “money, que é good nóis num have”? Sim, we have. Em paralelo à aceleração, a Strive vai chamar investidores para fazerem aportes nas companhias no modelo de club deal. A ideia é captar cheques de até R$ 2 milhões para os negócios chamando outros grupos e investidores-anjo. Seguindo o modelo de comissão por sucesso, a Strive fica com um pedaço da rodada caso ela seja bem-sucedida.

Timing

Ajudar quem decide seguir a rota de criar seu próprio negócio virou um negócio nos últimos anos. A Latitud, do Brian Requarth, a Bhub, do Jorge Vargas Neto, e até mesmo o Startups nasceram com este propósito.

Criar uma empresa é puxado e o fundador/fundadora perde muito tempo lidando com desafios que para ele/ela são novidade, mas que alguém, certamente já enfrentou. Reduzir essa curva de aprendizado ajuda a acelerar o desenvolvimento individual dos negócios, mas também estimula o mercado como um todo.

Mas em um momento de menos capital disponível, ajustes de valuations, demissões e, para alguns, de desilusão com o sonho dourado do mundo startupeiro, faz sentido montar um negócio que ajuda quem quer montar um negócio?

Para Casarini a reposta é sim. “Eu empreendi em 1998, quando nada disso existia. Se ue fosse me preocupar com timing. Vou pensar nisso agora? Empreendedor fo** vai continuar existindo toda hora. Com os preços ajustados vai ter negócio bom para quem quiser investir. O que vai aocntecer é que muita gente que ia empreender pela modinha vai sair da história”, completa.